Base de Alcântara: onde o Brasil perde
Mas só isso não
Mas só isso não de faz de ninguém um brasileiro e patriota.
A bandeira de uma potência estrangeira tremulando dentro de uma base militar, em território brasileiro, não me parece uma imagem compatível com a primeira frase deste texto.
Mas tal imagem será realidade se a base espacial de Alcantara, no Maranhão, for “alugada” aos Estados Unidos. As aspas aqui indicam sim ironia, para quem não entende essa forma de linguagem.
Vamos aos fatos que todos os brasileiros precisam conhecer. Sem nenhum tecnicismo, tudo de forma clara como a luz do sol.
-- A Base de Alcântara é considerada por especialistas como a melhor do mundo para atividades espaciais. Motivos: está na linha do Equador, portanto no centro do globo terrestre; tem clima estável o ano todo, com estação de chuvas bem definida; sua localização não coloca em risco centros urbanos; como ponto estratégico, permite o controle sobre vasta região continental e principalmente marítima, do Pré-Sal.
-- O que deveria fazer o Brasil? Investir e desenvolver seu programa espacial e de defesa interna. Que será uma fonte de receitas muito superior a de um simples aluguel da base, sem perda da sua soberania.
-- Estamos falando de um mercado que hoje movimenta mundialmente 350 bilhões de dólares por ano.
-- Há pelo menos 20 países do mundo interessados em lançamentos de satélites em Alcântara. Para fins pacíficos, como meteorologia e comunicações.
-- O Brasil já tem trabalhos nessa área em pareceria com a China e Ucrânia. Entre os interessados estão a Polônia, Alemanha e Holanda.
-- Porque os custos dos lançamentos em Alcântara podem ser 30% menores em comparação com outras bases.
-- O acordo com os Estados Unidos envolve o que chamam de salvaguardas tecnológicas. Muito bonitinho, mas oculta tudo o que interessa. Vamos aos fatos:
-- Só entrará na base quem portar um crachá. Fornecido pelos norte-americanos. Não será critério brasileiro.
-- Os artefatos chegarão em containers lacrados, aos quais as autoridades brasileiras não terão acesso. Então, se trouxerem um satélite espião, ou até mesmo um míssel, o Brasil não terá como saber.
-- Não haverá transferência de tecnologia. Isso significa que o programa espacial brasileiro não será beneficiado, em nada. Em nenhum centavo. Em nenhuma informação científica.
-- O dinheiro do aluguel da base não poderá ser revertido automaticamente ao programa espacial brasileiro. Vejam a que ponto chega o acinte. Essa decisão, em termos de soberania, seria assunto só do Brasil.
-- Reportagem da revista Carta Capital, de 18 de setembro, sobre este tema, assinada por André Barrocal, contém uma importante observação de um especialista, o ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral: os Estados Unidos não precisam da base, já têm, na Flórida. “A questão central para eles é anular a base brasileira como instrumento de um programa espacial nosso”, explica a matéria.
Há mais coisas, lesivas ao Brasil, mas não dá para esticar aqui. Isso é apenas um resumo, curtinho, mas suponho esclarecedor.
Tirem suas conclusões.
E, por favor, repassem, se possível fazendo chegar a algum parlamentar, ou de preferência a vários. Eles terão que aprovar isso no Congresso.
Fonte: Jornal Dance
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