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César Cantu

Dois pesos, duas medidas

A nossa grande imprensa já havia praticado um condenável silêncio em relação à eleição presidencial do México que ocorreu quase ao mesmo

Publicado em 24/04/2020
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A nossa grande imprensa já havia praticado um condenável silêncio em relação à eleição presidencial do México que ocorreu quase ao mesmo tempo que a do Brasil, contribuindo assim para a eleição de Bolsonaro. Agora que o desastre Bolsonaro começa a incomodar a própria direita e sua remoção da presidência está sendo tratada, novamente, fatos importantes ocorridos recentemente no México, e relevantes para o momento brasileiro, não são divulgados.

A imprensa de direita mexicana tem pressionado o presidente Lopez Obrador para que ele descarte o equilíbrio orçamentário que ela própria sempre pregou, e não se limite a prover renda para cidadãos necessitados, mas faça o mesmo que os Estados Unidos: abra as torneiras dos cofres públicos para as empresas.

Segundo previsões da Organização Mundial de Comércio, o México é o país cujas exportações se recuperarão em primeiro lugar depois da crise do vírus corona, além de ter uma situação financeira relativamente equilibrada, beneficiada em parte por estar se livrando de 90 anos de governos de direita corruptos e pela guerra econômica entre Estados Unidos e China.

Devido à celeuma provocada pela grande campanha acusatória da imprensa, Lopez Obrador propôs que como o seu governo introduziu na Constituição do México o chamado Referendo Revocatório, ou seja, o direito dos cidadãos pedirem a renúncia do presidente no meio do mandato (ou seja, em 2022, pois lá o mandato presidencial é de seis anos), ele se dispôs a propor uma alteração na Constituição, antecipando o Referendo Revocatório para o mesmo dia das eleições legislativas que ocorrerão em novembro de 2021. Como o seu partido tem maioria absoluta no parlamento, convidou os parlamentares da oposição de direita a apresentar o projeto de antecipação do Referendo Revocatório, ao qual daria sua aprovação imediata.

O exemplo de Lopez Obrador ganha maior relevância pelo fato de que como a eleição no México é em um só turno, ou seja ele seria eleito presidente mesmo tendo apenas um voto a mais que o seu concorrente mais próximo, no entanto, ele teve mais votos que todos os outros candidatos juntos e para um mandato de seis anos. Contudo, a grande vantagem obtida não o impediu de antecipar uma consulta ao povo. Conforme disse ele: “o povo coloca, o povo tira”. Entretanto, a oposição de direita preferiu não correr o risco de sofrer mais uma derrota.

César Cantu é historiador

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