Folha defende privatização de estatais e ignora importância das empresas para a economia do país
Editorial do jornal paulista mostra o desconhecimento do papel crucial das estatais no desenvolvimento do país
A Folha de S.Paulo publicou um editorial neste domingo (25) defendendo a privatização de três importantes estatais brasileiras: a Petrobrás, Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. É surpreendente como o veículo tenta apontar a ineficiência dessas empresas sem apresentar nenhum dado consistente. O editorial ou é fundamentado na ignorância, o que não se justifica para um veículo de imprensa, ou na má-fé, pois desconsidera os fatos amplamente conhecidos da eficiência e do protagonismo das empresas públicas e estatais brasileiras, especialmente das três citadas. E ignora também o papel estratégico dessas estatais no desenvolvimento social e econômico do nosso país.
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Aliás, as assertivas mencionadas no editorial sobre governança, gestão e eficiência dessas três estatais, em particular, podem ser classificadas como “fake news”. Afinal, um veículo de imprensa não tem o direito de desconsiderar relatórios, fatos e dados, já fartamente divulgados.
O texto exalta o programa brasileiro de privatizações dos governos neoliberais e as vantagens das concessões. E ignora, completamente, as consequências negativas que esse processo tem trazido ao povo brasileiro, nas últimas décadas. Só como exemplos de alguns dos muitos casos existentes, vou citar os efeitos da privatização da Vale e seus crimes ambientais, que até hoje não foram reparados; o escândalo de subfaturamento da Eletrobrás; a telefonia, atualmente cara, de má qualidade e campeã de reclamações no Procon; a concessão das estradas, de onde germinam e se multiplicam pedágios; e a venda de refinarias da Petrobrás, que passaram a cobrar preços abusivos pelos combustíveis, esfolando, principalmente, o consumidor das regiões Norte e Nordeste.
Defender a privatização dessas estatais em nome do benefício da sociedade brasileira não é apenas um sofisma, mas é de um cinismo constrangedor. É ignorar o quanto essas empresas geram resultados positivos, tanto econômico quanto social, para os avanços e o futuro do Brasil. E o editorial faz isso, simplesmente descarta a relevância da Caixa, do BB e da Petrobrás.
A verdade, entretanto, é que o Banco do Brasil tem uma responsabilidade enorme sobre grande parte do financiamento agrícola nacional, que beneficia, principalmente, mas não apenas, os pequenos e médios produtores rurais. A Caixa é de extrema importância para o financiamento habitacional e é a principal operadora de políticas sociais do Brasil. Foi através dela, por exemplo, que se pode promover o auxílio à população durante a pandemia da Covid-19.
E é por meio da CEF que o programa Minha Casa Minha Vida, entre tantos outros, também é viabilizado, auxiliando com moradias milhões de brasileiros. Segundo a ministra da Gestão, Esther Dweck, que criticou o posicionamento da Folha, “dois em cada três reais usados em crédito habitacional no Brasil, para todas as faixas de renda, vêm da Caixa Econômica Federal.
Quanto à Petrobrás, além de ser a maior empresa nacional, é a responsável pela produção de grande parte de petróleo e gás do Brasil, tendo uma importância estratégica para a segurança energética nacional. Premiada dentro e fora do país, tanto pela sua governança, quanto pela sua capacidade técnica e inovadora, a companhia é extremamente lucrativa e distribui fartos dividendos – e questionáveis no volume, na minha visão – a seus acionistas. A Petrobrás é uma das maiores e melhores empresas de petróleo do planeta e tem um papel central no desenvolvimento social, econômico e tecnológico do país, com responsabilidade ambiental.
Para além de tudo isso, as estatais são empresas lucrativas. No ano passado, o lucro somado das estatais brasileiras foi de R$ 197 bilhões. Somente a Petrobras, Caixa e BB foram responsáveis por R$ 170 bilhões dessa fatia. Relatório recente da Sest (Secretaria de Controle de Empresas Estatais) mostrou inquestionáveis dados sobre a importância e os bons resultados das estatais brasileiras. Recomendo que os autores leiam e se informem melhor antes de escrever tamanhos disparates.
Definitivamente, o tal editorial está em total desacordo com a realidade que vivemos. Se os autores se detivessem às suas visões ideológicas somente, não seria um problema, mas quando recorrem a argumentos infundados e falsos, perdem a credibilidade. A Folha tem todo o direito de defender sua visão ideológica, só não tem o direito de fazê-lo utilizando dados inconsistentes e falsos.
Nossas estatais são importantes para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil e, ao contrário de privatizadas, devem ser mais fortalecidas.
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