Petrobrás, uma visão estratégica
o de Tiradentes, que defendia os interesses do país; e o de Joaquim Silvério dos Reis, que traía estes mesmos interesses. No final
o de Tiradentes, que defendia os interesses do país; e o de Joaquim Silvério dos Reis, que traía estes mesmos interesses. No final dos anos 90, já na casa dos 100 anos de vida intensa, na presidência da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Barbosa Lima liderou a luta contra as privatizações dos gover nos Collor e Fernando Henrique Cardoso, porque considerava que as estatais criadas por Getúlio Vargas eram a base do desenvolvimento nacional. Na opinião dele, os defensores das privatizações só ti nham um meio de alcançar seus objetivos: usar a lógica dos vigaristas. Tinha toda a razão.
O ex-presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, afirmou que seu maior “sonho” seria ver a Petrobrás privatizada “para au mentar a sua eficiência”; e o BNDES extinto. Usando a lógica dos vi garistas de que o velho Barbosa Lima falava, Castello Branco argu mentou: “Já que não podemos privatizar, nem temos mandato para isso, vamos transformar a Petrobrás no mais próximo possível de uma empresa privada”.
Manifestando profundo desconhecimento pelos reais interes ses do país — como seu chefe, Paulo Guedes —, Castello Branco desfiou no seminário “A nova economia liberal”, na Fundação Getúlio Vargas, as suas razões para apoiar as privatizações de Bolsonaro; que, no que depen der dele, serão aceleradas.
Sem qualquer constrangimen to pelo fato de que, no setor de petróleo, esta política está sendo o esquartejamento e venda da Petrobrás aos pedaços, argumentou que as petroleiras estran geiras que atuam no país “estão com muito apetite”. Citou como “famintas” a Shell, a Equinor, a Ecopetral e a Petronas.
Na Escola de Chicago, em que ele e Guedes tiveram suas cabe ças feitas, provavelmente nunca ouviram falar que em determi nado período da vida brasilei ra, nos anos 30 — como relata Monteiro Lobato em seu livro “O Escândalo do Petróleo e Ferro” —, petrolíferas gastavam muito dinheiro na mídia para conven cer os brasileiros que não tínhamos petróleo em nosso subsolo.
E não tínhamos mesmo; por que a elas — que forneciam todo o combustível que o Brasil ne cessitava, importando–o de suas matrizes no exterior — não interessava que o Brasil fosse so berano: éramos mercado amplo e cativo; meros importadores dos combustíveis líquidos.
Esta triste realidade somente começou a virar em 1939, na véspera de eclodir a Segunda Guerra Mundial, quando se descobriu petróleo em Lobato, na Bahia.
Como Vargas, com a sua visão de estadista, já nacionalizara as riquezas do subsolo brasileiro, com seu Código de Minas, esta descoberta foi fundamental para que o Brasil tivesse uma política soberana no setor.
Antes mesmo, preocupado com o possível desabastecimento do país — já que não produzíamos uma gota sequer de petróleo; e as três pequenas re finarias que existiam no país eram ínfimas diante do consumo — Vargas centralizou a comercialização dos combustíveis e criou o Conselho Nacional do Petróleo para gerir o setor, colocando à frente o general nacionalista Horta Barbosa, defensor do monopólio estatal.
O início da Segunda Guerra Mundial já era uma certeza, mas ainda era uma incógnita como seria o abastecimento de com bustíveis, porque éramos total mente dependentes de importa ção de derivados.
Textos originalmente publicados, em junho de 1964, no livro “A política nacionalista do petróleo”, assinado por Getúlio Vargas, organizado pelo jorna lista Alfredo Marques Vianna e pela viúva de Getúlio, dona Darcy Vargas, preocupados em salvaguardar o legado político de Vargas que sempre teve na fundação da Petrobrás uma de suas grandes realizações.
Publicaram o livro porque temiam que a primeira providência dos militares udenistas que chegaram ao poder, com a deposição do presidente João Goulart, fosse a destruição da jovem Petrobrás, então com apenas 10 anos de vida.
Só que isto não aconteceu. Pelo contrário: nos 20 anos de governos militares, a Petrobrás não só se cresceu, como se fortaleceu e se tornou uma das maio res petrolíferas do mundo — principalmente depois que descobriu petróleo em abundância nas jazidas do Pós–sal existentes
na plataforma continental brasileira, a partir de 1974, primei ro no Rio de Janeiro, em fren te ao município de Campos dos Goytacazes, descobertas que de pois se estenderam aos litorais do Espírito Santo e São Paulo. E depois, nas jazidas do Pré–sal, a partir de 2006, a maior des coberta da indústria petrolífera mundial dos últimos 50 anos.
A BR Distribuidora foi cria da no governo Geisel e se tornou rapidamente a maior rede de distribuição de derivados do país — sempre incomodou as petroleiras estrangeiras e as grandes descobertas no mar fizeram com que a cobiça dos estrangei ros sobre o petróleo brasileiro aumentasse cada vez mais.
Se em quase 60 anos explorando petróleo em todo o país, perfurando milhares de poços pioneiros, a Petrobrás acumulou reservas estimadas em cerca de 15 bilhões de barris de petróleo; com o Pré–sal, estas reservas imediatamente saltaram para mais do que o dobro. Sabe–se que hoje o Brasil é um dos países mais ricos em petróleo do planeta, graças ao Pré–sal.
Publicado em: Legados Trabalhistas
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