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Osvaldo Maneschy

Petrobrás, uma visão estratégica

o de Tiradentes, que defendia os interesses do país; e o de Joaquim Silvério dos Reis, que traía estes mesmos interesses. No final

Publicado em 23/08/2021
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o de Tiradentes, que defendia os  interesses do país; e o de Joaquim Silvério dos Reis, que traía estes  mesmos interesses. No final dos anos 90, já na casa dos 100 anos de  vida intensa, na presidência da Associação Brasileira de Imprensa  (ABI), Barbosa Lima liderou a luta contra as privatizações dos gover nos Collor e Fernando Henrique Cardoso, porque considerava que as  estatais criadas por Getúlio Vargas eram a base do desenvolvimento nacional. Na opinião dele, os defensores das privatizações só ti nham um meio de alcançar seus objetivos: usar a lógica dos vigaristas. Tinha toda a razão.

O ex-presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, afirmou  que seu maior “sonho” seria ver a Petrobrás privatizada “para au mentar a sua eficiência”; e o BNDES extinto. Usando a lógica dos vi garistas de que o velho Barbosa Lima falava, Castello Branco argu mentou: “Já que não podemos privatizar, nem temos mandato para  isso, vamos transformar a Petrobrás no mais próximo possível de  uma empresa privada”.

Manifestando profundo desconhecimento pelos reais interes ses do país — como seu chefe, Paulo Guedes —, Castello Branco  desfiou no seminário “A nova  economia liberal”, na Fundação  Getúlio Vargas, as suas razões  para apoiar as privatizações de  Bolsonaro; que, no que depen der dele, serão aceleradas.

  Sem qualquer constrangimen to pelo fato de que, no setor de  petróleo, esta política está sendo  o esquartejamento e venda da  Petrobrás aos pedaços, argumentou que as petroleiras estran geiras que atuam no país “estão  com muito apetite”. Citou como  “famintas” a Shell, a Equinor, a  Ecopetral e a Petronas.

Na Escola de Chicago, em que  ele e Guedes tiveram suas cabe ças feitas, provavelmente nunca  ouviram falar que em determi nado período da vida brasilei ra, nos anos 30 — como relata  Monteiro Lobato em seu livro “O  Escândalo do Petróleo e Ferro”  —, petrolíferas gastavam muito  dinheiro na mídia para conven cer os brasileiros que não tínhamos petróleo em nosso subsolo.  

E não tínhamos mesmo; por que a elas — que forneciam todo  o combustível que o Brasil ne cessitava, importando–o de suas  matrizes no exterior — não  interessava que o Brasil fosse so berano: éramos mercado amplo  e cativo; meros importadores dos  combustíveis líquidos.
Esta triste realidade somente  começou a virar em 1939, na véspera de eclodir a Segunda Guerra  Mundial, quando se descobriu  petróleo em Lobato, na Bahia.

Como Vargas, com a sua visão  de estadista, já nacionalizara as  riquezas do subsolo brasileiro,  com seu Código de Minas, esta  descoberta foi fundamental para  que o Brasil tivesse uma política soberana no setor.

Antes mesmo, preocupado  com o possível desabastecimento do país — já que não produzíamos uma gota sequer de petróleo; e as três pequenas re finarias que existiam no país  eram ínfimas diante do consumo — Vargas centralizou a comercialização dos combustíveis  e criou o Conselho Nacional do  Petróleo para gerir o setor, colocando à frente o general nacionalista Horta Barbosa, defensor  do monopólio estatal.

O início da Segunda Guerra  Mundial já era uma certeza, mas  ainda era uma incógnita como seria o abastecimento de com bustíveis, porque éramos total mente dependentes de importa ção de derivados.  

Textos originalmente publicados, em junho de 1964, no livro  “A política nacionalista do petróleo”, assinado por Getúlio  Vargas, organizado pelo jorna lista Alfredo Marques Vianna  e pela viúva de Getúlio, dona  Darcy Vargas, preocupados em  salvaguardar o legado político  de Vargas que sempre teve na  fundação da Petrobrás uma de  suas grandes realizações.

Publicaram o livro porque  temiam que a primeira providência dos militares udenistas  que chegaram ao poder, com a  deposição do presidente João  Goulart, fosse a destruição da  jovem Petrobrás, então com apenas 10 anos de vida.  

Só que isto não aconteceu. Pelo contrário: nos 20 anos de  governos militares, a Petrobrás  não só se cresceu, como se fortaleceu e se tornou uma das maio res petrolíferas do mundo —  principalmente depois que descobriu petróleo em abundância  nas jazidas do Pós–sal existentes  
na plataforma continental brasileira, a partir de 1974, primei ro no Rio de Janeiro, em fren te ao município de Campos dos  Goytacazes, descobertas que de pois se estenderam aos litorais  do Espírito Santo e São Paulo. E  depois, nas jazidas do Pré–sal,  a partir de 2006, a maior des coberta da indústria petrolífera mundial dos últimos 50 anos.

A BR Distribuidora foi cria da no governo Geisel e se tornou rapidamente a maior rede  de distribuição de derivados do  país — sempre incomodou as petroleiras estrangeiras e as grandes descobertas no mar fizeram  com que a cobiça dos estrangei ros sobre o petróleo brasileiro  aumentasse cada vez mais.  

Se em quase 60 anos explorando petróleo em todo o país,  perfurando milhares de poços  pioneiros, a Petrobrás acumulou reservas estimadas em cerca  de 15 bilhões de barris de petróleo; com o Pré–sal, estas reservas  imediatamente saltaram para  mais do que o dobro. Sabe–se  que hoje o Brasil é um dos países  mais ricos em petróleo do planeta, graças ao Pré–sal.

Publicado em: Legados Trabalhistas

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