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Alex Prado

Quando o balão encontra o mau tempo

antes de se colocá-la em prática. É muito utilizada por empresas e, principalmente, por políticos. Escolhe-se algum jornalista de destaque, a

Publicado em 14/11/2018
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antes de se colocá-la em prática. É muito utilizada por empresas e, principalmente, por políticos. Escolhe-se algum jornalista de destaque, a quem se passa uma "informação" exclusiva , não necessariamente verdadeira . Antigamente tinha-se que esperar alguns dias para sentir a repercussão. Hoje, com a internet, bastam alguns minutos para que a tal informação se torne uma verdade absoluta, por mais absurda que seja. Daí, a Terra volta a ser plana!

Qualquer início de governo é momento de muita especulação. Afinal, o eleitor tem que tomar suas decisões, que darão rumo à administração. Há que se avaliar, dentro do programa de governo proposto aos eleitores, quais serão prioritários e aqueles que podem ficar para um segundo momento. Pois o Executivo, em si, é incapaz de impor sua agenda. Há que se respeitar o Legislativo e o Judiciário. E, também, os derrotados.

Aos 57,8 milhões de votos que levaram Jair Bolsonaro ao poder, antepõem-se os 47 milhões dados ao candidato Fernando Haddad, e o silêncio de 31,3 milhões de eleitores que não compareceram e aos 11 milhões que votaram nulo ou em branco.
Isso só aumenta a responsabilidade do eleito. Infelizmente, nem aqueles que votaram em Bolsonaro têm conhecimento do que ele realmente propôs durante a campanha. Ouso dizer que nem ele sabe. Bolsonaro soube surfar na enorme onda de descontentamento dos eleitores com os rumos da economia, no descrédito da política e da democracia. Lembramos que ele só existe porque é um político que há quase 30 anos sobrevive num regime democrático e teve sua candidatura inflada por um acordo empresarial e midiático.

Agora, cabe ao presidente eleito acomodar quem realmente detém o poder dentro dos escaninhos que lhe cabe preencher. Se as redes sociais lhe foram extremamente fiéis durante a "não campanha", aceitando seus arroubos de linguagem, seu desconhecimento da máquina pública, seu personalismo exacerbado, coroados por sua incapacidade de conviver num ambiente democrático, agora começam a cobrar seu preço.

A idas e vindas de início de transição são normais, mas agora são tantas  que revelam tibieza e que a força do novo governo tem limites. Nem sempre balões de ensaio encontram céu de brigadeiro.

Alex Prado é jornalista

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