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Sergio Xavier Ferolla

Radicalismos Políticos e Religiosos

o governo vem se sujeitando às pressões políticas e dogmáticas de organizações gestadas no exterior. Elas não só manipulam agentes

Publicado em 03/09/2020
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 o governo vem se sujeitando às pressões políticas e dogmáticas de organizações gestadas no exterior. Elas não só manipulam agentes nos setores diplomático e cultural, como inserem fanáticos seguidores nos escalões superiores da administração federal. Com argumentos exóticos de comportamento social, geram conflitos no sadio relacionamento doméstico e internacional, valioso sustentáculo conquistado pelo Brasil no contexto das nações.

Como fonte desse pernicioso dogmatismo, destaca-se um grupo radical da estrema direita norte americana que, como abutres sociais, tenta estender seus tentáculos nas democracias do Ocidente. No sub mundo das “fake news”, suas mensagens sub reptícias logram deturpar segmentos da população, ao saturarem as redes sociais com repetidas falsas verdades. Estrategicamente reverberadas pela mídia cooptada, agregam milícias já tratadas como “grupos do ódio” por conceituados líderes políticos.

Na vertente religiosa, apesar da diversidade  de cultos estar assegurada pelo Art. 5º, Inciso VI, da Constituição Federal, exigem cautelosa análise certos posicionamentos capazes de estimular conflitos com tradições históricas da família brasileira. Para melhor entendimento de tão sensível tema e sem qualquer demérito à multifacetada forma de devoção em nosso país, consideramos oportuno recente artigo científico tratando da presença da religião na política nacional.

No trabalho intitulado “Fenômeno Evangélico”, publicado na edição de dezembro de 2019 da Revista da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo), seus autores apresentam meticulosa análise da reforma cristã surgida no distante Século XV, bem como da evolução organizacional e dogmática das igrejas evangélicas ao longo dos séculos.

Tudo começou no raiar da Idade Média, quando o monge agostiniano Martinho Lutero, “contestando a autoridade central e o monopólio clerical, como fonte única de interpretação da Bíblia cristã”, deu origem ao movimento reformador do “Protestantismo”. Os primeiros “protestantes”, vindos da Holanda e da França, aqui chegaram como evangelizadores, tendo na educação uma forma de influenciar a ética social e política. No Século XIX foram implantadas as tradicionais igrejas luteranas, metodistas, batistas e presbiterianas, visando os estrangeiros, em especial.

Nas duas primeiras décadas do Século XX, para fomentar suas igrejas no seio da classe média, novos missionários chegaram dos Estados Unidos e da Europa. Essa fase definiu o início do “movimento pentecostal” que, numa releitura do protestantismo histórico, anticomunista, ante ecumênico e politicamente conservador, não só rechaçava as reformas na estrutura social, como adotava uma concepção bíblica radical. Em 1911 era criada, por missionários suecos, residentes nos Estados Unidos, a “Assembleia de Deus”, primeira igreja pentecostal brasileira. A ela se seguiram a “congregação cristã” e a “Igreja do evangelho quadrangular”. Tinham como uma das principais missões a conversão de adeptos, inclusive do protestantismo tradicional.

Com especial atenção os cientistas analisaram o livro “Evangélicos y Poder en América Latina”, cujos autores criaram a expressão “revolução silenciosa”, para explicar os sensíveis abalos no hegemônico catolicismo, nos últimos cinco séculos. No livro os evangélicos também são vistos como deixando os “templos de garagem” para disputarem posições no poder público.

 Como explica a cientista Paula Montero, do Departamento de Antropologia da USP (Universidade do estado de São Paulo), nessa conflagração religiosa, a igreja católica se conserva sob rígidas hierarquias, enquanto as novas igrejas evangélicas dependem, apenas, de registro em cartório e ou eventuais autorizações, no caso de designações como Universal e ou Quadrangular. Outro aspecto diferenciador é mostrado pelo teólogo Rodrigo Franklin de Sousa, da francesa “Faculté Jean Calvin”. Lembra ele que, no discurso pragmático dos cultos evangélicos, “o poder sobrenatural pode interferir diretamente na realidade” e “os pastores como sensíveis ao desejo material da população”.

 Organizados em torno do sucesso individual de seus adeptos, as igrejas promovem os valores da chamada “teologia da prosperidade”. Divulgada entre as neopentecostais a partir dos anos 1970, tal corrente traz a promessa da prosperidade divina para o presente, segundo Almeida, da UNICAMP (Universidade de Campinas). Segundo Freston, da “Basillie School of International Afaires”, na Universal, por exemplo, “o enriquecimento dos líderes é tratado como prova da benção divina”.

Assim ocorrendo, a proliferação dessas sub teologias de ocasião, verdadeira pandemia de heresias no seio da teologia luterana, dificilmente agregarão uma única e dominante vertente religiosa, embora as frias estatísticas numéricas as considerem capazes de superar o catolicismo a partir de 2030.

Por tudo isso, nesses tempos de “corona vírus”, com mutações que surpreendem a ciência, bem como dos eventos eleitorais do calendário, bastante prudência é esperada de lideranças mais sagazes. Aos ocupantes do Planalto, inexplicavelmente atrelados a organizações dogmáticas e religiosas motivadas por interesses subalternos, resta o alerta de que tais grupelhos jamais predominarão no sentimento da população brasileira, estando longe de representar maioria no universo político nacional.  

Tenente Brigadeiro, aviador e engenheiro
Ministro Ap. do Superior Tribunal Militar

Transcrito de A VOZ DO POVO, de Bom Jesus do Itabapoana (RJ)

     
   

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