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Balança comercial da indústria: déficits crescentes nos grupos mais intensos em tecnologia

O déficit da média-alta tecnologia aumentou 34,8% do 1º sem/21 para o 1º sem/22. Alta tecnologia, 28,4%.

Publicado em 01/09/2022
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Na primeira metade de 2022, a indústria de transformação manteve a ampliação de suas vendas externas em um ritmo bastante elevado: +32,5% frente a igual período do ano anterior. Este resultado foi superior ao do 1º sem/21 (+22,1%) e correu à frente ao aumento das importações do setor, que foi de +27,0% em jan-jun/22, também na comparação interanual.

Apesar disso, o déficit da balança comercial da indústria seguiu aumentando. O montante de US$ 27,5 bilhões no 1º sem/22 foi o maior dos últimos anos para igual período, perdendo apenas para o de 2014 (US$ -34,8 bilhões), antes portanto da crise de 2015-2016 e do choque da pandemia.

A análise do comércio exterior da indústria de transformação realizada pelo IEDI a partir dos grupos por intensidade tecnológica, segundo a metodologia da OCDE, mostra que duas evoluções opostas do saldo comercial: deterioração dos grupos de maior intensidade e reforço do superávit dos grupos de menor intensidade tecnológica.

O déficit da média-alta tecnologia aumentou +34,8% do 1º sem/21 para o 1º sem/22, seguido pelo déficit da indústria de alta tecnologia, que avançou +28,4%. Compensaram parcialmente esta piora, a indústria de média-baixa e de média intensidade tecnológica, cujos superávits cresceram +37,8% e +174%, respectivamente.

Além destes resultados do acumulado no ao, a Carta IEDI de hoje também analisa a evolução das exportações e importações do 2º trim/22. No agregado do setor industrial, as vendas externas apresentaram pequena desaceleração, passando de +35,4% no 1º trim/22 para +30,2%, devido a apenas um grupo, a indústria de média-baixa intensidade tecnológica, que, ainda assim, não deixou de apresentar taxa expressiva de crescimento.

As exportações da média-baixa tecnologia, que tinham crescido +44,2% em jan-mar/22, registraram +31,1% no 2º trim/22, devido a desaceleração a todos os seus ramos, sobretudo, derivados de petróleo, produtos de metal e madeira, papel e celulose.

Já os grupos de média e média-alta tecnologia pouco alteraram o ritmo de crescimento de suas exportações na passagem do 1º para o 2º trim/22. No primeiro caso, saiu de +29,5% para +31,8%, respectivamente, em um movimento acompanhado pela maioria de seus ramos, sendo que a única aceleração mais substancial foi de minerais não metálicos (de +12,7% para +18,4%).

No segundo caso, o de média-alta, o aumento das vendas externas passou de +29,5% para +30,8% no mesmo período, graças a mudanças mais intensas em dois de seus ramos: na indústria automobilística, que tinha registrado +16,9% em jan-mar/22 e depois +36,4% em abr-jun/22, e em outros equipamentos de transporte terreste que amenizaram seu retrocesso (-9,2% e -0,9%, respectivamente).

A exportação da indústria de alta tecnologia se destacou por ter retornado ao azul, depois de sucessivos trimestres seguidos de queda. Registrou +6,5% no 2º trim/22, em função da expansão das vendas externas de aeronaves (+2,4%) e da manutenção do crescimento do complexo eletrônico e da indústria farmacêutica.

Quanto às importações no 2º trim/22, no agregado da indústria de transformação o aumento foi de +31,6%, acima do desempenho do 1º trim/22 (+22,1%). Este reforço das compras externas do setor veio dos grupos de média-alta tecnologia (+40,6% em abr-jun/22), devido a produtos químicos e veículos automotores, e de média-baixa tecnologia (+49,4%), em função de alimentos, bebidas e fumo (+18,9%) e derivados de petróleo (+101%).

Nos outros dois grupos, ocorreu acomodação, sendo que o ritmo de crescimento das importações da alta tecnologia passou de +30,9% para +18,8%. No caso da média intensidade tecnológica a queda se ampliou de -2,2% para -8,8%, devido sobretudo à metalurgia (-11,1%).

Bens típicos da indústria de transformação e a balança comercial

O primeiro semestre de 2022 registrou superávit comercial de US$ 34,3 bilhões, o segundo maior da série em dólares correntes para o acumulado até junho, ficando aquém apenas do logrado em 2021. As exportações aumentaram 20,5%, de US$ 136,2 bilhões para US$ 164,1 bilhões, o maior montante exportado para primeiro semestre em toda a série. As importações cresceram ainda mais, 30,9%, chegando a US$ 129,8 bilhões, também o maior volume importado em dólares correntes para os primeiros seis meses de toda a série.

Tal superávit foi obtido sobretudo pelo recordista resultado positivo de US$ 61,8 bilhões, dos demais produtos, mormente agropecuários, da pesca e minerais. Suas exportações atingiram US$ 77,5 bilhões, patamar também recorde em dólares correntes para acumulado até o sexto mês.

No caso dos produtos tipicamente oriundos da indústria de transformação, o déficit aumentou frente à metade inicial do ano anterior, saindo de US$ 24,4 bilhões para US$ 27,5 bilhões. Desde 2014, o déficit não era tão elevado para esses itens no primeiro semestre. As exportações aumentaram 32,5%, para US$ 86,6 bilhões, seu maior montante exportado de toda a série para esse período. As importações cresceram 27,0%, atingindo US$ 114,1 bilhões, também o maior da série em dólares correntes.

Em suma, o saldo dos bens típicos da indústria de transformação se deteriorou no semestre em relação ao mesmo período de 2021, mesmo com a expansão de suas exportações, bem distribuída entre os dois trimestres iniciais, com crescimento na ordem dos 30% em relação a seus equivalentes do ano anterior. O superávit dos demais bens em janeiro-junho ficou só ligeiramente acima do observado na primeira metade 2021. Embora em 2022 o saldo do segundo trimestre tenha sido maior do que o do primeiro, o discreto acréscimo no superávit do semestre decorreu do desempenho melhor em janeiro-março de 2022 frente ao mesmo período de 2021.

Fonte: Clique aqui para ler a íntegra do estudo do IEDI

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