No cerne da estratégia energética da China está sua ambiciosa campanha de produção nacional de petróleo e gás, com duração de sete anos (2019-2025), lançada pela Administração Nacional de Energia (NEA) em resposta às crescentes preocupações com a segurança energética. Os resultados têm sido promissores: desde o início da campanha, a China reverteu o declínio da produção doméstica e aumentou a produção em aproximadamente 480.000 barris por dia. No entanto, a dependência do país do petróleo estrangeiro permanece alta, com as importações atendendo a mais de 70% da demanda chinesa.

No setor de gás, a China alcançou um crescimento significativo na produção doméstica, com um aumento anual de mais de 10 bilhões de metros cúbicos desde o início da campanha. No entanto, a dependência do país do gás estrangeiro aumentou para 45% em 2024 e a expectativa é que continue crescendo, atingindo 50% até 2050. A segurança do suprimento de petróleo e gás da China continua sendo uma preocupação urgente para os formuladores de políticas.

As (NOCs) da China estão na vanguarda da agenda energética do país. Essas empresas, cada uma com um foco específico, formam a espinha dorsal da estratégia de segurança energética da China. São conglomerados integrados com focos estratégicos distintos, com a CNPC concentrando-se na exploração e produção em terra, a Sinopec em refino e petroquímica, e a CNOOC no desenvolvimento global de petróleo e gás offshore.

Em resposta à alta dependência da China em importações de petróleo e gás, essas NOCs intensificaram suas atividades domésticas de exploração e produção. O investimento anual de capital em E&P doméstico aumentou cerca de 20% desde o início da campanha de sete anos em 2019, e as Três Grandes obtiveram sucesso notável no aumento da produção doméstica por meio de três estratégias principais.

Em primeiro lugar, expandiram as atividades de E&P para acessar recursos antes difíceis de alcançar, tanto em terra quanto no mar. O poço mais profundo já perfurado pela CNPC — no Campo de Petróleo de Tarim, com profundidade vertical de mais de 10.000 metros — abriu caminho para o desenvolvimento de recursos ultra profundos na região. As recentes descobertas da CNOOC no Mar da China Meridional também demonstraram a capacidade da empresa na exploração e produção de petróleo e gás em águas ultra profundas.

Em segundo lugar, as Três Grandes têm se concentrado no desenvolvimento de recursos não convencionais, shale, metano de jazidas de carvão e petróleo extrapesado. Sua produção total de petróleo não convencional aumentou em média 7,2% ao ano durante a campanha de 7 anos e hoje representa aproximadamente 31,5% de sua produção nacional.

Por fim, as Três Grandes utilizaram com sucesso tecnologias avançadas de recuperação de petróleo (EOR) para conter a queda na produção em ativos maduros. O Campo de Petróleo Daqing da CNPC, um dos mais antigos da China, está em produção há 65 anos e o corte de água na produção atingiu 80-90%. No entanto, a CNPC conseguiu manter a produção na última década, graças à implementação de soluções avançadas de EOR.

Além dos esforços nacionais de E&P, as NOCs reconhecem a importância de equilibrar os recursos nacionais e internacionais para garantir a segurança energética da China. Elas têm participado ativamente de fusões e aquisições globais de upstream, aumentando suas posições em ativos na América Latina e na África. A produção internacional representou mais de 30% de sua produção total na última década.

À medida que a China transita para uma matriz energética mais verde, as Três Grandes veem a transição verde como uma oportunidade e não como um desafio. Aproveitando a liderança global do país em energias renováveis, elas estão unindo seus negócios tradicionais de petróleo e gás a iniciativas de novas energias para alcançar um equilíbrio entre a segurança do fornecimento de energia e o desenvolvimento de baixo carbono.

A CNPC, por exemplo, está se concentrando na captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS) como um de seus principais focos de transição verde. A empresa também está desenvolvendo suas cadeias industriais de energia geotérmica e de hidrogênio. Em seus negócios de varejo, a CNPC está promovendo o layout de usinas integradas de energia, combinando petróleo, gás, hidrogênio, eletricidade e serviços não energéticos, para alcançar a diversificação energética e o desenvolvimento sustentável.

A Sinopec, por outro lado, prioriza a produção de hidrogênio verde a partir de energia renovável e tecnologias eletroquímicas de CO₂. A empresa expandiu vigorosamente suas redes de carregamento de veículos elétricos e de reabastecimento de GNL, com volumes de carregamento e vendas de GNL apresentando crescimento significativo ano a ano.

A CNOOC, com base em seu desenvolvimento de energia offshore e capacidades técnicas, concentra-se em energia eólica offshore e energia marinha. A empresa alcançou avanços na eletrólise direta da água do mar para a produção de hidrogênio, com o primeiro sistema de geração de hidrogênio por eletrólise da água do mar em escala de megawatts do mundo entrando com sucesso em operação experimental.

Em suma, as NOCs chinesas desempenham um papel crucial na agenda de segurança energética do país, com foco em E&P doméstica, recursos não convencionais e tecnologias avançadas de EOR. À medida que a China transita para uma matriz energética mais sustentável, as Três Grandes estão alavancando seus pontos fortes para equilibrar a segurança do fornecimento de energia com o desenvolvimento de baixo carbono, apresentando novas oportunidades de crescimento e desenvolvimento no setor energético.