Só Petrobrás tem capacidade de investir em refino
Artigo de Felipe Coutinho repercute na mídia. "Deixar o refino para as empresas privadas não se encaixa", reforça Oliveira em sua coluna
Samuel Pessôa, economista e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicou na Folha deste sábado o artigo "Por que é tão caro construir refinarias no Brasil?". Pois bem, Felipe Coutinho, vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), escreveu um artigo que contesta os argumentos de Pessôa. Coutinho inicia por um spoiler: o texto do pesquisador da FGV não traz a resposta para a pergunta.
O vice da Aepet resume o argumento de Pessôa: o Brasil é importador líquido de derivados porque não tem capacidade suficiente de refino; o investimento para elevação da capacidade de refino seria alto e inviável, se realizado pela Petrobras; assim, a solução é deixar a construção de refinarias a cargo de empresas privadas.
Em seguida, Coutinho apresenta dados que desmontam a tese:
Em 2014 foram produzidos 181,6 milhões de barris de Gasolina A, equivalente a 248,8 milhões de barris de Gasolina C (com 27% de etanol anidro).
Em 2021, o mercado brasileiro de Gasolina C foi de 247,2 milhões de barris, portanto, abaixo da capacidade de produção.
Em 2014 foram produzidos 312,4 milhões de barris de diesel. Naquele ano, entrou em operação o primeiro trem da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), com capacidade instalada de 27,4 milhões de barris/ano. Somadas as capacidades, pode se alcançar 339,8 milhões de barris/ano.
Em 2021, o mercado brasileiro de diesel (descontada a fração de biodiesel) foi de 343,4 milhões de barris. Portanto, o volume que poderia ser importado seria residual.
Quanto ao investimento alto e inviável para elevar a capacidade de refino, o pesquisador da FGV afirma que, entre 1954 e 2002, a Petrobras teria investido apenas US$ 27 bilhões em refino e, entre 2002 e 2016, US$ 101 bilhões.
Mas, segundo Coutinho, pelas informações disponíveis na Petrobras, entre 1965 e 2002 foram investidos no segmento do Abastecimento US$ 206,66 bilhões, em dólares de 2020 (ele desconsiderou os investimentos entre 1954 e 1964). Entre 2002 e 2016, foram US$ 128,58 bilhões. Assim, no segundo período foi menor que no primeiro.
A conclusão de deixar o refino para as empresas privadas não se encaixa. Desde 1997 o segmento é aberto aos investimentos privados, e eles foram insignificantes para o aumento da capacidade de refino brasileira, explica o vice-presidente da Aepet.
Fonte: Monitor Mercantil
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