A farra dos acionistas e a quase entrega de uma Petrobrás a cada cinco anos
Sangria desatada dos recursos da Petrobrás e do Brasil
Nos últimos seis anos, a ação preferencial da Petrobrás gerou retorno de 362% a quem reinvestiu os dividendos no papel. O número, levantado pela XP, mostra o retorno mastodôntico que os especuladores conseguem com a Petrobrás. Entre os anos de 2019-2023, a inflação acumulada foi de 35,3%, o FGTS acumulou 30.52% e a poupança chegou a 29,31%.
Praticamente uma Petrobrás a cada cinco anos
(Dividendos distribuídos – Petrobrás)
Fonte: Formulário de Referência Petrobrás – 2019-2023
Em valores, a Petrobrás já distribuiu mais de R$439,23 bilhões no mesmo período, o equivalente a 87,85% do seu valor de mercado, que é de R$500 bilhões. Ou seja, entre 2019 e 2023, a Petrobrás distribuiu aos seus acionistas quase outra Petrobrás, considerando o seu valor de mercado. Em 2024, a empresa já distribuiu mais R$ 64,2 bilhões em dividendos, valor maior que o lucro líquido de mais de R$ 53,65 bilhões, sendo esses valores contabilizados até o 3º trimestre, segundo dados da própria empresa. Ou seja, em 2024 já distribuiu um montante em dividendos maior que o seu lucro líquido, uma verdadeira farra!
Enquanto isso, para o trabalhador, uma PLR que poderia ser melhor
Se o trabalhador próprio da empresa fosse receber, conforme a legislação, 25% do montante pago aos acionistas, a título de dividendos, pagos nos últimos cinco anos, tendo como base os R$ 439,23 bilhões distribuídos neste mesmo período (2019-2023), teria recebido o equivalente a R$ 109,81 bilhões em forma de PLR. Imagine se fosse distribuída de forma igualitária?
Mas essa realidade nunca existiu, pois veja o exemplo do atual acordo de PLR (2024-2025), em que a Petrobrás vai disponibilizar R$ 3,2 bilhões, valor que corresponde a apenas 5,96% do lucro líquido, de R$ 53,65 bilhões. Esse percentual cai mais ainda se trabalharmos a partir do valor de 25% sobre os dividendos, percentual considerado limite teto, já distribuídos no ano de 2024, os R$ 64,14 bilhões, o que representaria apenas 4,98%.
É bom lembrar que, em 2021, a Petrobrás pagou somente R$ 195,2 milhões, o equivalente a 0,6% do que foi pago em dividendos para os acionistas, quando a empresa lucrou R$ 106 bilhões.
A farra continua no novo PGN
No seu Plano Estratégico (PE) 2025-2029, anunciado em 22/11, a Petrobrás pretende distribuir um montante planejado de dividendos que chega a US$ 45 bilhões (R$ 273,6 bilhões), e US$10 bilhões (R$ 60 bilhões) em dividendos extraordinários, entregando quase 63% de uma Petrobrás em valor de mercado em quatro anos. Então, isso quer dizer que, em 10 anos, a Petrobrás está entregando praticamente duas Petrobrás em dividendos para seus acionistas!
Os investidores comemoram que o novo PE da Petrobrás reduziu a exigência de caixa mínimo para US$ 6 bilhões (R$ 36 bilhões) e, ao mesmo tempo, aumentou o teto da dívida bruta para US$ 75 bilhões (R$ 450 bilhões). Segundo analistas da XP, que representam interesses do capital, “esses anúncios são positivos, porque eles permitem mais flexibilidade para a companhia, momentaneamente, ultrapassar esse limite, inclusive, no pagamento de dividendos extraordinários.
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Se levarmos em conta que a União possui 36,61% do capital social da Petrobrás, incluindo as ações do BNDESPar e BNDES, a empresa repassou, entre 2019-2023, mais de R$160,80 bilhões só em dividendos. O problema é que esse dinheiro é usado para amortizar a dívida pública e os juros, visando a melhoria do resultado primário das contas públicas. Assim, esse montante não retorna para a sociedade como investimento público em educação, habitação, saneamento, saúde, entre outros. Quem absorve esse dinheiro gerado pela Petrobrás e seus trabalhadores são os detentores da dívida pública: banqueiros e especuladores.
Essa riqueza gerada pela Petrobrás deveria ser utilizada para investimentos na Educação, como, por exemplo, na construção e melhoria de escolas, pagando salários dignos para os profissionais de ensino básico, médio e superior e realização da transição energética.
Pode isso, Magda e Lula?
O Sindipetro-RJ denuncia essa sangria desatada dos recursos da Petrobrás e do Brasil. Dividendo gerado pela companhia deve gerar empregos e desenvolvimento no país, e não para encher o bolso de quem já tem muito!
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