Galípolo elevará gasto com juros em R$ 110 bilhões

Força Sindical pergunta se entramos na Era dos Juros Galopantes. Com quem Lula irá reclamar, já que ele indicou Galípolo?

Publicado em 29/01/2025
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Sem surpresas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu elevar a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual (pp), para 13,25% ao ano. Em comunicado, o Copom disse entender que “essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.

“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião. Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, prossegue o comunicado.

Foi a primeira reunião do Copom comandada por Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula para presidir o BC. A maior parte da diretoria também foi indicada pelo petista, que costumava reclamar do presidente anterior do Banco Central, Roberto Campos Neto, quando os juros subiam.

Segundo o BC, a elevação de 1 ponto percentual na Taxa Selic tem um impacto de R$ 55,2 bilhões na dívida pública líquida (DLSP), ou 0,47% do PIB. Dessa forma, o aumento desta quarta-feira, mais o próximo já anunciado, elevarão a dívida do governo em R$ 110,4 bilhões.

A Força Sindical divulgou nota em que repudia o aumento de juros por parte do Copom, classificando a alta da Taxa Selic como um “prêmio aos especuladores”. “Será que entramos na Era do ‘Juro Galopante’?”

“O aumento dos juros tende a desestimular o investimento e o consumo no país. O aumento é mais uma forma de asfixiar os trabalhadores. Sem cortes relevantes, há redução dos investimentos e das chances de crescimento”, finaliza a Força Sindical.

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Alta dos juros de Galípolo compromete a recuperação da indústria

A Federação das Indústrias do Rio (Firjan) considera que o novo aumento da taxa básica de juros vai intensificar o processo de desaceleração da indústria nacional. Recentemente, a produção industrial teve duas quedas consecutivas e está 15% abaixo do nível máximo da série histórica, alcançado em 2011. “A alta dos juros não apenas compromete o desenvolvimento sustentável de setores estratégicos, mas também restringe os investimentos necessários para impulsionar a produtividade”, afirma a Firjan.

O comunicado do Copom citou o ambiente externo desafiador “em função, principalmente, da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos”. Em relação ao cenário doméstico, o Comitê destacou que “o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo. A inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação e novamente apresentaram elevação nas divulgações mais recentes”.

Apesar dos seguidos erros nas projeções – apenas 1 certa em 20 nos últimos cinco anos – o Copom se fia nas expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus. “A projeção de inflação do Copom para o terceiro trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 4% no cenário de referência.”

“O Comitê segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes”, diz a nota.

Alta pode resultar em desemprego e falências

A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) alerta que a decisão do Copom agrava os desafios econômicos, encarece o crédito, desestimula investimentos e pressiona o orçamento de empresas e famílias.

“Além de restringir o crescimento do País, os juros elevados tornam a dívida pública ainda mais onerosa”, critica a entidade. “O impacto sobre as empresas também é enorme, o que pode resultar em demissões e aumento do desemprego. Para exemplificar, somente em 2024 foram registrados mais de 2,2 mil pedidos de recuperações judiciais, segundo Indicador da Serasa Experian. O montante é o mais alto contabilizado desde o início da série histórica, iniciada em 2005, e representa um aumento de 61,8% em relação a 2023.”

“Medidas para controlar a trajetória crescente da dívida pública são essenciais para termos uma taxa de juros em padrão saudável a médio e longo prazo. Isso vai destravar investimentos e incentivar o crescimento do país de forma sustentada. Conviver com juros elevados trava o desenvolvimento, reduz a geração de empregos e penaliza empresas e famílias”, ressalta o presidente da Abrainc, Luiz França.

Fonte(s) / Referência(s):

Jornalismo AEPET
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