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Políticas identitárias atrapalham esquerda

Desindustrialização, queda da qualidade do emprego e desigualdade são batalhas a serem travadas.

Publicado em 06/10/2023
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O afastamento da classe trabalhadora da esquerda não é o caso, e nunca foi o caso, sustenta o novo livro de Piketty (Une histoire du conflit politique. Élections et inégalités sociales en France, 1789-2022), escrito em conjunto com Julia Cagé e que foi publicado mês passado. A obra abrange ampla pesquisa de dados e aborda temas como imigração e políticas identitárias – ambos tiram o foco do essencial para a sociedade.

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Ao examinar os dados das eleições na França entre 1848 e 2022 (quase 50), vê-se que as comunidades mais ricas sempre e sistematicamente votaram muito mais na direita do que na esquerda.

Na França, os eleitores urbanos de baixa renda votam predominantemente na esquerda, enquanto os eleitores da classe trabalhadora fora das principais cidades, especialmente da manufatura (blue collar, colarinho azul), têm maior probabilidade de votar nos partidos da extrema direita.

Em artigo no jornal britânico The Guardian (“A deriva para a direita da Europa não está estabelecida em pedra: nossa nova pesquisa deve dar esperança à esquerda”), Piketty e Cagé explicam o motivo para otimismo:

“De fato, a falta de serviços públicos em áreas rurais, desindustrialização, acesso desigual à propriedade e maior desigualdade são questões que podem ser abordadas pela implementação de políticas adequadas. Políticas identitárias, por outro lado, tendem apenas a levar a tensões e conflitos na sociedade.”

Essas conclusões podem ser aplicadas a outros países? “Vemos poucas razões para esperar que os eleitores pobres na França se comportem de maneira diferente daqueles de outras democracias ocidentais, principalmente porque estão enfrentando muitas ameaças semelhantes, da desindustrialização ao desemprego.”

Enfrentam também, e aí quem diz é o colunista, temas que desviam atenção do essencial da lua contra o império financeiro-tecnológico-armamentista. São os casos das políticas identitárias e da questão da imigração – neste caso, tema em alta na Europa, especialmente.

Nas palavras dos autores do livro, os dados de votação sugerem que virar para a direita na migração para reconquistar o voto da classe trabalhadora é um beco sem saída político.

O novo livro de Piketty terá uma edição em inglês publicada no próximo ano.

Marcos de Oliveira é diretor de Redação do jornal Monitor Mercantil

Fonte(s) / Referência(s):

Jornalismo AEPET
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