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PIB primário, como no século XIX

Será que estamos no caminho do desenvolvimento?

Publicado em 06/01/2024
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AEPET Editorial Energia Brasil Destaque

Em junho de 2023, o IBGE divulgou os primeiros resultados do Censo Demográfico de 2022. Entre 2010 e 2021, a capital São Paulo deixou de ser o município com maior PIB do setor industrial, perdendo posição de liderança para o município fluminense de Maricá, que, em 2010, ocupava a 257ª posição nacional. O município de Parauapebas, no estado do Pará, passou a ser o quarto maior na produção industrial, enquanto era o 199º em 2010. Maricá, com o pré-sal, e Parauapebas, com a extração de minério de ferro, também apresentaram expressivo crescimento populacional entre os dois censos demográficos.

Os dados revelados pelo IBGE confirmam a especialização industrial brasileira no extrativismo, regressiva, enquanto a indústria de maior valor agregado perde participação, como também destaca o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria - IEDI.

Deterioração na indústria de maior intensidade tecnológica

No entanto, o desempenho da economia brasileira ano passado, com recorde de superávit comercial baseado no extrativismo e no agronegócio, é exaltado pela mídia hegemônica, enquanto a bolsa bate recordes, puxada pela Petrobrás. O economista Adhemar Mineiro, ex-presidente da Associação dos Economistas da América Latina e Caribe (AEALC) observa que em países do porte do Brasil o crescimento é alavancado pelo consumo das famílias, não pelo superávit comercial ou fatores externos. Mas adverte que sem investimento ou financiamento públicos, o consumo não se sustenta.

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“Ano passado, o aumento do salário mínimo e programas sociais deram impulso ao consumo das famílias, mas sem investimento público ou financiamento o efeito é temporário”, disse, acrescentando que, pela reprimarização da produção industrial brasileira, a demanda interna é cada vez mais atendida por importações, sobretudo da China, drenando parte da demanda. “Já são 40 anos de desindustrialização”, resume.

Com o governo atrelado a programas de austeridade que prejudicam em muito o investimento público e o planejamento estatal, o crescimento da economia acaba sendo puxado pelos setores mais atrasados, de perfil colonial e menos diversificado. “A exportação de produtos primários nos deixa a mercê dos preços ditados pelo mercado internacional. O arcabouço fiscal limita o investimento e o gasto público”, resume o economista, admitindo que a Petrobrás corre o risco ao concentrar seus investimentos em exploração e produção.

Canadá

Por sua vez, o jornalista Beto Almeida, da TeleSUR, adverte que é preciso relativizar o fato de o Brasil ter superado o PIB do Canadá em valores brutos.

“Será que estamos no caminho do desenvolvimento? Querem que acreditemos que o Brasil passou à frente do Canadá. Sob quais parâmetros? Nosso PIB registra concentração, privatização, primarização da economia, dinamismo rentista”, indaga.
Almeida compara o destino dado ao mineral nióbio pelos dois países, que são grandes produtores. “Aqui o minério é exportado a preços negativos para ramo industrial bélico, deixando para Minas Gerais buracos e miséria. Já o Canadá industrializa seu nióbio”.

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