Mineiro: "Se guerra se alastrar, Brasil perde por não investir em refino"
No momento ninguém quer uma guerra total na região, mas há grande risco de a situação sair de controle.
Diante do risco iminente de guerra total no Oriente Médio, o economista Adhemar Mineiro, pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) e assessor da Rede Brasileira pela Integração dos Povos (Rebrip) pondera que o Brasil não poderá se beneficiar, enquanto exportador de petróleo bruto do porte do Irã, de uma eventual alta dos preços no mercado internacional. Isto porque é também importador de derivados devido à falta de investimentos no parque de refino.
"Sobretudo nas gestões de Temer e Bolsonaro, a Petrobrás, além de não investir, também foi obrigada a se desfazer de refinarias", prossegue Mineiro, que é membro da coordenação da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia-RJ.
Segundo ele, não há interesse de ninguém que o conflito saia de controle, mas "qualquer coisa que transforme os muçulmanos em vítimas pode mudar a situação" e é cada vez maior o risco de que isto ocorra, e Egito, Arábia Saudita, por exemplo, poderão se envolver.
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"Os representantes dos países estão se falando nos bastidores. Uma guerra total agora não interessa. Estados Unidos estão em eleições e a Rússia, apesar de vir estreitando relações com o Irã, inclusive comprando mísseis e drones, está envolvida no conflito com a Ucrânia. Já Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, será preso quando a guerra terminar e, no Irã, também uma teocracia, há sérias divergências entre moderados e a linha dura religiosa", analisa, acrescentando que, do ponto de vista da Rússia, há temor também pela Síria, sua aliada, e por eventuais mudanças na estrutura de poder na região.
No caso de guerra total, Mineiro vê o estreito de Ormuz como o ponto mais sensível em termos geopolíticos, porque por ali passam 15% da produção mundial de petróleo.
Lembrando que o Irã recentemente passou a ser membro dos Brics e está mais próximo da China, o economista pondera que, por outro lado, a Índia atualmente tem estreitado laços com Israel. "Até porque o país também tem problemas com os muçulmanos", acrescenta.
Sobre o eventual papel diplomático do Brasil, Mineiro observa que as tensões entre Lula e o governo de Netanyahu tornaram distante essa possibilidade.
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