Diretora do Ineep defende uso estratégico da Margem Equatorial em entrevista à TV GGN

Ticiana Alvares alerta que debate sobre exploração de petróleo deve ir além da liberação do Ibama e focar em soberania energética

Publicado em 21/10/2025
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Navio-sonda na Margem Equatorial. Foto Petrobrás

A diretora técnica do Instituto de Estudos Estratégicos em Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (INEEP), Ticiana Alvares, afirmou que o debate sobre a exploração da Margem Equatorial precisa ir além da questão ambiental e se concentrar no uso estratégico da riqueza nacional. Em entrevista ao programa TV GGN 20h, exibido na noite desta segunda-feira (20) no YouTube, Ticiana destacou que a pergunta central não é “liberar ou não liberar” a Petrobras para atuar na região, mas sim “para que aumentar a exploração de óleo e gás no Brasil”.

Segurança energética

A Margem Equatorial voltou ao centro das atenções após o Ibama liberar a exploração na área. Segundo o INEEP, a decisão é necessária para garantir a segurança e a soberania energética do país nas próximas décadas. O argumento técnico é que o Pré-Sal, atual base da produção brasileira, deve atingir seu pico por volta de 2030 ou 2031 e, a partir daí, entrará em declínio.

Se quisermos continuar falando em segurança energética, sim, é necessário buscar novas fronteiras. E, nesse caso, a Margem Equatorial é realmente promissora”, explicou Ticiana. Ela comparou o potencial da área às recentes descobertas da Guiana, do Suriname e da costa africana, observando que, embora as reservas ainda não estejam plenamente dimensionadas, o potencial é significativo.

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A diretora reforçou que o petróleo continuará relevante nas próximas décadas, mesmo com o avanço da transição para energias renováveis. “Se o Brasil é detentor dessa riqueza, não é justo abrir mão dela”, afirmou, lembrando que a liberação do Ibama foi positiva, desde que a Petrobras cumpra todas as exigências ambientais previstas.

Agregação de valor

Para o INEEP, o principal desafio não é explorar, mas definir o destino da produção e da renda petroleira. A instituição defende que a exploração da Margem Equatorial seja integrada a uma estratégia nacional baseada em três eixos: agregação de valor por meio do refino nacional, destinação de parte dos recursos à transição energética e estímulo ao desenvolvimento regional nos estados litorâneos, que figuram entre os piores nos Índices de Desenvolvimento Humano (IDHs) do país.

O INEEP também propõe que a renda do petróleo seja utilizada para reativar cadeias produtivas ligadas ao setor de óleo e gás e financiar o avanço tecnológico em energia limpa. “Se não fizermos isso agora, teremos uma inserção subordinada no futuro. É uma oportunidade histórica que o Brasil não pode desperdiçar”, concluiu Ticiana.

O papel do governo

A diretora técnica também lembrou que o presidente Lula (PT) tem uma visão estratégica sobre a questão energética, mas enfrenta uma correlação de forças mais complexa do que no período de criação do Pré-Sal em meio ao “estrago deixado pela Lava Jato“.

Há expectativa de que Lula anuncie, possivelmente durante a COP 30, em Belém, uma sinalização mais clara sobre o futuro da Margem Equatorial e o uso da renda petroleira como instrumento da transição energética.

Clique aqui para assistir a íntegra do programa:

Fonte(s) / Referência(s):

Jornalismo AEPET
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