Despesas nos governos FHC estavam controladas?
Os neoarautos da austeridade entregaram oposto do que pregam
Como visto na última coluna, os economistas que hoje arrotam responsabilidade fiscal entregaram o oposto quando participaram do governo FHC. A dívida pública, por exemplo, mais que dobrou (de 29,2% do PIB em 1994 para 59,6% do PIB em 2002). Fabio Giambiagi, do BNDES – de quem podem acusar de muita coisa, menos de ser esquerdista – mostra que, "utilizando o IPCA como deflator, a taxa de juros bruta real Selic atingiu, em média, 22% no período 1995–1998 (primeiro governo FHC), caindo para uma média de 12% nos quatro anos subsequentes".
Ainda segundo texto de Giambiagi, houve no período uma expansão considerável do gasto público federal. "As despesas primárias do Governo Central sujeitas a um maior controle por parte do governo, isto é, aquelas que excluem transferências a estados e municípios, pessoal e benefícios previdenciários, tiveram um aumento real acumulado no período 1995–1998 de 59%, muito acima dos 11% de crescimento do PIB."
Análise realizada em 2012 por Joaquim Miguel Couto (doutor em Economia pela Unicamp) e Beatriz Fernandes Pereira (à época mestranda em Economia/PCE/Universidade Estadual de Maringá – UEM) sobre as contas públicas do Governo Central demonstrou que o período de maior superávit primário ocorreu no primeiro governo Lula: média anual de 2,44% do PIB. Já o período de menor superávit foi durante o primeiro governo FHC: média anual de apenas 0,27% do PIB.
Mas, enfatizam Couto e Pereira, o resultado nominal (inclui juros da dívida pública) acaba sendo o item mais importante das contas públicas. Neste caso, o menor déficit nominal ocorreu no segundo governo FHC (média anual de 1,80% do PIB), mas seguido muito de perto pelo segundo governo Lula (média anual de 1,90% do PIB).
A conclusão é que, se não se livrar do Sistema da Dívida, o terceiro governo Lula não conseguirá tirar o Brasil da armadilha em que se encontra.
Fonte: Monitor Mercantil
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