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Luciano Chagas

As vendas deletérias das descobertas exploratórias continuam céleres

A privatização da Petrobrás continua lenta, irreversível, acelerada e inexorável na ótica e no fim do governo Temer, em ato de desespero. V

Publicado em 27/07/2018
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A privatização da Petrobrás continua lenta, irreversível, acelerada e inexorável na ótica e no fim do governo Temer, em ato de desespero. Vejam a notícia publicada ontem na OFFSHORE, ou seja a venda dos blocos BM-SEAL-4, 4A, 10 e 11 todos na Bacia de Sergipe-Alagoas.

São as vendas de descobertas recentes da Petrobras, as realizadas na bacia, em águas profundas e ultra-profundas (>3000 m) , próximas ao litoral de Aracaju, onde há terminais (TECARMO) e infraestruturas instaladas, que podem ser aproveitadas, pois hoje têm capacidade ociosa. Não se trata apenas de áreas exclusivamente exploratórias e sim de acumulações descobertas, denominadas Farfan e Moita Bonita, etc., que podem encerrar até 2 bilhões de barris de petróleo em volumes recuperáveis ou seja de reservas potenciais, e volumes de óleo "in situ” ainda como recursos contingentes ou potenciais na casa de 8 a 10 bilhões de barris que aguardam as respectivas delimitações.

Diferentes dos demais campos da Bacia SE-AL, que produzem em reservatórios chamados turbiditos, estas descobertas com a mesma denominação compõem reservatórios de leques de fundo de bacia, com óleo de geração marinha, que para os leigos significa depósitos muito maiores, e que contêm mui mais volumes potenciais de óleo, que todos os outros já descobertos nesta Bacia ou sejam, volumes exponencialmente maiores que os anteriores, os chamados depósitos canalizados de turbiditos ("channel levees complex deposits") os mesmos que atualmente estão sendo produzidos nos campos de Brejo Grande, Piranema, Guaricema (primeira descoberta no mar do Brasil) entre muitos outros. Pior, tal sistema petrolífero deve estar espalhado nas águas profundas e ultraprofundas ao longo de todo litoral dos estados de Sergipe e Alagoas, nas embocaduras dos grandes rios atuais que, no passado, desembocavam nos oceanos por outras trajetórias ou caminhos.

Nas antigas (geológicas) embocaduras do grande Rio São Francisco, na década dos 70’s, foi descoberto uma pequena acumulação ou Campo denominado Mero (trabalhei no poço descobridor) com bons reservatórios que continham óleo de boa qualidade, porém em sítios de pequena área mui canalizada (com grande depleção dos reservatório ou acentuada queda de pressão, para os leigos), mas com grande significado, pois indicam, como pistas para os detetives geólogos e geofísicos, que por estes determinados locais passaram as areias que hoje devem estar depositadas no fundo mais profundo da bacia, como grandes depósitos, semelhantes aos que agora estão sendo oferecidos para "parcerias" ou vendas, por preços aviltados, expecto, face as vendas prévias realizadas dos campos de petróleo até então consumadas. Eu já tinha vaticinado que estas vendas ocorreriam. Aconteceram! Estou virando bruxo, pitoniso ou somente e simplesmente exercendo a dedução mais que a óbvia. "A morte da Petrobras via venda ou “parcerias” dos seus melhores ativos”.

Nossos complexos de vira-latas ou de heróis macunaímicos não nos permitem ter uma empresa nacional grande, pujante e protagonista, talvez a única no mundo que acertadamente priorizou os investimentos nas descobertas, ao invés de distribuir gordos dividendos para os acionistas. De que valeu ter tido a estrategia correta se queimamos, por preço de banana podre, o que descobrimos, vendendo barato nossos ativos, para as “majors” que foram imprudentes, ou que adotaram uma estrategia empresarial inadequada, por não analisar corretamente o cenário geopolítico global e que, hoje, estão à míngua em termos de ativos prontos (ou quase) para serem produzidos. Facilitamos a vida delas liquidando os ativos descobertos.

Qual a razão disso? Onde e como o Brasil e a Petrobras serão beneficiados com as vendas? Precisamos obstar ou não tal processo?

Luciano Seixas Chagas

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