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Pedro Augusto Pinho
Administrador aposentado, foi membro do Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra (ESG) e Consultor das Nações Unidas (UN/DTCD).

A questão nacional em 2022

As opções se radicalizam nos comportamentos e discursos dos candidatos e dos eleitores, há certo receio de violência e de golpe no ar. Porém

Publicado em 30/09/2022
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As opções se radicalizam nos comportamentos e discursos dos candidatos e dos eleitores, há certo receio de violência e de golpe no ar. Porém o que está em discussão, em exame no País? Sua condição de colônia, aprofundada por sucessivos governos desde o último do período militar?

Não, caros leitores, discute-se o comunismo (!), a distribuição de armas, o aborto, a corrupção, até a existência de Deus, lembrando o século XV, com os monges discutindo se os anjos tinham sexo e qual seria, enquanto os turco-otomanos conquistavam Constantinopla.

O Brasil passa por gravíssimo momento em que suas instituições estão propositalmente sendo demolidas, suas riquezas alienadas a empresas e Estados estrangeiros, por questão ideológica, pela submissão ao neoliberalismo e à religião neopentecostal.

E neste momento quando se constata profunda mudança no poder mundial, da situação unipolar, dos últimos 30 anos, para a multipolar, deste século XXI, que toma o mais populoso continente, a Ásia, e já se espalha pela África, Europa do leste e países latino-americanos.

Por que esta alienação nacional, à direita e à esquerda?

Não buscaremos respostas filosóficas, bastam-nos os fatos. Depois de Getúlio Vargas e da vitoriosa revolução pela soberania nacional em 1930, dos empreendedores governos de JK, na industrialização e transporte, e Jango, na educação e cultura, e dos três governos gaúchos (1967-1980) do período militar, o Brasil surgia como potência emergente.

E, tendo toda gama de recursos naturais para crescer autonomamente, era visto como concorrente indesejável ao poder mundial.

O mundo também se transformava com o domínio das finanças apátridas, fortemente constituído por capitais ilícitos e marginais. E os conceitos de soberania são questionados tanto na teoria do poder neoliberal quanto na prática de ações que transcendem os territórios nacionais.

Tratemos brevemente de duas destas ações: as alavancagens financeiras e os bloqueios e embargos ao livre comércio entre as nações.

A soberania dos Estados é atingida quando o capital, em paraísos fiscais, se multiplica sem o correspondente respaldo de ativos comercializáveis. Muitas crises ocorridas desde 1987 tiveram suas origens em títulos financeiros, verdadeiros papeis pintados, sem o suporte de bens reais. A denominada “crise do subprime” estadunidense de 2008, espalhando-se pela Europa até 2010, teve no risco dos títulos que não ofereciam garantias suficientes, para se beneficiar da taxas de juros mais vantajosas, sua origem e expansão, levando bancos centrais a disponibilizarem recursos que garantiam suas próprias moedas.

Ora, como fica a soberania de um país, qualquer país, que por jogada irresponsável e incobrável de capitais em paraísos fiscais, coloca sua própria moeda, expressão de soberania em risco. E o que dizer então de países, por um ideal inatingível de paz e prosperidade, que abdicam da soberania monetária como os da “zona do euro”?!

E os embargos comerciais, os bloqueios ao livre comércio entre as nações por disputas que acabam prejudicando outros que nada tem com estas pendências. Veja a situação europeia, do oriente próximo, do norte da África, diante da disputa dos Estados Unidos da América (EUA), carregando com eles a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em luta contra o multilateralismo da Federação Russa e seu poderio tecnológico militar.
Até mesmo o Brasil está sendo atingido por estes embargos, no suprimento de fertilizantes, pois o neoliberalismo levou ao fechamento e alienação as nossas fábricas.

Mas onde está a Questão Nacional, a discussão sobre a SOBERANIA brasileira nesta eleição?

Pesquisem caros amigos, é o que verdadeiramente está em questão não é a raça, no país inteiramente miscigenado, nem o sexo, que é fruto de condições fisiológicas e psicológicas pré-natais, nem a fé, que é questão íntima de cada um. O que está em questão é a possibilidade de trabalhar, de educar-se e aos seus filhos, de ter atendimento de saúde na melhor rede do mundo que é o Sistema Único de Saúde (SUS), e para isso o Brasil tem que ser Soberano, livre de amarras ideológicas que os escravizem.

A Questão Nacional é a verdadeira questão eleitoral.

Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado e presidente da AEPET

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