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Fernando Alcoforado

A Venezuela sob risco de guerra civil e de conflito internacional

A Venezuela caminha celeremente para a eclosão de uma guerra civil sangrenta. Há o risco de intervenção militar dos Estados Unidos para se ap

Publicado em 21/03/2019
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A Venezuela caminha celeremente para a eclosão de uma guerra civil sangrenta. Há o risco de intervenção militar dos Estados Unidos para se apossarem das reservas de petróleo, as maiores do mundo, existentes no país com o apoio de alguns países latino-americanos, entre eles o Brasil, em flagrante desrespeito à Carta das Nações Unidas da qual pode resultar em um conflito envolvendo vários países da América Latina. Afirmamos, também, que esta situação tende a promover o acirramento da nova Guerra Fria entre os Estados Unidos e a Rússia aliada da Venezuela e o agravamento das relações entre os Estados Unidos e a China, também, aliada da Venezuela.

Um fato indiscutivel é que a Venezuela é um país dividido e polarizado ao extremo entre chavistas e antichavistas cuja radicalização atingiu as culminancias com a derrota nas últimas eleições parlamentares do chavismo para as forças de oposição que hoje são maioria na Assembleia Nacional presidida pelo deputado Juan Guaidó que, por sua vez, pretende destituir Nicolás Maduro do poder. No dia 23 de janeiro passado, Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional se autoproclamou Presidente da República da Venezuela contando com o apoio do governo Trump, da OEA, do presidente Ivan Duque da Colômbia e de Bolsonaro do Brasil. Na sequência, Guaidó teve o rápido reconhecimento de mais de 50 países do mundo. As exceções que se declararam contra a mais recente operação para destituir Maduro do poder, entre os países da América Latina, foram os governos mexicano, cubano e boliviano. Turquia, Rússia e China também se posicionaram contra a intervenção norte-americana na Venezuela.

A Rússia alertou que o reconhecimento do deputado Juan Guaidó como presidente da Venezuela pelos Estados Unidos pode levar a um "banho de sangue" no país. Em nota, a Chancelaria russa afirmou que os eventos na Venezuela estão atingindo um ponto perigoso e que Washington desrespeita a lei internacional. A Rússia alertou ainda os Estados Unidos a não realizarem uma intervenção militar na Venezuela, afirmando que tal ação poderia levar a uma catástrofe. Em outra declaração, o Kremlin afirmou que continua a respaldar Maduro e que tentativas de usurpar o poder na Venezuela violam a lei internacional. A Venezuela está, portanto, diante de uma catástrofe humanitária de gigantescas proporções.

No esforço de desestabilizar o governo de Nicolás Maduro, os Estados Unidos e seus aliados organizaram o que foi denominado de “ajuda humanitária” com a entrega de alimentos e medicamentos para a população venezuelana que foi considerada pelo governo da Venezuela como pretexto para a intervenção militar que estaria em curso. Guaidó fixou para o próximo dia 23/01 a entrada de ajuda de outros países na Venezuela. Voluntários irão através de caravanas às fronteiras terrestres e marítimas do país para ajudar. Mas Maduro se nega a receber ajuda internacional, que segundo ele representa um pretexto para uma invasão militar à Venezuela e subsequente golpe para tirar o chavismo do poder. Aumenta a tensão nas fronteiras entre Colômbia e Venezuela e Brasil e Venezuela na véspera do dia fixado pelos Estados Unidos para a entrada da suposta ajuda humanitária aos venezuelanos.

Maduro ordenou o fechamento da fronteira da Venezuela com o Brasil. Normalmente, a passagem é fechada à noite e reabre por volta das 7h do dia seguinte o que não aconteceu nesta manhã. Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) com 22,8 toneladas de leite em pó e 500 kits de primeiros-socorros para os venezuelanos decolou de Brasília em direção a Boa Vista no Estado de Roraima. Da capital de Roraima, os produtos serão levados de caminhões e motoristas venezuelanos até Pacaraima e posterior entrada na Venezuela.

Para evitar a entrada da denominada “ajuda humanitária”, o governo de Nicolás Maduro posicionou próximo à fronteira com o Brasil, que foi fechada às 20 horas de quinta-feira(21/01), seu Sistema de Mísseis de Defesa Aérea S-300VM, desenvolvido pelos russos desde a Guerra Fria que se trata de um sistema escalonado, que vai desde o menor nível com canhões até os mísseis para grande altitude. O sistema antiaéreo inclui lançadores, sistemas de radares e apoio e está posicionado na região do aeroporto de Santa Elena de Uairén, que fica a 11 km da cidade fronteiriça de Pacaraima no Brasil. Há o risco de, além da guerra civil, termos um banho de sangue em nosso continente se houverintervenção militar na Venezuela com a participação dos Estados Unidos, da Colômbia e do Brasil.

Os acontecimentos na Venezuela são de extrema gravidade. É preciso evitar que o Brasil se envolva em um conflito militar que só tem a perder com a morte de muitos de nossos jovens para agradar e atender a ambição imperialista dos Estados Unidos que seria o grande beneficiário ao se apossarem das reservas de petróleo da Venezuela, as maiores do mundo. O povo brasileiro não deve compactuar com estas práticas ilegais que violam o Direito Internacional e a soberania dos povos. O nossos Deputados e Senadores devem evitar que seja consumada esta provocação contra um país soberano, a Venezuela, por mais execrável que seja o seu governo que só deve ser apeado do poder   pela ação do próprio povo venezuelano. Antes de darmos comida e remédios para os venezuelanos, é preciso oferecer comida a nossos pobres e remédios para os nossos hospitais.

*Fernando Alcoforado, 79, detentor da Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017) e Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Bahiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria).

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