Comentários sobre "A História da Petrobrás"
pelas mãos de um dos mais autorizados historiadores do nosso cenário político: o Jornalista José Augusto Ribeiro. Viveu perto dos fatos
pelas mãos de um dos mais autorizados historiadores do nosso cenário político: o Jornalista José Augusto Ribeiro. Viveu perto dos fatos narrados e ao lado de personagens que articulavam o desenrolar da nossa História. Enalteceu alguns deles com seus livros - Tancredo Neves-Jânio Quadros e sua monumental obra - A Era Vargas. O texto que ele oferece à AEPET – uma trilogia, reveste-se de valor excepcional não só pela índole intelectual como pela importância de resgatar de modo objetivo as passagens marcantes de nossa História, em especial da geopolítica do petróleo e da Petrobrás, oferecendo um alcance cívico para torna-lo leitura indispensável para aqueles que se orgulham de sua brasilidade e lutam pela nossa soberania.
Três aspectos sobressaem na História da Petrobrás:
- a evolução dos textos constitucionais:
- o poder e domínio das multinacionais sobre as estruturas politicas e econômicas dos países em que estão presentes seus interesses e fecunda análise no caso brasileiro;
- a grandeza do homem público-Getúlio Vargas;
Com minuciosa e rica pesquisa, o autor traça o difícil percurso dos textos constitucionais escapando do Código de Minas até a Constituição de 1937(Estado Novo) quando os “latifúndios subterrâneos” perderam o direito às riquezas do subsolo e que as multinacionais vinham acumulando com a compra de áreas promissoras, em todo o território nacional, com a então autonomia dos governos estaduais em oferecer as concessões. Garantir ao Estado esses futuros prospectos de riqueza mineral e fóssil já fazia parte de um planejamento que viria a ser efetivado tempos depois pela ação estratégica e politica de um governo que atuava com soberania no delicado cenário de conflito entre nações. Destaca-se nessa quadra politica nacional a existência de homens públicos, que, em sua maioria, faziam avançar o país em proteção à sociedade, sem dúvida, sob a inconteste liderança do Presidente.
Com apurada e ampla pesquisa, José Augusto Ribeiro mergulha fundo ao traçar a natureza de ação das multinacionais e de seus respectivos governos. Impressiona aos estudiosos do assunto o resgate e a costura que ele traça da ação dessas empresas, mesmo denunciadas como traidoras de seus países de origem (Texaco e Presidente Truman) e alcançam gigantescos poderes de manipulação das elites nos países hospedeiros, por meio de corrupção e elaboração de legislação que lhes favoreça. Os registros trazidos à tona no caso do Brasil indicam que daquela época até os dias de hoje, permanecem os mesmos. As justificavas são as mais conhecidas e utilizadas: a presença do Estado na economia impede o desenvolvimento das forças de mercado; a democracia funciona com o livre mercado; a desigualdade social é função da baixa produtividade dos cidadãos;
A Petrobrás, a Eletrobrás, a Vale do Rio Doce, a Companhia Siderúrgica Nacional, a Embrapa, o ITA, e mais, o aço e a energia sob controle do Estado, são algumas das criações planejadas e efetivadas de um estado soberano da Era Vargas que criavam um painel seguro para o desenvolvimento econômico e social do pais.
Ao longo dos textos, José Augusto Ribeiro traz à tona as personalidades dos presidentes que sucederam a era Vargas e onde a Petrobrás constituía sempre o ponto de conflito entre forças nacionalistas e conservadoras a favor do capital internacional e, assim, sempre desafiando a convicção politica no legado Vargas. Analisa o governo Café Filho, o período JK, a passagem Jânio Quadros, os Governos Militares, enfatiza o nacionalismo do Governo Geisel e destaca a descaracterização de um governo soberano no Governo FHC, cuja síntese pode ser indicada pela frase: “O Petróleo é Vosso” contrastando com a ação popular da criação da Petrobrás quando nas ruas gritavam: “O Petróleo é Nosso”. Esse é o ponto de ruptura quando deixamos de preservar a soberania construída nos limites possíveis da geopolítica, o abandono no trato das necessidades sociais onde a desigualdade entre classes corresponde à concentração da renda, a independência nas relações internacionais até então cultivadas, é esse conjunto da profundas alterações que nos distancia da construção de uma nação e de um povo orgulhoso de sua origem.
Colegas petroleiros, sou de opinião que essa trilogia, pela excelência do texto e dos fatos arrolados, deveria ser impresso na maior edição possível e ser distribuído em Diretórios das Universidades brasileiras. A juventude tem que ser alcançada, bem como os sindicatos e, em particular, os empregados ativos da Petrobrás.
Sylvio Massa, economista aposentado da Petrobrás.
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