O abandono do símbolo BR pelo presidente da Petrobrás
O presidente da Petrobrás deixa claro que a “Vibra passou a ser a nossa BR só com novos acionistas”.
“Os cidadãos capacitados (*) têm condições de denunciar as mentiras dos governos e de analisar suas ações, suas causas e suas intenções escondidas. É responsabilidade deles dizer a verdade e denunciar as mentiras”.
Noam Chomsky (*no original “intelectuais”)
Na longa entrevista concedida pelo presidente da Petrobrás ao site 247, em 14/10/23, ele demonstrou com todos os sons e letras que desconhece em profundidade ou finge desconhecer, também em profundidade, o significado histórico e a importância da marca BR Distribuidora Petrobrás, como o vínculo mais representativo da relação entre a Petrobrás e a sociedade.
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Confessa que ficou surpreso ao saber, de empresários chilenos e paraguaios, que a marca BR Distribuidora Petrobrás naqueles países significa o aumento de vendas em 25%%, pois ela inspira confiança na qualidade dos produtos e serviços. Confessa, também, que tem saudades da MARCA, que perdemos o senso de brasilidade, perdemos o pé de apoio. Mas que não sabe como voltar ao mercado de distribuição, se por meio de postos ou de outra forma.
Por outro lado, esclarece que a Petrobrás não tem interesse em comprar qualquer rede de postos ou uma Distribuidora, conforme é divulgado na mídia. Diante desse seu dilema, saudades do símbolo BR e não saber como reaver ou reconstruir a atividade de distribuição na Petrobrás parte para a defesa dos compradores, que agiram por intermédio da aquisição do controle acionário da empresa, não necessariamente correspondente ao valor patrimonial de seus ativos, e que arrastou, em contrato paralelo, a logomarca BR Distribuidora Petrobrás.
O valor histórico da criação da logo marca BR pode não ter sido considerado no contrato paralelo de aquisição da empresa. Não há dados a esse respeito.
Foi então criado um enigma, pois a empresa compradora não utiliza sua própria marca – Vibra – e apropria-se do símbolo BR, enganando os consumidores. O atual Presidente carrega nas tintas, culpando apenas os vendedores, ou seja, a administração da Petrobrás que o precedeu, no que tem toda razão.
Como cidadão experiente, há 23 anos no mercado privado de petróleo, sabe muito bem como são estabelecidos os fluxos de negócios para ambos os lados. Entretanto, não fornece qualquer informação, aliás muito necessária, sobre as providências já tomadas ou a tomar de investigação e análise das negociações efetuadas e o porquê da cessão da Marca franqueada.
Não considera que a Petrobrás esteja participando de uma farsa junto ao mercado consumidor ao permitir que sua Marca seja usada ludibriando a confiança do consumidor.
“Essa ação de conivência fere o Código de Defesa do Consumidor na Seção ll, artigo 31 que registra:” A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas sobre suas características, qualidade, quantidade, composição, preço, garantia, origem,... sobre riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores”.
A Vibra se esconde atrás da BR Distribuidora, que assim assume a responsabilidade do que está previsto no artigo 31. O Presidente da Petrobrás dá a entender, nas entrelinhas, que a BR Distribuidora Petrobrás continua presente no mercado, pois o corpo de empregados é o mesmo, ”100% Petrobrás”, ou seja, o espírito da empresa não se alterou e a Vibra é uma importante cliente da Petrobrás e que mantém “laços estreitos, via diálogo, muito produtivos” com os compradores da BR “que não têm culpa” e que são bons parceiros e compradores de combustível da Petrobrás. Mas se os preços ex-refinaria estão abrasileirados, de quem a Vibra deveria se abastecer? O presidente da Petrobrás deixa claro que a “Vibra passou a ser a nossa BR só com novos acionistas”.
Ao final da entrevista ele assume uma nova e importante posição: “Vamos rever esse contrato”.
Sylvio Massa de Campos é economista aposentado da Petrobrás, com mestrado pelo Conselho Nacional de Economia e pela Università Studi Superiori di Idrocarburi (Milão/Itália), participou da concepção e da criação da Petrobrás Distribuidora BR (12/11/1971)
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