Apoio de Trump à construção naval derruba críticos no Brasil
‘É uma evidência clara para aqueles que ainda questionam as políticas públicas de apoio à indústria de construção naval’

O presidente Donald Trump, em seu primeiro discurso, neste mandato, em uma sessão conjunta do Congresso norte-americano, colocou expressamente como meta do seu novo mandato o compromisso em proteger e incentivar a indústria de construção naval local: “Estou anunciando esta noite que criaremos um novo departamento de construção naval na Casa Branca e ofereceremos incentivos fiscais especiais para trazer esta indústria para a América, à qual ela pertence.”
“Esse claro e contundente posicionamento é uma evidência clara para aqueles que, no Brasil, ainda questionam as políticas públicas de apoio à indústria de construção naval local, como Conteúdo Local Mínimo, Depreciação Acelerada, Fundo de Marinha Mercante e regras mínimas de incentivo à cabotagem por empresas brasileiras; aliás, são incentivos muito aquém aos que os EUA já praticam atualmente, veja o Jones Act”, alerta Wagner Victer, que foi secretário de Energia e Indústria Naval do Rio de Janeiro.
Trump enxerga a indústria naval não só como importante para seu projeto de reindustrialização dos EUA, mas como de importância estratégica fundamental para a segurança nacional. “Que o discurso de ontem (4) sirva de reflexão para que não sejamos tão protecionistas quanto eles, mas que não sejamos ‘bobos’ na definição de políticas públicas”, acrescenta Victer.
A recuperação da indústria naval é uma das prioridades do governo Lula. Em fevereiro de 2025, a Petrobras lançou uma licitação para a compra de oito navios gaseiros. É a segunda do Programa de Renovação e Ampliação de Frota. Em julho de 2024, foi lançada licitação para aquisição de quatro navios da classe handy; o contrato, com valor de US$ 69,5 milhões por embarcação, foi assinado no final do mês passado.
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Na ocasião, o presidente Lula defendeu o fortalecimento da indústria naval brasileira, com a utilização de conteúdo local na fabricação de embarcações. “O Brasil, 95% do nosso transporte de exportação vai de navio. O Brasil é o maior país da América do Sul. Por que a gente não tem uma indústria naval poderosa? Por que a gente tem que comprar navio da Coreia, de Singapura, da China?”, questionou.
A política anunciada por Trump em seu discurso no Congresso levanta também questões sobre segurança nacional, já que a construção naval impacta construção de navios para transporte comercial e plataformas para produção de óleo e gás. Há seis anos, o Sindicato da Indústria da Construção Naval (Sinaval) citou o caso da plataforma FPSO P-67 que, após chegar da China em julho de 2018, teve de passar por reparos na Baía de Guanabara antes de entrar em serviço. O Sindicato alega que o prejuízo com o adiamento da produção de petróleo em mais de seis meses por essa plataforma nunca foi divulgado.
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