Refinaria privatizada produz menos GLP/diesel; importações sobem
Processamento de gás na Rlam caiu 24,5%; na Reman, queda no GLP foi de 73% e no diesel, de 33%
Desde que foram anunciadas as intenções de venda (teaser) e efetivadas as privatizações, as refinarias de Mataripe, na Bahia (antiga Landulpho Alves, a Rlam), e da Amazônia, em Manaus (antes refinaria Isaac Sabbá – Reman), reduziram a produção interna de importantes derivados de petróleo, como gás de cozinha (GLP) e óleo diesel.
Com isso, o Brasil mantém elevadas as compras externas desses produtos para garantir o abastecimento doméstico. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no primeiro trimestre de 2024, as importações já representaram, em média, 23,4% do total de gás de cozinha comercializado no país e 20,2% de óleo diesel.
Ao reduzir a produção, as refinarias privadas não ajudam a diminuir a dependência do produto trazido de fora. A participação dos derivados importados no mercado brasileiro, em 2023, foi de 17% no gás de cozinha e de 25% no diesel.
De acordo com a ANP, entre 2013 e 2018, a Rlam produzia em média 17,2 mil barris de gás de cozinha por dia. Depois do teaser de venda e de efetivamente privatizada (em fevereiro de 2021), a refinaria baiana reduziu sua produção média diária, entre 2018 e junho de 2024, para 13 mil barris de gás de cozinha, ou seja, um recuo de 24,5%.
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No óleo diesel processado pela Rlam também houve queda importante. Entre 2013 e 2018, a produção média era de 86,4 mil barris/dia. Mas de 2019 a junho de 2024, o volume médio caiu para 76 mil barris diários, com declínio de 12%.
O mesmo comportamento é observado na refinaria de Manaus. As estatísticas da ANP mostram que a produção média diária da Reman caiu de 1,3 mil barris de gás de cozinha, entre 2013 e 2019, para apenas 340 barris/dia, entre 2020 e junho de 2024, com queda significativa de 73%. Para o óleo diesel, a diminuição foi de 33%, com a produção da unidade passando de 11,6 mil barris, entre 2013 e 2019, para 7,7 mil barris, no período de 2020 a junho de 2024.
“Infelizmente, com a privatização destas duas refinarias, houve redução na produção de derivados de petróleo e, consequentemente, aumento na necessidade de o país importar gás de cozinha e diesel para abastecer o mercado doméstico. Por trás dessa queda de produção está a falta de compromisso das refinarias privadas com o abastecimento nacional”, frisa Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Cloviomar Cararine, explica que “o óleo diesel e o GLP são produtos de baixa rentabilidade. As refinarias privatizadas precisam concorrer com a Petrobrás, que produz o próprio petróleo e, por isso, tem vantagens competitivas. As unidades privadas ou compram petróleo da Petrobrás ou importam e, assim, estão presas aos preços internacionais”.
Além disso, de acordo com a Edenred Ticket Log, o reajuste nas refinarias elevou preços da gasolina e do etanol em todas as regiões do país na primeira quinzena de julho.
Na análise nacional, a gasolina apresentou acréscimo de 1,1% e alcançou o preço médio de R$ 6,09; já o etanol chegou aos R$ 4,08 após incremento de 2,2%.
Na análise regional, aconteceu no Sul e no Centro-Oeste o maior aumento para a gasolina, de 1,3%. O combustível foi encontrado nas bombas das duas regiões a R$ 6,04 e R$ 6,09, respectivamente. Ainda para a gasolina, o Norte registrou o maior preço médio, de R$ 6,48, enquanto a média no Sudeste foi a mais baixa, a R$ 5,95.
Já no levantamento por estado, a maior média foi registrada no Acre, a R$ 6,98, enquanto o menor valor foi encontrado por R$ 5,82 nas bombas de São Paulo. Em termos de índice de aumento, o maior aconteceu no Maranhão (2,3%), cuja média de preço chegou a R$ 6,14, enquanto a maior redução se deu no Amazonas (- 0,31%), com o combustível sendo encontrado a R$ 6,41, em média.
Na análise por regiões para o etanol, ainda que tenha registrado o maior aumento, de 2,3%, o Centro-Oeste é a região com o combustível mais em conta, a R$ 3,96. Já o etanol com a média mais alta foi encontrado nos postos do Nordeste a R$ 4,68, enquanto o menor incremento, de 0,8%, aconteceu nas regiões Norte e Nordeste.
No recorte por estados, Sergipe registrou a maior média, de R$ 5,10, após alta de 0,3%. Já o menor preço médio está nas bombas de São Paulo, a R$ 3,85, ainda que com a consequência de uma alta de 2,1%. O maior aumento, de 4,8%, aconteceu em Rondônia, onde o combustível foi encontrado a um preço médio de R$ 4,97, enquanto a maior redução (-0,4) aconteceu na Bahia, que levou o etanol a custar R$ 4,54 no período.
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