Brasil exporta mais da metade do petróleo produzido

Vai óleo cru, chegam derivados; falta política industrial que busque desenvolver a cadeia de valor interna.

Publicado em 21/11/2024
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Foto: Petrobrás

As exportações de petróleo no Brasil têm apresentado crescimento significativo. Em agosto e setembro de 2024, por exemplo, superaram até mesmo o agronegócio e a mineração. Apesar da elevada produção e exportação de óleo cru, o Brasil continua importando derivados, tendência que deve persistir na próxima década.

Entre janeiro e setembro de 2024, o país exportou 1,8 milhão de barris de petróleo por dia (MMb/d), o que representa aproximadamente 54% do volume de petróleo produzido no país. Esse volume é 260% superior ao registrado em 2014. Esse crescimento das exportações na última década deve-se, principalmente, à ampliação da produção do pré-sal, em contraste com a modesta expansão da capacidade de refino nacional.

“Esse aumento na produção não foi acompanhado por uma correspondente ampliação da capacidade de refino, resultando em uma contradição. O Brasil se afirma como exportador de petróleo cru, enquanto se vê condicionado a importar derivados para atender a sua demanda interna”, destaca o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).

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O 4º Boletim de Exploração e Produção de Petróleo e Gás, divulgado nesta terça-feira, de periodicidade trimestral, mostra que a perspectiva é que o país mantenha sua atuação como exportador nos próximos anos, inclusive ampliando, em termos absolutos, o volume exportado.

China ficou com mais de 46% do petróleo exportado

O principal destino das exportações em 2024 foi a China, que absorveu cerca de 46,2% do total exportado. Os Estados Unidos e a Espanha se destacaram como outros destinos significativos, recebendo, respectivamente, 13,1% e 10,2% do volume exportado.

Apesar da elevada produção e exportação de petróleo, o Brasil continua importando derivados, tendência que deve persistir na próxima década. “Embora as exportações gerem ganhos financeiros no curto prazo, especialmente em momentos de alta do preço da commodity, a falta de uma política industrial articulada e que busque desenvolver a cadeia de valor interna limita o desenvolvimento econômico e produtivo do país no longo prazo, mantendo-o dependente de importações”, destaca o boletim.

A dependência de derivados importados torna os preços dos combustíveis mais suscetíveis às oscilações provocadas pelas dinâmicas geopolíticas e econômicas globais. “Um planejamento ampliado e integrado para a indústria de óleo e gás, com investimentos em exploração, produção e refino, é crucial para garantir o abastecimento interno e a segurança energética do país, além de posicionar o Brasil de forma estratégica no mercado internacional de petróleo”, desta o boletim.

O volume exportado pela Petrobras experimentou um crescimento significativo ao longo da última década. Em 2013, a companhia exportou cerca de 0,21 milhões de barris de petróleo por dia, o equivalente a 11% de sua produção total. Em 2023, o volume exportado atingiu 0,59 milhões de barris diários, representando 27% da produção total da Petrobras e um aumento de 181% em relação a 2013.

Óleo e gás natural

No terceiro trimestre de 2024, com base nos dados publicados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção média de petróleo foi de 3,35 milhões boe/d. Este volume representa um aumento de 1,2% em comparação com o 2T24. No mesmo período, a produção média de gás natural atingiu 1,01 milhão boe/d, volume que é 11,2% maior que o registrado no 2T24. Vale ressaltar que setembro de 2024 foi o mês com o maior volume de gás produzido no ano.

A produção média de petróleo e gás natural no terceiro trimestre de 2024 (3T24) foi de 4,36 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d). A produção do pré-sal no período foi de 3,48 milhões boe/d, valor que representa cerca de 79,7% da produção nacional no período.

Em relação ao segundo trimestre de 2024 (2T24), a produção nacional registrou um aumento de aproximadamente 3,6%. No pré-sal, observou-se um incremento de cerca de 5,5%, enquanto o pós-sal apresentou uma redução de 11,4%. Já a produção em terra teve crescimento de aproximadamente 19%.Considerando os três trimestres de 2024, a produção média foi de 4,32 milhões boe/d, marca que é 1,4% maior que a registrada no mesmo período em 2023.

Produção de petróleo por bacia

No 3T24, a Bacia de Santos destacou-se como a principal região produtora de óleo e gás do país, responsável por 78,2% da produção nacional, totalizando uma média de 3,36 milhões boe/d. Em seguida, a Bacia de Campos registrou a segunda maior produção média do Brasil, alcançando 683,2 mil boe/d.

No terceiro trimestre de 2024, a Petrobras foi a principal responsável pela produção nacional tanto na posição de operadora como de concessionária. Como operadora, a Petrobras liderou a produção com uma média de 3,91 milhões boe/d, o que representa cerca de 90% da produção total do período. As demais petroleiras, nacionais e multinacionais, operaram a produção de 0,45 milhões boe/d, o que correspondeu a aproximadamente 10% do total.

Fonte(s) / Referência(s):

Marcos de Oliveira
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