Lava Jato deu informações judiciais a autoridades suíças contra a Trafigura, mostram mensagens

A Lava Jato blindou a multinacional no Brasil, enquanto minava a brasileira Petrobras, mas ajudou investigadores internacionais.

Publicado em 06/12/2024
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Membros da ex-Lava Jato, incluindo o ex-procurador Deltan Dallagnol e o ex-juiz Sergio Moro, conversaram com autoridades da Suíça, de forma ilegal e fora das proteções judiciais brasileiras, sobre investigações da então polêmica Operação e a empresa Trafigura.

Desde 2018, o GGN trouxe à tona diversas ilegalidades da empresa de commodities com sede na Suíça, que posteriormente foi acusada de pagar subornos em contratos internacionais. Nesta semana, a empresa está sendo julgada criminalmente na Suíça pelas acusações.

A Operação Spoofing, da PF, já havia levantado a troca de mensagens e informações ilegais entre a equipe da Lava Jato, incluindo o próprio ex-juiz e hoje senador Moro, e os investigadores estrangeiros.

As informações contra a Trafigura foram trazidas pelo GGN, quando a Operação foi deflagrada em 2018. À época, os investigadores apontaram que a empresa, juntamente com outras comercializadoras internacionais, teriam movimentado cerca de US$ 31 milhões em propina, entre 2009 e 2014.

Em 2022, a Trafigura passou a ser investigada pela obtenção de propina em negociação de petróleo na Angola. No ano anterior, o grupo esteve envolvido em diversos lobbies do meio ambiente e negociações suspeitas de corrupção, que ocasionaram a prisão, inclusive, do ex-executivo da Trafigura, Mariano Marcondes Ferraz.

O lobista carioca que representava a Trafigura no Brasil chegou a ser alvo da Lava Jato, que, por sua vez, blindou o nome do grupo internacional e não investigou a concorrente direta da Petrobrás.

Nos anos seguintes, investigada e, posteriormente, em meio à alta dos preços de combustíveis e crise de commodities no mundo, a Trafigura se viu ameaçada economicamente.

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Blindada no Brasil, em março deste ano, a Trafigura foi condenada pela Justiça dos Estados Unidos ao pagamento de multa, depois de admitir que supostamente pagou propina a autoridades brasileiras para garantir negócios com a Petrobrás no Brasil.

Mas a relação do grupo com a Lava Jato foi ainda mais exposta, nesta quarta-feira (04), em coluna de Jamil Chade, do Uol. Segundo o jornalista, as mensagens dos procuradores da Lava Jato e Sergio Moro sobre a empresa revelam que as autoridades suíças chegaram a visitar os investigadores no Brasil, em 2015, com interesse de apurar os pagamentos de propina da Trafigura a outras empresas e funcionários da Petrobrás.

Em abril de 2016, o procurador suíço Stefan Lenz chegou a informar os membros da Lava Jato que estava “prestes a pedir a prisão de Marcondes”, o ex-executivo da Trafigura, mas que enfrentava dificuldades de fazer a ligação entre ele e a multinacional, uma vez que ele atuava como lobista para outras empresas.

Nas mensagens, Dallagnol teria tentado ajudar o investigador suíço, escrevendo a Sergio Moro que Marcondes estava no Brasil e que a força-tarefa queria prendê-lo antes que ele deixasse o país. “Caro, precisamos de uma reunião urgente. Assunto: Mariano Marcondes Ferraz da Trafigura está no Brasil”, teria dito Deltan.

Em menos de 24 horas após aquela mensagem, a Lava Jato decretou a prisão preventiva de Marcondes.

Fonte(s) / Referência(s):

Jornalismo AEPET
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