Raul Bergmann
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Planejamento Estratégico para consecução de um Projeto de Desenvolvimento do Brasil para os Brasileiros - PDBB

Reflexões de um brasileiro

Publicado em 27/08/2025
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Em meu artigo “A maior carência nacional: um Projeto de Desenvolvimento do Brasil para os Brasileiros – PDBB (”), apresentei que, para desenvolvermos um projeto de desenvolvimento do País, seria necessário uma ampla participação da Sociedade e com lideranças para conseguir uma convergência produtiva, factível e sustentável para seu sucesso.

Para tal “É necessário que lideranças nacionais se apresentem com coragem e desprendimento para uma nobre missão como essa, pois se nada for feito a decadência nacional das últimas décadas continuará pelas próximas, com consequências imprevisíveis.”

Face aos inúmeros níveis de especialidades, necessidades, capacidades e prazos envolvidos, será necessário um processo de planejamento que abranja todo o País, podendo chegar a 40 anos, cuja metodologia pode ajudar na convergência necessária para elaboração do projeto nacional e que seja coerente com um processo para sua execução efetiva.

Estruturalmente precisaremos de vários vetores que interajam de forma orgânica e harmoniosa entre si, como por exemplo, CIDADANIA e SOBERANIA, ESTADO e PRIVADO, INDUSTRIALIZAÇÃO e PESQUISA, INDÚSTRIAS e UNIVERSIDADES, PESQUISA e ENGENHARIA, ESTRUTURAÇÕES GOVERNAMENTAIS, POLÍTICAS, FINANCEIRAS, EDUCACIONAIS, SAÚDE, SEGURANÇA, SOCIAIS, entre outras, sem o que vai ser muito difícil qualquer construção de um futuro.

Hoje estamos vendo um entreguismo escancarado em nome do BRASIL, acarretando uma subserviência e dependência incompatível com qualquer projeto de desenvolvimento de bom senso, ressaltando que todos os países que se desenvolveram foi graças a sua independência e soberania.

Não haverá como arrancar com tudo junto, portanto ter-se-á que estabelecer vetores de condução do processo que terão que ser muito protegidos e amparados, ficando a pergunta: como se fará isso?

Creio que ter-se-á que partir da realidade existente, e de como modificá-la. Repensar as estruturas existentes visando uma unipolaridade de foco, e o que fazer, a começar pela industrial já em andamento, a exploração das nossas riquezas naturais inclusive pelas novas carências mundiais, retomada do papel do Estado como indutor do desenvolvimento sustentado com justiça social, e assim sucessivamente. Ou seja, tem que ser um projeto de longuíssimo prazo, onde as etapas sejam concatenadas e aí seguir adiante, cada passo, com as estratégias de cada um deles.

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O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO é uma metodologia que pode ser utilizada em todos os níveis institucionais, como órgãos públicos, privados, comunitários e até familiares, em que o processo decisório que recebe as sugestões e propostas para elaboração do planejamento esteja comprometido com sua viabilização e execução.

O planejamento estratégico, valendo-se de ampla gama de contribuições externas e internas, é definido pelos vários níveis de decisão, estabelecendo as responsabilidades e ações necessárias para alcançar os resultados do Projeto e suas etapas, comprometidos pelas instituições. Além disso, como é de prazo relativamente longo, deve estar apto a enfrentar os problemas e aproveitar as oportunidades que seguramente ocorrerão.

Participei na elaboração de vários planejamentos estratégicos, com apoio de assessores com diferentes metodologias, e a que me pareceu mais adequada a esse processo para consecução de um Projeto de Desenvolvimento do Brasil para os Brasileiros – PDBB é essa com as seguintes etapas:

1 – Finalidade (Razão de Ser, Objetivo)

2 – Rotas Estratégicas e Estratégias

3 – Definições Táticas

4 – Operacionalização

Todas essas etapas devem ter metas e indicativos, que podem ser temporais, numéricos, estatísticos ou de percepção objetiva, para avaliar sua evolução e permitir atualizações e revisões visando adequação as novas realidades e oportunidades, numa frequência compatível com os prazos para cada etapa.

Cabe ressaltar que, de um modo geral, as propostas e sugestões para construção do planejamento normalmente serão com visões importantes, mas setoriais e específicas, e que deverão se integrar num processo que vise a exequibilidade do PDBB. Será necessário, portanto, estabelecer uma malha integrada de planejamentos estratégicos, para que as instituições público e privadas envolvidas possam participar na consecução do projeto de desenvolvimento nacional.

Além disso, se a elaboração do projeto de desenvolvimento já ocorrer com o conhecimento da metodologia para o Planejamento Estratégico creio que poderemos ter uma visão mais integrada do processo todo, com mais chances de sucesso.

Finalidade (Razão de Ser, Objetivo)

É a meta Institucional estabelecida no Projeto, e em todas as suas diferentes rotas e etapas, em que o processo decisório assume as responsabilidades pela consecução e resultados previstos. É muito importante o comprometimento e competência dos responsáveis com as realidades externas e internas às Instituições, e aos problemas e oportunidades que surgirão.

Rotas Estratégicas e Estratégias

São as linhas gerais de atuação estabelecidas pelos principais responsáveis para atuação da estrutura organizacional das Instituições para o atendimento da Finalidade/Contribuição estabelecidas. Para sua definição é importante a participação de pessoas capazes, tanto externos quanto internos, inclusive representantes das etapas seguintes do Planejamento.

Definições táticas

São o estabelecimento, pelos responsáveis na estrutura intermediária, das ações operacionais, recursos e processos necessários para consecução das correspondentes Finalidades. Para sua definição é importante a contribuição de pessoas capazes, e também de representantes da estrutura estratégica e operacional, para garantir a integração do processo.

Operacionalização

É o estabelecimento, pelos responsáveis operacionais, das ações necessárias para alcançar a Finalidade do Projeto. Também é importante a contribuição de pessoas capazes operacionalmente, bem como representantes estratégicos e táticos, para a integração do processo.

Logicamente haverá uma malha nacional de Planejamentos Estratégicos para atender um País continental, com áreas, interesses e populações diferentes, tanto públicas quanto privadas, nas próximas décadas, sendo necessário, portanto, uma coerência entre os diversos planejamentos com o PDBB, e uma competente estrutura de coordenação para a garantir sua integração e permanente adequação aos problemas e oportunidades que surgirem.

Creio que essa poderia ser uma abordagem importante para estruturar a prevista Reforma Administrativa do Estado, bem como da estruturação dos interesses e necessidades privados, visando alcançar maior produtividade, competividade e soberania do País, com consequentes benefícios para a população brasileira.

Com esse fundamento, entendo que os países que se desenvolveram alcançaram seu sucesso tendo como base: energia, tecnologia, capacidade financeira, projeto de desenvolvimento e uma população ávida por participar e elevar sua qualidade de vida.

Visando ajudar no processo, quero apresentar, em anexo, um esboço dessas etapas iniciais de um Planejamento Estratégico para um PDBB, visando dar uma ideia do processo para sua elaboração inicial, e que deverá ser seguida por muitas etapas, detalhamentos e definições para todas a entidades envolvidas em sua consecução, ao longo das próximas décadas.

Anexo:

Planejamento Estratégico – sugestão de estruturação para implantar um
Projeto de Desenvolvimento do Brasil para os Brasileiros - PDBB

Nesse processo todo é fundamental uma participação competente e comprometida do Estado, da Inciativa Privada e da População, tanto nos processos decisórios, quanto no planejamento e controle, para alcançar os resultados previstos.

Estado

Para isso o Estado deve ser estruturado para ser administrado por Governos realmente representativos do maior interesse nacional, com competência, idoneidade e isenção, com uma visão de longo prazo para o País.

Algumas premissas são importantes para isso:

- Educação: peça fundamental de todos os desenvolvimentos que estamos vendo, tanto como capacitação profissional, empreendedora e de cidadania, em todos os níveis educacionais. Hoje estamos regredindo, e apesar disso, temos exemplos no País de sua viabilidade, a ser integrada em seu conteúdo e finalidade ao PDBB.

- Financeira: estruturação separada para investimentos - destinação de recursos com risco e prazo de retorno elevados para produção de riqueza - e aplicação financeira - com menores prazos e risco de retorno para poupança/empréstimo visando dinamizar a economia -, portanto com lucros justos bastante diferentes, como já foi praticado no mercado mundial. Além disso, importante a atuação do Estado no financiamento estatal e privado nacional coerente com o projeto nacional, para induzir o desenvolvimento do País.

- Tecnologia: desenvolvimento tecnológico do País, tanto próprio quanto importado, para aproveitamento de nossas potencialidades (humanas, energia, minérios, agrícola, industriais, etc.) visando a sustentabilidade e competividade nacional.

- Administração Pública: estruturada para atender as necessidades do País e sua permanente adequação ao projeto de desenvolvimento com justiça social, tanto na sua elaboração e controle, quanto nas adequações necessárias decorrentes de problemas e oportunidades que ocorrerem. Essa já é uma carência nacional, tanto por falta de recursos quanto por ociosidade, com uma excessiva malha de atuação.

- Tributação: estrutura tributária visando o desenvolvimento do País com justiça social. O imposto, além de arcar com o custo administrativo das instituições públicas, deve ser visto como o retorno do investimento na estruturação básica em uso no País e capacidade para reinvestir para o progresso e sustentabilidade.

- Mercado internacional: regulação com o comércio internacional visando prioritariamente o interesse nacional: importação de bens necessários ao nosso desenvolvimento e exportação somente do excedente às necessidades do País. Importação de bens de consumo deve ser temporária, pois significa exportação do trabalho e de riqueza nacional para pagá-los. A entrega de ativos nacionais para empresas estrangeiras deve ser analisado com muito cuidado, pois acabam implicando na remessa permanente para o exterior dos lucros obtidos dos brasileiros, em lugar de permanecer no País, onde poderia ser reinvestido.

Inciativa Privada

A Iniciativa Privada, pelas suas características, também é fundamental no processo, pela capacidade, eficácia e rapidez de ação do empreendedorismo para o desenvolvimento e atendimento das necessidades do País e da população.

Para isso, e garantir seus resultados, é importante a Iniciativa Privada se estruturar, participar e se comprometer tanto na elaboração do projeto de desenvolvimento do País, quanto no seu processo de planejamento e execução.

Creio que algumas premissas são importantes para isso:

- Necessidades básicas: a iniciativa privada não é autossuficiente na sua produção e atuação, pois obtém sua produtividade e competividade, além de sua competência, graças ao suporte estatal de infraestrutura (energia, matérias primas, estrutura de logística, etc.), educação e saúde da população (desde a alfabetização até a profissionalização), segurança pública, etc., mesmo que tenham deficiências, pois sem elas seria pior, cabendo, pois, um esforço conjunto para otimizá-las.

- Distribuição de lucro: deve ser considerada sua dependência do suporte estatal, e que ele é obtido da população, que se constitui seu mercado consumidor mais fiel, portanto, não deve ser abusivo (minimizar custo mão de obra, maximizar preços, exportar em detrimento do consumo nacional, etc.), nem contrariar o interesse nacional, pois a generalização de sua maximização impedirá o desenvolvimento nacional por falta de mercado consumidor.

- Remuneração do capital: o investidor privado é pessoa física que obtém seu rendimento, além do pró-labore, da lucratividade decorrente de um capital físico, e o capital do trabalhador é sua vida, devendo, pois, participar também dessa lucratividade, além de seu salário, como já foi feito no País, retornando a maior parte ao mercado consumidor, e, portanto, de produção.

Brasileiros

Por outro lado, a população deve ser a maior beneficiária desse processo todo, pois hoje é a mais carente, com pouca capacitação e visão de perspectivas, desinformada, com elevada desigualdade social e baixo nível de cidadania, mas que tem mais a ganhar, sendo, pois, importante no desenvolvimento nacional.

Para isso é fundamental organizar a população, para também participar e se comprometer tanto na elaboração do projeto de desenvolvimento do País, quanto no seu processo de planejamento e execução, seja por participação direta em associações e comunidades, ou por representação como nas áreas políticas e associações privadas.

Creio em algumas premissas importantes para isso:

- Cidadania: compreensão e exercício de conceitos éticos e morais de que liberdade pressupõe responsabilidade, direitos pressupõe obrigações, justiça, honestidade, fraternidade, solidariedade com o próximo, etc., e de que as transgressões devem trazer consequências corretivas somente para os transgressores.

- Comunicação: estruturar um sistema de comunicação não monopolista, que a divulgação seja esclarecedora, educacional e responsável, com as diferenças de opinião, o andamento do projeto de desenvolvimento, as contribuições e a ação dos responsáveis nas diversas áreas, etc.

- Processo político: estruturar o sistema político federal, estadual e municipal visando representar o interesse nacional e da população com competência e responsabilidade, de modo que o projeto de desenvolvimento nacional e sua consecução estejam permanentemente sendo alcançados.

Nesse processo todo sugiro assistir o vídeo

Prof. Michael Hudson: A Volta do Nacionalismo Econômico?

https://www.youtube.com/watch?v=e_aYqDWcbvM&list=PL-sLY65mhMjR1NFF_YrEBCBrXn-y0_dgD&index=3&t=1031s&ab_channel=GlennDiesenPortugu%C3%AAs

em que o Prof. Michael Hudson faz um breve relato histórico de como os EUA superaram o imperialismo econômico da Inglaterra, que reprimia seu desenvolvimento, e verificar que isso é histórico, mas tem solução.

Cabe ressaltar que, em nosso processo histórico também sempre estivemos submetidos a um imperialismo similar, mas tivemos a experiência de um período de 50 anos de desenvolvimento que nos levou a oitava economia do mundo, do qual estamos regredindo, mas que pode nos servir de modelo.

Tivemos várias condições que sustentavam esse desenvolvimento e foram mudadas nas últimas décadas, como redução do poder aquisitivo do trabalho e aumento de preço nacional por competir com a exportação para mercado com poder aquisito mais de 4 vezes o nosso, e, logo, redução do mercado e consequente ociosidade e falências industriais, estrutura tributária e financeira nacional, etc., e que deverão ser reavaliadas visando o resultado do PDBB.

Espero que essa matéria contribua para fomentar uma união nacional para sair da situação de decadência em que nos encontramos.

Eng. Raul Tadeu Bergmann/AEPET – Associação de Engenheiros da Petrobras/Conselheiro

11/08/25

(*) (https://aepet.org.br/artigo/a-maior-carencia-nacional-um-projeto-de-desenvolvimento-do-brasil-para-os-brasileiros-pdbb/

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