Brasil, Guiana e Argentina lideram a próxima onda de produção de petróleo fora da OPEP.

A Rystad Energy prevê que a América do Sul, liderada pelo Brasil, Guiana e Vaca Muerta, na Argentina, será a principal fonte de petróleo não pertencente à OPEP+ com custos competitivos, representando quase 60% da nova capacidade de produção de petróleo convencional até 2030.

Publicado em 11/11/2025
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FPSO Almirante Tamandaré. Foto: Agência Petrobrás

O petróleo proveniente das águas profundas do Brasil, Guiana, Suriname e da formação de shale Vaca Muerta, na Argentina, será uma fonte crucial de oferta de petróleo não pertencente à OPEP a preços competitivos até 2030, prevê a Rystad Energy. A Rystad acredita que a demanda global por líquidos atingirá o pico na década de 2030, em torno de 107 milhões de barris por dia (bpd), manterá um patamar acima de 100 milhões de bpd até a década de 2040, antes de cair para cerca de 75 milhões de bpd em 2050. De acordo com a consultoria norueguesa de energia, a oferta de países não pertencentes à OPEP+ será fundamental para equilibrar o mercado global, com o petróleo barato da América do Sul ajudando a compensar o crescimento mais lento da produção de shale nos EUA. Espera-se que os produtores não pertencentes à OPEP+ sejam responsáveis por cerca de 5,9 milhões de bpd, ou quase 60%, da nova produção de petróleo convencional atualmente em desenvolvimento até 2030 (nova capacidade total). A América do Sul será a principal fonte desse crescimento da oferta, com 560.000 barris por dia de petróleo bruto e condensado, enquanto a América do Norte fornecerá cerca de 480.000 barris por dia.

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Radhika Bansal, vice-presidente de Pesquisa de Exploração e Produção da Rystad Energy, afirmou que os poços produtores atuais devem entregar menos da metade de sua produção atual até 2030, uma tendência que reforça a necessidade de investimentos contínuos em campos novos e maduros. Ela observou que os ativos não desenvolvidos e descobertos continuarão a desempenhar um papel fundamental no atendimento às necessidades globais de oferta até meados da década de 2030. Embora o mercado possa apresentar um breve período de excesso de oferta, Bansal alertou que "riscos na superfície podem causar atrasos nos cronogramas dos projetos". Ela acrescentou que o histórico de produção em águas profundas da América do Sul a posiciona bem para fornecer petróleo a preços competitivos globalmente, sendo necessários investimentos contínuos, visto que a lacuna de oferta deve aumentar após meados da década de 2030.

O Brasil é uma das principais fontes de crescimento da produção, especialmente em seus prolíficos campos de petróleo do pré-sal em águas ultra profundas, que apresentam baixos custos de retorno do investimento. Grandes investimentos estão sendo realizados, com diversas novas Unidades Flutuantes de Produção, Armazenamento e Transferência (FPSO) programadas para entrar em operação neste ano. A produção de petróleo offshore no Brasil é um dos principais motores de sua economia, com produção proveniente principalmente de campos do pré-sal, operados majoritariamente pela estatal Petrobrás. O país estabeleceu novos recordes de produção e continua a aumentar sua produção por meio do desenvolvimento de novas plataformas e da exploração em campos de águas profundas, embora enfrente desafios regulatórios e de infraestrutura.

A produção de petróleo da Guiana aumentou rapidamente, ultrapassando 770.000 barris por dia em outubro de 2025, principalmente devido aos projetos do consórcio liderado pela ExxonMobil no Bloco Stabroek. Esse aumento foi impulsionado pelo início das operações do projeto Yellowtail, a quarta unidade flutuante de produção (FPSO). A expectativa é que a Guiana atinja 900.000 barris por dia quando a quarta unidade estiver totalmente operacional, com o objetivo de longo prazo de produzir mais de um milhão de barris por dia quando projetos como Uaru e Whiptail entrarem em operação em 2026 e 2027. De fato, a Exxon afirma que a Guiana poderá produzir quase 1,3 milhão de barris por dia até 2027, tornando-se um dos maiores produtores per capita do mundo.

Enquanto isso, a produção de shale de Vaca Muerta aumentou 26% em relação ao ano anterior, para mais de 447.000 barris por dia, e agora representa a maior parte da produção total de petróleo da Argentina, segundo estimativas da Rystad Energy. Vaca Muerta é uma das maiores reservas de petróleo não convencional do mundo, estimada em 16,2 bilhões de barris de petróleo recuperável. A produção foi impulsionada por investimentos significativos, resultando em custos de extração mais baixos nas principais áreas de produção e aumento da produtividade. O otimismo dos investidores e o foco no desenvolvimento de infraestrutura são cruciais para o crescimento futuro, como se observa com empresas revertendo decisões de saída e empresas como a norueguesa Equinor retornando à região. A Equinor e a Shell adquiriram uma participação de 49% no bloco Bandurria Sur da Schlumberger em 2020, após a entrada inicial da Schlumberger na região em 2017 e um acordo subsequente com a YPF para desenvolver o bloco Bajo del Toro.

No entanto, a icônica bacia está mostrando sinais de desaceleração, principalmente na atividade de perfuração, devido à saturação da capacidade de escoamento. Curiosamente, o gás natural está agora roubando a cena em Vaca Muerta, com a produção de gás seco atingindo 2,1 bilhões de pés cúbicos por dia (Bcfd) no primeiro trimestre de 2025, um aumento de 16% em relação ao ano anterior. De acordo com a Rystad, a Argentina está agora "...buscando uma estratégia nacional ousada e multifásica para exportação de GNL, o que significa que a Argentina poderá em breve se tornar um ator fundamental no fornecimento global de gás, remodelando significativamente os mercados e a geopolítica da energia."

Fonte(s) / Referência(s):

Alex Kimani
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