Dólar vira tigre de papel
O acordo China-Rússia, firmado por Putin-Jiping, de tocar a relação comercial entre os dois países na alavancagem da rota da seda, vanguarda
O acordo China-Rússia, firmado por Putin-Jiping, de tocar a relação comercial entre os dois países na alavancagem da rota da seda, vanguarda econômica internacional no século 21, é soco no estômago de Tio Sam, em bombardeio monetário contra o dólar. Trocas comerciais com moeda chinesa e russa, yuan por rublo e vice-versa. Materializa-se pregação de Mao Tse Tung de que a moeda de Tio Sam acabaria, no contexto das contradições do capitalismo, como tigre de papel. Chegou ao fim a hegemonia global da moeda americana, afetada pelos mega-déficits produzidos pela financeirização econômica global, que emergiu com o fim do padrão ouro, no anos 1970. De lá para cá, Tio Sam descolou o dólar do ouro, antigo padrão monetário, sustentáculo do liberalismo econômico, e deixou a moeda flutuar. Excesso de oferta de dólar invadiu o mundo a juro baixo, até que ficou vulnerável, levando o BC americano a puxar violentamente a taxa de juro nos anos 1980, para não naufragar-se. Os devedores em dólar, como o Brasil, entraram em bancarrota, na periferia capitalista, e nunca mais conseguiram estabilidade segura. Tiveram que sujeitar-se ás receitas neoliberais, impeditivas de desenvolvimento sustentável.
Câmbio instável, artificialmente, alto, dívidas externas e internas expansionistas, sem controle, deterioração nos termos de troca, reprimarização econômica, sucateamento industrial e produtividade baixa, articulada por relações de trocas, impostas do centro sobre a periferia, em nome de ajustes fiscais colonizadores, transformaram-se em inferno a vida das economias subdesenvolvidas. O centro dinâmico do capitalismo, nesse período, comandado por Tio Sam, financeirizou as relações globais. A reprodução ampliada do capital financeiro deixou de ser realizada na produção de bens e serviços, para se dar na pura especulação. Resultado: fragilidade financeira relativa do dólar quanto mais seus aliados, massacrados pelas relações de trocas coloniais, entravam em buraqueira neoliberal, cuja essência é superconcentração de renda, de um lado, e superexploração salarial, de outro, razão maior da falta de competitividade econômica das periferias capitalistas.
A recolonização econômica, no compasso da financeirização econômica global, fragilizou, relativamente, os Estados Unidos, em comparação à potência chinesa, que optou pelo nacionalismo econômico, ao lado da Rússia, que, também, se recuperou do desastre da queda do Muro de Berlim, em 1989,recusando terapias neoliberais, depois que os generais russos botaram para correr os neoliberais Gorbachov e Ieltsent, e apostaram suas fichas no nacionalista Putin e sua estrategia de recuperar a Grande Rússia, eufemismo de União Soviética rediviva.
China-Rússia, com novo proposta de recuperação global, coloca em cena novo debate econômico, político e social global: ficar sob as asas de Tio Sam, que deixou de dar sombra, ou optar-se pela nova proposta desenvolvimentista, com reativação das relações de troca globais, mediadas não mais, hegemonicamente, pelo dólar, mas por moeda binacional China(yuan)-Rússia(rublo), que tende a se empoderar com a internacionalização dos Brics e seu novo banco mundial desenvolvimentista?
E o Brasil, ficará batendo continência para Tio Sam, que não lhe compra nada, nem um grão de soja nem de milho e quer lhe tomar as empresas, mediante pressão ultraneoliberal, ou retomará o caminho dos Brics, que ajudou a colocar em pé, tornando-se ponta de lança desse novo sistema monetário na América do Sul?
Fonte: Independência Sul Americana
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