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O chanceler do superbloco Brics

O acrônimo Bric – derivado de tijolo (brick) – foi criado, em 2001, pela equipe do então economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O'Neil, acr

Publicado em 08/12/2021
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O acrônimo Bric – derivado de tijolo (brick) – foi criado, em 2001, pela equipe do então economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O'Neil, acreditando no potencial econômico, nas próximas décadas, dos países Brasil/Rússia/Índia/China. Em 2008, a ideia foi efetivada com o arranjo institucional pelos dirigentes Lula/Medvedev/Singh/Hu Jintao. Em 2011, por ocasião da III Cúpula, a África do Sul foi incorporada ao bloco, que adotou a sigla Brics.

O potencial de crescimento do bloco, prenunciado por O'Neil em 2001, foi confirmado pelo forte crescimento chinês e do Brasil ao passarem sem grandes perdas pela Crise de 2008 (em 2010, o Brasil cresce 7,5% e traz o imenso potencial da província do pré-sal). Em 2010, o bloco alcançou o PIB conjunto de US$ 11 trilhões – 18% do PIB mundial, ou US$ 19 trilhões – 25% do PIB mundial pela Paridade do Poder de Compra (PPC).

Em 2017, conforme dados do World Economic Outlook (WEO), o PIB-PPC do Brics alcançou 29,3% do PIB-PPC mundial, maior do que o dos EUA (16,1%) e o da UE (12,9%). As estimativas, para 2019, eram Brics chegar a 30,6%, enquanto EUA cairia para 15,9% e UE para 12,5%.

Atualmente, a China se consolida como o maior PIB mundial em PPC, tendo passado com poucas perdas econômicas pelos anos da Covid-19. A economia russa, apesar de perdas pela recessão mundial, tem se consolidado como potência energética e militar. Já o Brasil, a Índia e a África do Sul sofreram por falhas políticas e administrativas, perdendo substância econômica conjuntural, sem, entretanto, perder seus fundamentos de médio prazo.

A China não só revela ao mundo a tecnologia do 5G, como desenvolve o projeto Belt and Road Initiative (BRI), significando rotas de comércio para o mundo, onde os EUA e a UE são seus maiores compradores.

Então, o superbloco significa comércio&paz para o mundo, não? Sim, o comércio entre nações sempre significou algo como positivo de interação entre povos e desenvolvimento! Só que no contexto geopolítico, o predomínio de um país vendedor sobre outro pode significar desequilíbrio no poder econômico e político global.

E, principalmente, quando um país, a China, ultrapassa a barreira tecnológica da informação e comunicação com o 5G, e a Rússia ou equipara ou supera a tecnologia bélica da nação ainda hegemônica financeiramente. O que dirá se ainda os 3 países restantes do bloco, Brasil, Índia e África do Sul, estiverem unidos politicamente fortalecendo com matérias-primas e combustível o poder econômico e comercial do Brics?

Então o que vemos? Em janeiro de 2021, no Fórum Econômico Mundial, desta vez realizado na forma virtual, Rússia e China, na figura de seus dois líderes, Putin e Xi Jinping, afirmaram a necessidade da multipolaridade para o progresso do mundo e para o necessário fortalecimento da gestão global de forma relevante para o enfrentamento à peste assassina – Covid-19.

Putin lembrou dos riscos, inclusive bélicos, ameaçando a existência terrena, pela manutenção da unipolaridade, e Xi Jinping reafirmou o fortalecimento das instituições mundiais para fins da gestão global perante a pandemia e ofereceu um modo de "ganha/ganha" perante um mundo ainda desigual pelo poder econômico concentrado.

A partir de janeiro o que vemos até agora é a reação do poder unipolar se sentindo ameaçado. Diante do impasse, o mundo posterga um enfrentamento à pandemia de maneira global e se prejudica entre perdas humanas e baixa recuperação econômica! Qual a solução?

1 – Vacinação tecnicamente possível: O mundo transformou a possibilidade de vacinação universal em guerra das vacinas. Nos últimos 2 anos de pandemia, foi dito, inicialmente, que uma vacina só apareceria em 4 anos. A Ciência surpreendeu e surgiram vacinas em menos de 2 anos, a vacinação começou, mas ainda é claramente insuficiente ou por desigualdade econômica&logística ou por discussões políticas. O fato é que vacinação sempre foi um ato de amor à humanidade, mas agora além disto é pragmaticamente necessária: em um mundo globalizado, a não vacinação de forma relevante é, simplesmente, a contínua geração de novas cepas!

É caro? A OMS estima uma necessidade de 8 bilhões de doses, a um custo médio de US$ 15 por dose, seriam US$ 120 bilhões ou 0,22% do PIB conjunto de EUA, UE e dos Brics, igual a US$ 55 trilhões (vide pt.tradingeconomics.com/matrix). Então, menos de 1% para salvar a humanidade e recuperar a economia!

2 – Comércio mundial tecnicamente possível: A China é a maior fornecedora de produtos para os EUA e UE. A Rússia é a maior fornecedora de gás natural para a UE. O dólar é a moeda universal. Consumidores estadunidenses estão acostumados a comprarem produtos "made in China". Então, como travar o que já funciona há décadas? Como a administração estadunidense pode retrair um fluxo de comércio estabelecido e consolidado? Como enfrentar uma inflação de custos se retirar produtos e insumos chineses com seus custos reduzidos? Só seria possível através de constrangimentos políticos internacionais gerados por parte da administração estadunidense. E esta parte administrativa representa os interesses verdadeiramente estadunidenses?

3 – Comércio e Paz politicamente negociada: Estamos diante de 2 dilemas mundiais, a necessidade da vacinação universal e a liberação de sanções ao comércio internacional.

Mas quem faria isso? O Papa e lideranças mundiais! As 2 questões estão lançadas, se faz necessário uma grande concertação mundial, mas ainda falta mais alguém, sim o mesmo que na primeira década participou ativamente de avanços institucionais mundiais, sim, falta Lula na grande concertação, o mesmo que participou da expansão do G7 para o G20, o mesmo que participou da criação do superbloco Brics!

Então, por que não Lula como chanceler do Brics? Salvem a humanidade!

Gustavo Galvão é doutor em Economia, autor do livro Finanças Funcionais e a Teoria da Moeda Moderna.

Helio Silveira é economista aposentado do BNDES.

Rogerio Lessa é jornalista econômico.

Guilherme Estrella é geólogo aposentado da Petrobras.

Fonte: Monitor Mercantil

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