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Marcos de Oliveira

O fim da globalização?

A 'desglobalização' tem um custo, assim como teve a implantação

Publicado em 05/01/2023
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O ano passado foi crucial para a economia global, tanto quanto o fim do sistema de taxa de câmbio fixa de Bretton Woods, em 1971, a reunificação da Alemanha, em 1990, e o quase colapso dos bancos na crise financeira de 2008. A análise é de Larry Elliott, editor de economia do jornal britânico The Guardian.

Os últimos 12 meses puseram fim ao regime de dinheiro barato que durou quase uma década e meia; para a maioria dos países ocidentais, foi o ano em que as pressões do custo de vida atingiram recorde de 40 anos. "O retorno de uma política monetária mais dura foi apenas um complemento de uma história maior: o surgimento de uma nova era de autossuficiência causada em parte pelo legado da pandemia, em parte pelo impacto da invasão russa na Ucrânia, os preços da energia e, em parte, pelo fosso crescente entre os EUA e a China", enumera Elliott.

"Isso não quer dizer que a globalização acabou, porque claramente não acabou (...) A China continuará a ser o maior exportador mundial. Os países continuarão negociando uns com os outros, mas serão mais seletivos sobre com quem, e cautelosos quanto à abertura de setores estrategicamente importantes para a concorrência de Estados considerados uma ameaça."

Parece improvável que a Alemanha fique dependente do gás do Kremlin. Ou que os EUA contem somente com Taiwan para chips. Os gargalos de produção de 2021 e a luta pela supremacia estratégica entre os EUA e a China apontam para cadeias de suprimentos mais curtas e locais, diz o editor britânico.

"A 'desglobalização' tem um custo. A teoria do comércio sugere que estratégias isoladas levam a preços mais altos à medida que os países deixam de se especializar naquilo em que são mais eficientes em produzir. A inflação pode revelar-se um problema mais duradouro do que os bancos centrais pensam. Mas a globalização total também teve um custo. Não é realmente nenhuma surpresa que o pêndulo tenha oscilado em 2022 e continuará oscilando. Nem é uma coisa ruim", finaliza.

Fonte: Coluna Fatos&Comentários, de Marcos De Oliveira, no Monitor Mercantil

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