Comercialização de dados deve ser banida, como a escravidão, defende economista
Modelo de negócios das Big Techs segue intocável, com comercialização de dados que redesenham cenário global.

O Brasil precisa com urgência avaliar os impactos da digitalização – da precarização do trabalho à manipulação de dados pessoais – e construir caminhos “para uma soberania digital autônoma, democrática e justa”, afirma Helena Lastres, um dos pesquisadores que organizaram o livro Economia Política de Dados e Soberania Digital: conceitos, desafios e experiências no mundo. Lastres defende que a comercialização de dados pessoais seja considerada ilegal, comparando-a a práticas já banidas, como a escravidão e o tráfico de órgãos.
A obra, com quase 600 páginas, desmistifica a neutralidade tecnológica e denuncia a falta de indicadores públicos para mensurar a economia digital no Brasil. Além disso, propõe a criação de uma Iniciativa Mundial por Estados Digitais Soberanos, com o Brasil à frente.
O livro analisa como as tecnologias da informação e comunicação (TICs), dominadas por grandes corporações digitais (GCDs), estão redesenhando o cenário socioeconômico global. O tema é tratado focando o Brasil, países das Américas, Europa, África, Ásia e Oceania, e “com atenção especial aos Brics”, segundo os autores.
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Renata Mielli, coordenadora do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGIBr), em apresentação na contracapa, lembra que “enquanto a comunidade internacional foca suas preocupações nas muitas consequências advindas do poder que as grandes corporações digitais exercem sobre a autodeterminação dos povos, seu modelo de negócios segue quase intocável”.
O livro está disponível em formato impresso e eletrônico, com o trabalho de 13 especialistas em economia da inovação, conhecimento e digitalização, em capítulos organizados pelos pesquisadores Helena Maria Martins Lastres, José Eduardo Cassiolato e Marcos Dantas.
Com quatro blocos que discute a mensuração e papel da economia política digital no mundo, experiências em países selecionados, a experiência brasileira, e finalmente, conclusões e sugestões para o caso brasileiro, o livro debate o impacto destas tecnologias sobre o desenvolvimento dos países, além de se debruçarem sobre temas corriqueiros sobre as chamadas Big Techs, como desinformação, discurso de ódio, fraude, dentre outros.
A publicação, resultado de uma parceria entre o Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento (CICEF) e a Editora Contra Corrente, está disponível em pré-venda pela Editora Contra Corrente e é leitura recomendada para professores, estudantes, pesquisadores, empreendedores e profissionais preocupados com o futuro do desenvolvimento tecnológico.
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