ONU: 3,4 bilhões de pessoas vivem em países que gastam mais pagando juros que com saúde ou educação
Desde 2020, os países em desenvolvimento têm contraído empréstimos a taxas médias duas a quatro vezes mais altas do que as dos EUA

A dívida pública global atingiu um recorde histórico de US$ 102 trilhões em 2024, ante US$ 97 trilhões em 2023, de acordo com o relatório “Um Mundo Endividado 2025”, publicado no último dia 26 pela ONU Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
A dívida pública pode ser uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento. Os governos a utilizam para investir em seus povos e economias – e pavimentar o caminho para um futuro melhor. Mas quando a dívida cresce demais ou se torna muito cara, ela se transforma em um fardo. Essa é a realidade atual de grande parte do mundo em desenvolvimento.
Os custos da dívida para os países em desenvolvimento continuam desproporcionalmente altos, reduzindo a disponibilidade de recursos para investimentos em áreas críticas, como saúde e educação. Em 2024, os países em desenvolvimento gastaram US$ 921 bilhões em pagamentos de juros da dívida – um aumento de 10% em relação a 2023.
Receba os destaques do dia por e-mail
Hoje, um total de 3,4 bilhões de pessoas vivem em países que gastam mais com juros da dívida do que com saúde ou educação.
Ainda segundo o estudo, os países em desenvolvimento estão arcando com os custos mais pesados. A dívida pública dos países em desenvolvimento cresceu duas vezes mais rápido que a das economias avançadas desde 2010, atingindo US$ 31 trilhões.
Desde 2020, os países em desenvolvimento têm contraído empréstimos a taxas médias duas a quatro vezes mais altas do que as dos EUA, dificultando o investimento em desenvolvimento sustentável.
Mais importante ainda, os custos da dívida continuam desproporcionalmente altos, reduzindo os recursos para gastos de desenvolvimento tão necessários. Somente em 2024, os países em desenvolvimento gastaram US$ 921 bilhões em pagamentos de juros – um aumento de 10% em relação a 2023.
Um total de 61 países alocou mais de 10% de suas receitas governamentais para juros da dívida em 2024.
Os países em desenvolvimento não devem ser forçados a escolher entre o serviço de suas dívidas ou o atendimento à sua população. Há uma necessidade urgente de reformar a arquitetura financeira internacional. Isso inclui: tornar o sistema mais inclusivo e orientado para o desenvolvimento; aumentar a disponibilidade de liquidez em tempos de crise; criar um mecanismo eficaz de liquidação da dívida que resolva as deficiências atuais; e fornecer mais e melhores financiamentos concessionais e assistência técnica para ajudar os países a enfrentar o alto custo da dívida.
Fonte(s) / Referência(s):
Gostou do conteúdo?
Clique aqui para receber matérias e artigos da AEPET em primeira mão pelo Telegram.