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Deterioração na indústria de maior intensidade tecnológica

Quanto maior a intensidade tecnológica, pior o resultado no 3º trim/23

Publicado em 27/12/2023
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A indústria brasileira tem apresentado um quadro de estagnação em 2023, mas excluídas as atividades extrativas, o desempenho recente é ainda mais desfavorável, acumulando perdas sucessivas.

O valor adicionado da indústria de transformação, como mostraram os últimos dados do PIB, recuou -1,5% no 3º trim/23 e -1,6% em jan-set/23. Já a produção física do setor encolheu, respectivamente, -1,1% e -1,2%, sempre em comparação com o ano anterior.

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A Carta IEDI analisa este desempenho segundo a intensidade tecnológica dos ramos industriais, seguindo metodologia difundida pela OCDE. Para isso, utilizamos os dados da produção física divulgados pelo IBGE.

Em resumo, quanto maior a intensidade tecnológica, pior o resultado no 3º trim/23. A única expansão registrada foi no grupo de média-baixa tecnologia e isso tanto neste trimestre como no acumulado de jan-set/23. Já as faixas de alta e média-alta tecnologia apresentam uma trajetória de nítida deterioração ao longo do ano.

A seguir, destacamos os principais resultados de cada um dos grupos por intensidade tecnológica. A indústria de transformação, vale lembrar, possui ramos em quatro grupos: alta, média-alta, média e média-baixa intensidade. Segundo a OCDE, nenhum dos ramos da indústria de transformação faz parte do segmento de baixa intensidade tecnológica.

A indústria de alta tecnologia se destaca por ser a faixa que mais regrediu em 2023. Começou o ano crescendo +7,7% no 1º trim/23, o que foi revertido em declínio de -5,2% no 3º trim/23. Assim, se apresenta virtual estabilidade no acumulado jan-set/23 (+0,3% ante jan-set/22) é devido apenas ao primeiro trimestre do ano.

Todos os ramos que compõem a alta tecnologia pioraram muito, mas aqueles associados à área de saúde merecem destaque por terem invertido o sinal de seu resultado. O ramo farmacêutico e farmoquímico saiu de +19,3% em jan-mar/23 para -0,6% em jul-set/23 e o de instrumentos médicos, ópticos e de precisão, de +8,8% para -5,6%, respectivamente. Já o complexo eletrônico agravou seu recuo de -4,1% para -13,3% no mesmo período.

A indústria de média-alta, por sua vez, se destaca por ter apresentado a retração mais acentuada no 3º trim/23: -8,1% frente ao mesmo período do ano anterior. Esta faixa não cresceu em nenhum dos três primeiros trimestres do ano. Muito disso deveu-se ao ramo automobilístico, que saiu de -1,4% no 1º trim/23 para -12,1% no 3º trim/23, a despeito de ações governamentais anticíclicas, que determinaram a redução de impostos sobre veículos.

Outros ramos da média-alta também regrediram muito, notadamente, aqueles associados ao investimento, que como vimos nos dados do PIB, seguiu se retraindo no 3º trim/23. São os casos de máquinas e equipamentos (-9,3% ante o 3º trim/22) e máquinas e aparelhos elétricos (-10,0%).

As indústrias de alta e média-alta tecnologia reúnem setores com cadeias produtivas mais longas e, por isso, são mais expostas ao chamado “custo Brasil”, dependem de um sistema de inovação dinâmico, que nos últimos anos foi muito prejudicado pelo contingenciamento de recursos pelos governos brasileiros, e seus mercados demandam confiança e condições adequadas de financiamento, dificultadas pelos elevados patamares de taxas de juros ainda praticados no país. Juntas, alta e média-alta registraram recuo de -7,6% no 3º trim/23.

A faixa de média intensidade tecnológica se manteve no vermelho, mas ao menos evitou a deterioração registrada pelos grupos de maior intensidade. Sua produção caiu -2,6% no 3º trim/23, isto é, em ritmo muito próximo ao do acumulado em jan-set/23: -2,2% frente ao mesmo período do ano anterior.

Dentro deste grupo, porém, houve piora no ramo de borracha e plástico (+3,7% em jan-mar/23 e -1,4% em jul-set/23), compensada por alguma amenização da queda na metalurgia (-3,8% e -2,3%, respectivamente) e em minerais não metálicos (-9,4% e -5,6%).

Por fim, a indústria de média-baixa tecnologia cresceu e reforçou seu resultado, passando de +0,2% no 1º trim/23 para +3,0% no 3º trim/23, devido a seus dois principais ramos: alimentos, bebidas e fumo (+1,3% e +4,8%, respectivamente) e coque, derivados de petróleo e biocombustíveis (+2,7% e +6,2%). No ano, também é a faixa que melhor se sai: +1,6% ante jan-set/22.

Clique aqui para ler o estudo completo

Fonte(s) / Referência(s):

Jornalismo AEPET
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