Petrobrax ! Onde já se viu!
A peste Covid, que eu denomino peste "agrobusiness-pop-video-financeira", veio para interditar a comunicação entre as pessoas. A conversa está
A peste Covid, que eu denomino peste "agrobusiness-pop-video-financeira", veio para interditar a comunicação entre as pessoas. A conversa está proibida. O encontro dos amigos. Mas eis que num belo dia estive a conversar em um boteco no Rio de Janeiro, movido a água mineral, com Sylvio Massa. Mestre em amalgamar a dialética materialista com o nacionalismo anti-imperialista do Terceiro Mundo, ele é autor do insólito livro "Karl Marx e a matemática" (Editora Europa, 2006).
Sylvio é também generoso: presenteou-me com outro livro, coordenado por ele, que acabou de sair: "60 anos de Luta e Convicção em Defesa da Petrobrás" [*], uma primorosa coletânea de artigos publicados pela militante e combativa AEPET, a "Associação dos corajosos e destemidos engenheiros da Petrobrás", como Ricardo Maranhão e Fernando Siqueira, que me foram apresentados ainda na década de 1980 pelo saudoso Bautista Vidal, criador do Pró-ácool e apaixonado pela Petrobrás, que, segundo ele, deveria vir ser a maior empresa energética do mundo com a incorporação da energia de matriz vegetal - álcool e óleos vegetais.
Outro entusiasta da AEPET era o geólogo Marcelo Guimarães, que conhecia palmo a palmo a Petrobrás, tal qual Guimarães Rosa o território de Minas Gerais. Bautista e Marcelo diziam que a essência da civilização brasileira estava na Petrobrás. Essa ideia era compartilhada Gondin da Fonseca, um dos articuladores, junto com Nelson Werneck Sodré à campanha do Marechal Lott.
A diretriz continua clara e límpida. Para onde vai a Petrobrás, vai o Brasil. Nessa diretriz, a AEPET é a vanguarda científica e política da Petrobrás.
Em livro que permanece até hoje clandestino, Bautista Vidal dizia que a Petrobrás é o "Clarão da História", usando uma metáfora do poeta baiano Castro Alves, por quem tinha grande admiração. "A luz dos trópicos iluminando a Petrobrás."
Esse Clarão da História estava em contraposição ao triste e vil do Apagão de FHC, cujo governo gringo queria mudar o nome da empresa para Petrobrax. Em vez de Brás, seria Brax. Petrobrás seria Petrobrax. Lembro de Bautista Vidal, iracundo, indignado, repetindo:
"Petrobrax, Petrobrax ! Onde já se viu!"
Olha só o que o entreguismo é capaz de fazer: dar um golpe semântico e fonético para facilitar a pronúncia gringa da Petrobrás.
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