Faça o que eu digo; não o que faço
O grande negócio da Exxon Mobil na compra bilionária, mesmo não sendo estatal, reflete sim os interesses estadunidenses. Ou seja, o que vale para os EUA, não vale para o Brasil.
A superpetroleira estadunidense Exxon Mobil anunciou a compra da rival Pioneer Natural Resources, por um valor de US$ 59,5 bilhões, o que a transforma na maior produtora de petróleo nos EUA. Trata-se do maior negócio da Exxon desde a compra da Mobil Oil por US$ 81 bilhões em 1998.
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A Pioneer é a maior operadora da Bacia do Permiano (entre o oeste do Texas e o Novo México), de onde se extrai o óleo do shale (folhelho, argilito disposto em lâminas finas, sobrepostas, que se abrem como folhas; devido à concentração de matéria orgânica, são consideradas rochas geradoras, que produzem petróleo e gás). A produção deste tipo de óleo recuperou as reservas e a produção de petróleo nos EUA.
Entretanto, para se obter o shale oil utiliza-se uma das mais danosas formas de produção mineiral: o fraturamento hidráulico ou“fracking”, que consiste na injeção a alta pressão de uma mistura de água, probante (areia ou outros material equivalente) e diversos produtos químicos, com objetivo de ampliar de forma controlada as fraturas e fissuras existentes no substrato rochoso que encerra petróleo e gás natural. Este método pode ser usado em poços verticais, inclinados ou horizontais. É, aliás, nos poços horizontais que a recuperação é mais eficaz, pois permite extrair mais óleo e/ou gás.
Ou seja, ao contrário daqueles que defendem o fim do uso dos combustíveis fósseis num prazo inexequível, inclusive o governo dos EUA, a Exxon vai na contramão e consolida-se como a grande produtora não estatal de petróleo no mundo. Vale lembrar que a empresa é a principal operadora das gigantescas reservas descobertas na Guiana e no Suriname.
O presidente da Exxon, Darren Woods, tem rejeitado a pressão política e de investidores para mudar de estratégia e adotar a energia renovável, como fizeram as grandes petroleiras europeias e agora quer também a Petrobrás. Ele enfrentou duras críticas por manter uma estratégia fortemente dependente do petróleo em um momento em que as preocupações com o clima se tornaram mais urgentes.
A atual gestão da Petrobrás, sob o comando de Jean Paul Prates, não se cansa de afirmar em cada comunicado oficial seu compromisso com a transição energética, destinando para a área parte considerável de seu já exíguo orçamento de investimento.
A AEPET reforça sua convicção numa transição energética justa, que não seja imposta por aqueles que alcançaram seu desenvolvimento com o uso quase que exclusivo das energias fósseis.
Pedro Pinho, presidente da AEPET, escreveu no artigo “A farsa da transição energética”:
“Que mundo se vive neste século XXI? Qual o poder que nos governa? A resposta a esta questão é fundamental para entendermos o porquê nos procuram conduzir para o passado, especialmente a nós, brasileiros.”
No artigo “A verdadeira transição energética justa”, Felipe Coutinho, vice-presidente da AEPET, afirma:
“Para que a transição energética seja justa é necessário reduzir as desigualdades da renda, da riqueza, do consumo de energia e das emissões per capita, tanto entre os países quanto dentro de cada país.”
O grande negócio da Exxon Mobil na compra bilionária, mesmo não sendo estatal, reflete sim os interesses estadunidenses. Ou seja, o que vale para os EUA, não vale para o Brasil.
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