Estivéssemos em período de normalidade institucional, sendo os dirigentes responsáveis pelo sucesso dos órgãos sob sua direção, tal desejo seria motivo para substituição do gestor.
O Plano de Negócios e Gestão projeta privatizar US$ 26,9 bilhões, entre 2019 e 2023. Pretende-se privatizar oito refinarias que respondem por 50% da atual capacidade de refino, a subsidiária para a atividade típica de todas as petroleiras, a distribuição, BR Distribuidora, além de gasodutos, terminais, fábricas de fertilizantes, participação na petroquímica e na produção de biocombustíveis. A tudo isso se acrescenta a alienação de direitos de produção em reservas de petróleo e gás natural. Ou seja, promover um fim esquartejado da maior empresa brasileira.
Entre 2015 e 2018 foram privatizados US$ 18,7 bilhões em ativos da Petrobrás. Em 2019 foi alienada a subsidiária Transportadora Associada de Gás S.A. (TAG), por US$ 8,7 bilhões.
Entre 2015 e 2018 foram privatizados US$ 18,7 bilhões em ativos da Petrobrás. Em 2019 foi alienada a subsidiária Transportadora Associada de Gás S.A. (TAG), por US$ 8,7 bilhões.
As privatizações e a consequente desintegração da Petrobras estão na contramão da tendência da indústria internacional e da crescente relevância das companhias petrolíferas estatais.
As estatais já são 19, entre as 25 maiores empresas de petróleo e gás natural, controlando 90% das reservas e 75% das produções mundiais.
As vendas de ativos da Petrobrás não se justificam pela redução do endividamento e estão em contradição com o aumento da integração vertical e da internacionalização das companhias de petróleo, inclusive as estatais.
Entre o final de 2014 e de 2018, a Petrobrás reduziu sua dívida líquida de US$ 115,4 para US$ 69,4 bilhões e sua alavancagem (dívida liquida / EBITDA ajustado) de 4,25 para 2,20.
Nesse mesmo período de quatro anos, a Petrobrás vendeu ativos no valor de US$ 18,72 bilhões. Deste total, os valores efetivamente recebidos em caixa totalizaram US$ 11,81 bilhões.
Esta dívida poderia ser reduzida, mesmo sem a entrada no caixa dos US$ 11,81 bilhões. Na realidade, as privatizações tiveram influência pouco relevante na redução do endividamento líquido da companhia.
O que pode ser atribuída à venda de ativos limitou-se a 25,65% da redução da dívida líquida, entre o final de 2014 e o final de 2018. Cerca de três quartos (74,35%) desta redução teve origem na geração operacional de caixa da Petrobrás.
O somatório do lucro operacional do Abastecimento da Petrobrás nos anos de 2015, 2016 e 2017 registrou US$ 23,7 bilhões, em valores corrigidos para 2018, enquanto o E&P obteve US$ 9,4 bilhões no mesmo período, quando o preço do petróleo médio foi de US$ 52,68 por barril.
As privatizações de refinarias, terminais, dutos e da distribuidora trazem prejuízos muito mais graves à resiliência e mesmo à sobrevivência da Petrobrás do que presumíveis benefícios pela redução dos gastos com juros, decorrentes da antecipação da redução da dívida.
Participação estatal na indústria mundial do petróleo
A indústria do petróleo está entre as maiores do mundo. Por exemplo, é a maior consumidora de aço, e o valor negociado de petróleo bruto é o mais alto em comparação com qualquer mercadoria.
Apesar do crescimento da produção de energia renovável, a quota dos fósseis - petróleo, carvão e gás natural - na matriz enérgica global está em torno de 80% da demanda total de energia primária e permanece estável nos últimos 25 anos.
Malgrado as alegadas preocupações relacionadas aos efeitos das emissões de carbono na mudança climática, induzida pelo homem, a maioria das analises de profissionais prevê que os hidrocarbonetos continuarão a ser a fonte dominante da energia da humanidade em futuro previsível.
Das 25 maiores petrolíferas do mundo – que possuem 90% das reservas e produzem dois terços do total de petróleo e gás natural - 19 são estatais e apenas 6 de capital privado.
São comercializados, aproximadamente, dois bilhões de dólares por dia, em petróleo, sendo este o maior item isolado nas balanças de pagamentos e trocas entre as nações. Petróleo representa a maior parte no uso total de energia para a maioria exportadores e importadores líquidos. E os impostos sobre o petróleo são uma importante fonte de renda para mais de 90 países no mundo.
Diferentemente da maioria das commodities, o petróleo é especialmente importante na política internacional e no desenvolvimento socioeconômico das nações. Estas características do setor petrolífero explicam por que muitos países produtores e importadores têm optado pela intervenção estatal.
As estatais possuem mais de 90% das reservas mundiais e são responsáveis por cerca de 75% da produção de petróleo e gás natural.
As políticas do setor de petróleo buscam uma variedade de objetivos socioeconômicos, incluindo a maximização do valor presente líquido da renda econômica derivada da exploração do petróleo, equidade intertemporal, promoção de integração da cadeia produtiva, promoção do comércio bilateral, autossuficiência e segurança de suprimentos etc. As estatais são frequentemente usadas para alcançar ampla gama destes objetivos, como ferramenta principal ou em combinação com outros meios políticos.
Objetivos e a eficiência das petrolíferas estatais
A avaliação da eficiência das estatais deve considerar seus objetivos sócio econômicos: a segurança e autossuficiência enérgica nacional, a redução dos custos de abastecimento, a maior recuperação e reposição de reservas, a apropriação pelo Estado de maior fração da renda petroleira, acesso às informações de investimentos e operacionais para maior eficiência tributária e regulatória do setor, a garantia de vantagens geopolíticas ao Estado por dispor do petróleo em suas relações internacionais e o desenvolvimento nacional resultante das políticas de investimento com conteúdo local, bem como em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, com a resultante geração de empregos e soberania tecnológica.
Enquanto a avaliação da eficiência das petrolíferas controladas pelo capital privado deriva da geração de valor para os acionistas, expressa pela relação entre o pagamento de dividendos e o preço das ações e/ou pela simples valorização do preço das ações no mercado.
As comparações da eficiência, entre as petrolíferas estatais e destas com as petrolíferas de capital privado, devem ponderar a complexidade dos objetivos perseguidos pelas estatais, em comparação com a simples maximização do retorno aos acionistas sobre o capital aplicado, que é a perseguida pelas companhias privadas.
Em suma, o desempenho de uma estatal deve ser medido com referência à sua função objetivo, e não a partir do objetivo das companhias privadas.
As companhias petrolíferas nacionais existem em uma variedade de formas, mas a maioria é integrada verticalmente e reúne atividades de Exploração e Produção (E&P) com operações de Abastecimento (refino e distribuição) e Transporte.
As estatais historicamente têm operado em seus países de origem, embora a tendência de evolução é sua internacionalização. Exemplos de estatais incluem a Saudi Aramco (a maior empresa integrada de petróleo no mundo), a Kuwait Petroleum Corporation (KPC), a Petrobrás, a Petronas (estatal da Malásia), a PetroChina, Sinopec e CNOOC (chinesas), a StatOil (norueguesa), a Sonangol (Angola), a Sonatrach (Argélia), a Gazprom (russa, maior exportadora de gás natural do mundo), a Oil and Natural Gas Corporation Limited - ONGC (Índia) etc.
As empresas estatais asiáticas, mais proeminentemente da China e da Índia, estão na vanguarda dos investimentos internacionais, à medida que seus governos enfrentam desafios de fornecimento de energia.
Nos anos 1970, as estatais controlavam menos de 10% das reservas de petróleo do mundo, enquanto nos anos 2010 garantem mais de 90%. Essa evolução permitiu que as estatais aumentassem sua capacidade de acessar capital, recursos humanos e serviços técnicos diretamente, com o desenvolvimento de competências internas.
Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e o Modelo de Negócios das petrolíferas estatais
As estatais têm quatro elementos-chave para o sucesso no setor de petróleo e gás: acesso a capital, acesso à tecnologia, amplitude de capacidades e parcerias, e a eficiência de suas operações.
Nos últimos anos, as estatais obtiveram maior progresso tecnológico, em relação às multinacionais de capital privado. Uma métrica comum para inovação é o investimento em P&D de uma empresa. As estatais também são inovadoras: Saudi Aramco, Petrobrás, Petronas e as estatais chinesas têm capacidade reconhecida internacionalmente em P&D.
Além disso, a mudança dos modelos de negócios, com a internacionalização das estatais, apresenta desafios para as multinacionais privadas colocando em risco a sustentabilidade de seu modelo de negócios e a escassez de seus recursos petrolíferos. Entre esses desafios estão o declínio da produção nos campos de petróleo existentes, a dificuldade de substituir as reservas de petróleo e gás em áreas de acesso restrito, o rápido esgotamento do petróleo convencional ou de fácil acesso, aumentando os custos de exploração e produção de recursos não convencionais e o consequente declínio de suas margens de lucro.
As estatais, com mais acesso ao capital e ao desenvolvimento da especialização interna, têm se transformado de simples produtores de petróleo cru em empresas de energia, totalmente integradas às atividades de refino, comercialização, petroquímica e de energias potencialmente renováveis (biomassa, eólica, solar etc.).
Enquanto grandes companhias petrolíferas globais podem ter medo de investir em áreas instáveis do mundo ou onde as sanções internacionais foram impostas, as tomadas de decisões das estatais têm apenas que ser compatíveis com a política nacional e é improvável que sejam prejudicadas pela governança corporativa e ações das partes interessadas.
As estatais são mais capazes de mitigar riscos políticos no exterior por meio de relações intergovernamentais e estratégias de negociação.
As estratégias e políticas das estatais terão um impacto substancial, a longo prazo, e no ritmo de desenvolvimento de recursos já nos próximos anos. As petrolíferas estatais asiáticas e russas estão competindo cada vez mais por recursos estratégicos no Oriente Médio e na Eurásia, em alguns casos substituindo as companhias privadas ocidentais em importantes atividades de desenvolvimento de recursos e negociações.
Empresas como as indianas Oil and Natural Gas Corporation Ltd. (ONGC) e Indian Oil Corporation Ltd., as chinesas Sinopec e China National Petroleum Corporation (CNPC) e a Petronas, da Malásia, se expandiram na África e Irã, e agora estão buscando investimentos em todo o Oriente Médio.
A Lukoil da Rússia está se tornando um importante player internacional em diversas regiões como o Oriente Médio e a Bacia do Cáspio.
Muitas estatais emergentes são financiadas ou têm operações subsidiadas pelos seus governos de origem, com objetivos estratégicos e geopolíticos incorporados a decisões de investimento, em vez de serem submetidas, simplesmente, às considerações comerciais-financeiras.
Restrições políticas influenciam e impactam a expansão internacional das petrolíferas estatais. A Kuwait Petroleum Corporation é a única da sua região que se integrou na Europa, com a marca Q8. A PDVSA da Venezuela adquiriu a CITGO nos Estados Unidos da América (EUA); no entanto, a CNOOC da China foi impedida de adquirir a UNOCAL dos EUA, em 2005. Se uma petrolífera estatal for percebida como mais do que apenas uma entidade corporativa, seu crescimento internacional pode ser questionado.
A tendência é que as estatais continuem a rastrear agressivamente novas oportunidades de crescimento em termos de reservas e receitas decorrentes do crescente acesso aos mercados de capitais, aumento dos lucros, maior participação em avanços tecnológicos, gerenciamento de projetos cada vez mais efetivo e desenvolvimento de capacidades técnicas.
Em suma, as petrolíferas estatais estão em alta porque elas têm uma série de vantagens em relação às multinacionais privadas.
Investimentos globais das petrolíferas estatais
Os investimentos apoiados pelo Estado são responsáveis por uma parcela crescente do investimento global em energia, uma vez que as empresas estatais têm permanecido mais resilientes em petróleo, gás natural e energia térmica em comparação com o setor privado.
A participação do investimento global em energia impulsionada por empresas estatais aumentou nos últimos anos para mais de 40% em 2017.
Conclusão
A aceleração das vendas dos ativos da Petrobrás é resultado de decisão puramente ideológica, não tem coerência com as tendências da indústria internacional e não se justificam diante da realidade empresarial e financeira da companhia e de sua condição de estatal.
Felipe Coutinho é Presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET)
Julho de 2019
http://aepet.org.br/w3/
Referências
AEPET. (2019). A falácia da privatização para redução da dívida da Petrobrás - Avaliação econômico-financeira da influência das privatizações na redução da dívida da Petrobrás. Fonte: http://www.aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/2953-falacia-da-privatizacao-para-reducao-da-divida
AEPET. (2019). Importância do Refino, do Transporte e da Distribuição do Petróleo e de seus Derivados para o Brasil e a Petrobrás. Fonte: http://www.aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/2873-importancia-do-refino-do-transporte-e-da-distribuicao-do-petroleo-e-de-seus-derivados-para-o-brasil-e-a-petrobras
Al-Fattah, S. M. (2014). National Oil Companies: Business Models, Challenges, and Emerging Trends. Fonte: https://www.researchgate.net/publication/261696989_National_Oil_Companies_Business_Models_Challenges_and_Emerging_Trends
Banco Central do Brasil. (s.d.). Cotações e boletins. Fonte: https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%2Fwww4.bcb.gov.br%2Fpec%2Ftaxas%2Fport%2Fptaxnpesq.asp%3Fid%3Dtxcotacao
Gauto, M. (2017). Quais são as 25 maiores companhias produtoras de petróleo e gás do mundo? Fonte: https://www.linkedin.com/pulse/quem-s%C3%A3o-25-maiores-companhias-produtoras-de-petr%C3%B3leo-marcelo-gauto
International Enery Agency (iea). (2019). World Energy Investment 2018. Fonte: https://www.iea.org/wei2018/
Jornal O Globo. (2019). Presidente da Petrobras diz que seu 'sonho' é estatal privatizada e BNDES extinto. Fonte: https://oglobo.globo.com/economia/presidente-da-petrobras-diz-que-seu-sonho-estatal-privatizada-bndes-extinto-23524660
Lima-de-Oliveira, R., & Sturgeon, T. (2017). From Resource Extraction to Knowledge Creation: Oil-Rich States, Oil Companies and the Promotion of Local R&D. Fonte: https://pdfs.semanticscholar.org/324c/5b0927d525bf5d157653ae9a9d93ab4ebc23.pdf
Petrobras. (2018). Apresentação PNG 2019-2023. Fonte: https://www.investidorpetrobras.com.br/ptb/293/ApresentacaoWebcastPNG20192023_Portugues.pdf
Petrobras. (2019). Petrobras concluia venda da TAG. Fonte: https://www.investidorpetrobras.com.br/ptb/14989/9512_696003.pdf
The World Bank. (2011). National Oil Companies and Value Creation. Fonte: https://siteresources.worldbank.org/INTOGMC/Resources/9780821388310.pdf
Comentários
available that in detail, so that thing is maintained
over here.
Here is my web-site; types of accessories: **.carlton-sz.com*comment***?133699.*
it!
Review my webpage ... upgrading your car: *sitekle.awardspace.us*index.*?a=stats*u=jerryhinc hcliffe
after that he must be pay a quick visit this website and
be up to date everyday.
Visit my website: fit your vehicle: **.classifiedsinuk.com*user*profile*33458
about this subject and didn't know who to ask.
Visit my webpage - the
wiring harness: *koni62.ru*forum*index.*?action=profile;u=84175
web address and thought I may as well check things
out. I like what I see so now i'm following you. Look forward to finding out about
your web page repeatedly.
Stop by my website: wiring up a system: *qs4l2e.cn*home.*?mod=space*uid=94701*do=profile*f rom=space
net. You actually know how to bring a problem to light and make it important.
A lot more people need to read this and understand
this side of the story. I was surprised that you are not more popular because
you most certainly have the gift.
Also visit my website :: best sound quality: *210.59.17.7*~train*userinfo.*?uid=1565642
error, while I was searching on Digg for something else,
Regardless I am here now and would just like
to say kudos for a tremendous post and a all round exciting blog (I
also love the theme*design), I don’t have time to look over it all
at the minute but I have saved it and also added in your RSS
feeds, so when I have time I will be back to read a great deal
more, Please do keep up the awesome work.
My page; installing a system: **.cankayamed.com*author*tlgsenaida*
viewers that they will assist, so here it occurs.
my website; car accessory store: **.fak-portal.de*cgi-bin*catalog.cgi?cmd=pages*pag e=955818711620854_1574951173
about this post, while I am also eager of getting knowledge.
my web page: opinion of what is right: **.mengjiangnanspa.com*comment***?3450.*
us so I came to look it over. I'm definitely enjoying the information. I'm book-marking and will be tweeting this to my
followers! Wonderful blog and outstanding design.
Feel free to surf to my webpage ... installed car stereo: *gg3.ddns.me*home.*?mod=space*uid=40266*do=profile *from=space
Any way keep up wrinting.
Feel free to visit my website the old audio system: *melekforumu.ml*profile.*?id=30472
Thanks a lot.
Feel free to surf to my web site - the original equipment: *memorykeepers.ru*forums*users*nelliefurr2815*
else may I am getting that kind of information written in such an ideal
way? I have a challenge that I'm simply now working on, and I've been on the
look out for such information.
Review my blog post :: world of car accessories: *ikshef.com*you-will-discover-lots-of-choices-in-t he-world-of-car-accessories*
acquire actually enjoyed account your blog posts. Anyway I'll
be subscribing to your augment and even I achievement you access consistently quickly.
Also visit my web blog types of
accessories: *so.cozythere.com*home.*?mod=space*uid=168543*do=p rofile*from=space
cup of coffee.
Review my web site :: no specialized skills: *grmanet.sogang.ac.kr*xe*index.*?mid=graphics19*do cument_srl=731334
I needs to spend a while finding out more or understanding more.
Thank you for great info I was looking for this information for my mission.
Feel free to surf to my * :: car stereos: **.aj-utsunomiya.org*hp*userinfo.*?uid=804067
A questão é que é impossível ter uma empresa estatal que não seja alinhada com os objetivos governamentais, a menos que sua forma de controle fosse determinada por leis e diretrizes independentes do Executivo. Nossa "contituição soberana" deu poderes gigantescos ao Executivo e se ele quiser matar a vaca, tem plenos poderes para isso. Não é um problema pontual deste governo, é um defeito institucional: a democracia brasileira é torta do tronco às folhas.
Desconheço que exista algum entrave na CF88 que impeça que as estatais tenham "sua forma de controle ....determinada por leis e diretrizes independentes do Executivo". Você poderia me apontar algum entrave na CF88 neste sentido? Parece-me apenas questão de uma decisão política dos 3 poderes em não levar adiante estes controles.
Também discordo que se o Executivo "..quiser matar a vaca, tem plenos poderes para isso". Recente decisão do STF exigiu que privatizações sejam feitas por via de lei tramitada no Legislativo, para cada ativo de estatal criada por via de uma lei. Só as subsidiárias (não criadas por lei) podem desconsiderar esta determinação, por conta de uma polêmica decisão do STF.
Não é carta branca ao Executivo, portanto.
Seguir ritos legais não significa normalidade institucional. As práticas nazistas foram realizadas dentro da legalidade alemã da época e nem por isso se discute que o nazismo praticou crimes contra a humanidade. Isso é fato concreto.
Estamos vivendo um período de autoritarismo aliado à desinformação e obscurantismo, sim. Não é a toa que os processos de privatização de ativos da Petrobras foram discutidos até pelo STF. Isso aconteceu porque a atual gestão da empresa atua à beira da ilegalidade.
Além disso, o Poder Executivo tem a sua discricionariedade profundamente reduzida pelas normas e pelos outros poderes republicanos. Esse papo de que o Executivo pode fazer o que quiser é conversa fiada; é papo furado de filhote da ditadura.
Do que eu discordo é a forma como resolver os problemas de corrupção nas estatais: privatização? Resolve-se o problema de carrapato acabando com a vaca?
Deveríamos é transformar as nossas estatais "bolivarianas" em "européias", adotando um modelo de fiscalização e profissionalização da gestão (fim da ingerência política) aos moldes dos países mais avançados, sem perder a função social e de estímulo ao desenvolvimento do país pela qual elas foram fundadas (esta é a diferença entre estatal x privado, Jorge)[*b]!
Mas a ideologia do governo atual não permite. Tudo deve ser privatizado em nome do neo liberal. Em vez de melhorarmos as estatais, vamos entregá-las por 2 tostões, sem licitação, aos apadrinhados.
E em um momento em que há excesso de capacidade de refino no mundo, ninguém lá fora quer comprar refinarias, só se derem de presente, querem é exportar derivados para o Brasil colônia.
As estatais sao criadas quando nao existe um ambiente favorável, seja economico, seja técnico. É o caso da Petrobras em 1954; da Pemex; das estatais arabes ou dos paises não democraticos. Pra lembrar, não estamos mais em 1954, mas parece que a luta continua...
Porque é isto que acontece quando um ente privado fica DONO de um mercado regional. Estressa o preço de seu produto para extrair o máximo lucro, dane-se o desenvolvimento da região.
E pobre das regiões como Amapá, Roraima, Rondônia onde a PB colocava produto a preço razoável, quanto vão pagar o litro de diesel*gasolina com a BR Distribuidora agora sob controle privado. Vão ter que converter tudo para lenha ou começar a falar espanhol. Em pouco tempo vão deixar de ser brasileiros e perderemos a integridade do nosso próprio território.
Este é o componente social, de soberania, de integração territorial que se perderá com a privatização, e que não pode ser coberto pela iniciativa privada.
*g1.globo.com*economia*noticia*2019*03*15*teleco municacoes-lideram-ranking-de-reclamacoes-de-consu midores-em-2018.g*