Quando nos encontramos mergulhados em uma dramática crise global, histórica, e multidimensional, a maior desde as guerras mundiais, não são somente os rígidos valores éticos que se sobressaem nos escombros. A pequenez também se agiganta! A estreiteza de algumas visões deixam de ser estupidez ou mau-caratismo para virar um insulto. Isso vale também para a hierarquia da Petrobrás.
Como explicar, por exemplo, gestores se aproveitarem do momento de extrema vulnerabilidade para de forma oportunista acelerar as privatizações, demissões (de grevistas que defendem a Petrobrás estatal e de uma multidão de terceirizados), aprofundando ainda mais o abismo entre as classes?
Como justificar, nesse contexto, o cliché de que o que importa é entregar valor? Entrega de valor para quê? E para quem, caras-pálidas? O valor extraordinário atingido é gerado pelo trabalho excepcional dos petroleiros e de todos os trabalhadores diretos ou indiretos da cadeia do petróleo. Portanto, somos nós trabalhadores que devemos decidir como DISTRIBUÍ-LO, e não ENTREGÁ-LO a quem não gera esse valor.
O discurso de mera melhoria de eficiência e corte de custos se mostra fora da realidade e de seu tempo, quando temos uma população vulnerável, com cada brasileiro lutando por manter-se vivo e a sua família, demandando distribuição emergenciais e essenciais de energia, água, gás de cozinha, alimentos e medicamentos.
Afinal, a Petrobrás é estatal. É do Brasil, ou deveria ser.
As mentiras que os gestores contam…
Velhas desculpas são apresentadas para justificar o indefensável. Ressuscitam o mito da Petrobrás quebrada e do endividamento como desculpa para a privatização, quando até mesmo Castello Branco já declarou que não é esse o motivo para as entregas. Afinal, como sustentar essa falácia se no último ano a Petrobrás auferiu R$ 40 bilhões de lucro? Fosse o pagamento da dívida algo inescapável e inadiável, porque não se utilizou esse montante vultoso para pagamento da mesma?
Sem ter argumentos, apelam para o discurso de alinhamento com “todas” as petrolíferas do mercado, as quais chamam de “majors”. Fôssemos seguir o que as concorrentes (estranhamente chamadas por eles de “parceiras”) indicaram no passado, não teríamos conseguido produzir o petróleo do Pré-sal, façanha que o mercado rotulava como inviável. Não teríamos sequer descoberto o Pré-sal, pois não tínhamos que investir demais na Exploração. Deveríamos ter mudado de ramo, pois o mercado informava nos anos 60 que não tínhamos petróleo. A bem da verdade, sequer existiríamos, pois o mercado foi contra a criação da Petrobrás, que só aconteceu porque foi fruto de uma ampla campanha envolvendo milhares de brasileiros de verdade!
Ainda assim, tomemos o argumento das práticas das concorrentes. A partir daí, desafiamos os gestores a nos darem algumas respostas, para saber se estamos em linha com elas:
* Qual empresa de petróleo propôs aumentar os proventos da alta gestão de R$ 24 milhões em 2019 para 45 milhões em 2020, como vocês propuseram?
*Qual concorrente propôs triplicar a bonificação da alta hierarquia, como vocês fizeram?
*Qual major está tentando cortar linearmente e sem negociação, em 25%, os salários de todos os trabalhadores, deixando de fora estranhamente os que têm função gratificada?
* Qual empresa está pretendendo cortar renda fixa daqueles que geram sua riqueza antes de mexer na renda variável?
* Qual concorrente vendeu em alguns poucos anos toda a sua rede de gasodutos (sendo que precisa forçosamente pagar aluguel caríssimo por ela)?
* Qual das petrolíferas entregou seu setor de distribuição?
* Qual delas absorveu dezenas de indicados políticos para cargos de assessoria, consultoria e afins, em poucos meses, somente considerando o gabinete da presidência, com salários tão nababescos?
* Qual das “coirmãs” (acreditem, esse termo foi usado por um gestor) tem planos de entregar 8 de suas 13 refinarias?
Não são capazes de responder. Mentem descaradamente. Informam que a suposta venda das refinarias teria partido de determinação do Cade, quando a própria gestão da Petrobrás foi até esse órgão fazer consulta proativamente! Esse desejo vem de antes, quem não se lembra dos discursos falaciosos de Pedro Parente e Castello prometendo aumentar a concorrência vendendo a ilusão de que isso baixará os preços? O absurdo disso tudo é que supostamente para atrair tal concorrência foi necessário fazer disparar os preços! Não vai haver concorrência, muito menos queda de preços, pois, se não impedirmos os planos de privatização, estaremos entregando nosso refino para cartéis monopolistas privados!
A Petrobrás tem que estar a serviço dos trabalhadores brasileiros!
Fonte: Sindipetro RJ
Comentários
Pelas matérias abaixo podemos deduzir que é o país que está se em declínio, e não só a Petrobras.
Pela 1ª vez em 40 anos, Brasil exporta mais produtos básicos do que industrializados AEPET 03/01/2020
Dos US$ 224 bilhões exportados em 2019, US$ 118 bilhões (52,7%) correspondem a itens básicos. Em 2018, fatia era de 49,8%. O resultado, obtido em 2019, foi divulgado pelo Ministério da Economia. No ano passado, as exportações somaram US$ 224,018 bilhões ao todo, dos quais US$ 118,180 bilhões (52,75%) correspondem a itens básicos.
Recessão fez Brasil perder 17 fábricas por dia, diz CNC AEPET 17/01/ 2020
Indústria opera 18,4% abaixo do pico de março de 2011; Estado de São Paulo amarga redução de 7%.
Concordo em tese com você. Deveríamos estar focados em soluções para estes problemas e não nos engalfinhando em querelas ideológicas.
Mas o problema em levar isto como prioridade é a impossibilidade de dissociar a atuação daninha do atual governo, principalmente do Presidente da República e da grande maioria de seus ministros, em tudo o que fazem, deixam de fazer ou declaram publicamente.
A insegurança jurídica que Bolsonaro gera diariamente ao atacar todas as instituições da República mina totalmente a atração de investidores, gera risco social e está dilapidando a viabilidade do país ao priorizar o capital financeiro em detrimento do capital produtivo.
Esta retração industrial já vem de longa data, mas está em franca aceleração neste governo. Antes mesmo da pandemia (2019).
Só os bancos estão ainda com motivos para sorrir.
E isto não é ideologia, é fato.
Eis aí um exemplo perfeito de oximoro.
Mais uma vez pergunto onde estavam esses defensores da nossa Cia quando ela tinha seu caixa sendo saqueado pela quadrilha PTralha?
Fico sem resposta...
Outra dúvida é desviar dinheiro para bancar campanha eleitoral e aprovar fundo eleitoral bilionário não seriam a mesma coisa? A origem e destino do dinheiro são as mesmas! Ou seja, o ciclo de utilização do dinheiro público para fins eleitorais foi normatizado e ninguém se incomoda com isso, somente com o desvio de um determinado partido em outrora... Incômodo seletivo?
E isso é inegável....a caneta tava na mão dos PTralhas.
Esses partidos que você citou....e não só esses....tem mais, estavam e estão ali pra isso mesmo, desde da nossa "redemocratização", você os usa...os chama se quiser....
E ELES apesar de todo o discurso "moralizador" os chamaram pra festa....e como se fartaram....tinham o BR inteiro pra se satisfazer.
É um cenário que, veja você, está se desenhando agora com o Bozo, o mesmo da velha política que disse que faria a "nova política" e vai acabar rendido na mão desses mesmos partidos. Partidos que merecem uma honrosa lembrança pois surrupiaram os cofres públicos e não merecem nenhuma lembrança da sua parte. Veja, eles agora terão cargos importantes nesse atual governo e você não diz nada!? Percebe a gravidade?? A perpetuação da cleptocracia diante de nossos olhos. É o mesmo filme e nenhuma indignação sua! Quem merece sua indignação? Somente os PTralhas(!) que fizeram a mesma coisa, em outra escala (ok), que fizeram em outro tempo o PSDB, os milicos e etc...
Balbúrdia essa que vem se arrastando desde quando não sabemos.
Entendi assim: se o PT foi punido por ter roubado, porque o PP e o (P)MDB também não o foram?
Vale lembrar que o PP foi o partido que teve o maior número de integrantes indiciado na Lava Jato. Este sim pode ser chamado de partido mais corrupto do Brasil. Com bancada bem inferior em número que o PT e (P)MDB foi o que teve mais implicados.
Existe um sentimento de incômodo seletivo para com o PT. Talvez pela propaganda negativa e efetiva que foi realizada pela imprensa na época, mas não há nenhum sentimento de repulsa com esses outros partidos. Passaram ilesos. Receberam uma nota de rodapé e hoje transitam em paz em qualquer lugar, inclusive no governo atual recebendo cargos comissionados e com orçamentos bilionários, apesar de todo o histórico de corrupção e propina. Não tenho dúvida de que o PP (ex partido do atual presidente) é o que melhor representa o Centrão. Se vende barato em troca de apoio a qualquer um que estiver no poder e vai se perpetuando incólume como a pior praga desde a redemocratização do país.
Basta ver o histórico dessa poderosa nação, que sempre foi uma potência, só ficava atrás dos EUA. Éramos, antes do PT claro, a segunda potência mundial, o PIB era imenso, a dívida externa era zerada nem conhecíamos o FMI, ninguém roubava os cofres públicos, o PSDB, o PMDB, o centrão e outros partidos políticos eram exemplo de lisura. Agora sabemos que o PT já era um partido escondido desde o império, onde traficantes de escravos eram a elite e a corrupção era generalizada (tudo andava com os 30% do “faz-me rir” – deveria ser coisa do PT).
É mais fácil para pessoas que nem você atribuir a um partido pelo fracasso de uma nação, do que você se perguntar “o que eu fiz para mudar isso”?
O brasileiro já é corrupto no ventre.
Tudo isto que você escreveu foi em tom de ironia, certo?
Só para confirmar, já que fiquei em dúvida...
ELES perderam uma oportunidade de ouro de elevar o nosso patamar pois no momento tínhamos condições internas e externas bem favoráveis....e aí o que fizeram....junto com os POLÍTICOS CANALHAS....fizeram um dos maiores escândalos de corrupção da nossa história...