A venda de uma empresa estratégica para o exterior provoca protestos e pedidos para intervenção do governo. Brasil? Não, isso está ocorrendo no paleolítico Reino Unido. A Arm, com sede em Cambridge, está sendo vendida pela corporação japonesa SoftBank para a norte-americana Nvidia por US$ 40 bilhões.
A Arm é, de longe, a mais bem-sucedida empresa de tecnologia britânica. É líder global em design de chips, presentes em quase todos os smartphones, computadores e tablets. Ela foi comprada pelo SoftBank, uma empresa de investimento em tecnologia, em 2016, por US$ 32 bilhões.
O Partido Trabalhista, sindicatos e o cofundador da Arm Hermann Hauser querem que o governo de Boris Johnson intervenha. O medo é que a companhia britânica seja desmantelada; a Nvidia ganharia mais vendendo suas tecnologias. A empresa norte-americana tem sede fiscal no paraíso fiscal de Delaware, minúsculo estado norte-americano.
Questionado sobre como uma venda se encaixaria nos planos do consultor de Boris Johnson, Dominic Cummings, de construir uma empresa de tecnologia britânica de um trilhão de dólares após o Brexit, Hauser respondeu: "Não muito bem, eu acho. Ouvi falar sobre [o plano de Cummings], e ele está, é claro, absolutamente certo, mas a maneira como você constrói empresas como a Apple é começando com empresas do tamanho da Arm, não com uma startup."
Diferentemente dos modernos brasileiros como Paulo Guedes, os dinossauros sobrevivem nas terras onde a língua inglesa nasceu e se projetou ao mundo. O Enterprise Act 2002 britânico permite aos ministros bloquear negócios que representem uma ameaça à segurança nacional, à pluralidade da mídia e à estabilidade financeira (neste ano de pandemia, ameaça sanitária foi incluída na lei). De acordo com as regras do Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos, que se aplicariam à Arm se ela fosse de propriedade norte-americana, a Casa Branca pode intervir em transações envolvendo empresas nativas.
Fonte: Monitor Mercantil
Comentários
Por Paulo Antônio Dias Fagan* (Zero Hora - 10/11/2016)
Tenho visto muitos comentários sobre a derrocada da dita esquerda mundo afora, mas será que os interesses são iguais em todos os países? Esquerda e direita são iguais mundo afora?
Vejamos. Nos Estados Unidos, a direita, ou a extrema-direita de Donald Trump, defende o fechamento de fronteiras e a nacionalização de produtos, inclusive com sanções a estrangeiros e possível quebra de contratos de livre-comércio com alguns países. Já no Brasil, a direita defende justamente o contrário, com a abertura completa ao capital estrangeiro, pautada pelo neoliberalismo, e é acusada pela esquerda de entreguista.
Parece-me que se Trump fosse o presidente do Brasil, estaria defendendo a exploração do pré-sal por empresas nacionais.
(cont.)
Com certeza não aceitaria a interferência estrangeira sobre áreas estratégicas, como água, energia e mineração. Defenderia a boa regulação desses mercados por agências fortes, não manipuláveis politicamente para atender a interesses políticos do momento, como acontece no Brasil.
Esse desgoverno populista está se mostrando pior que os anteriores. Por conta de sua incapacidade de alavancar a economia gerando novos empregos dignos, está surfando nos programas assisten*tas eleitoreiros, e mais uma vez, colocando a classe média para pagar conta. Pagamos tributos abusivos, com a tabela de Imposto de renda defasada em mais de 113% em e não temos nenhum retorno do Estado. Não podemos aceitar calados. Bolsonaro vendera a alma para ser reeleito. Está fechado com o Centrão, o que ele afirmou que jamais faria, e está comprando votos por conta dos programas assisten*tas. Não podemos continuar a sermos enganados!