No final do último mês de junho o atual presidente da Petrobrás, Joaquim Silva e Luna, fez declarações em audiência pública na câmara federal que nos levaram a escrever o artigo “Será que o general Silva e Luna está sendo ludibriado?” (http://www.aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/6412-sera-que-o-gen-joaquim-silva-e-luna-esta-sendo-ludibriado), tais eram os equívocos pronunciados.
Naquele momento entendemos que tais equívocos poderiam acontecer tendo em vista que havia pouco tempo que o general tinha assumido a direção da empresa e provavelmente não tinha um claro conhecimento dos números da companhia.
Ocorre que no dia de hoje, domingo, 05 de setembro, em artigo publicado pelo jornal O Estado de São Paulo (Estadão) Sila e Luna, entre outras coisas afirma “R$2 essa é a parcela da Petrobrás no preço da gasolina que ajuda a mover o Brasil”
Depois de passado tanto tempo não podemos continuar supondo que ele esteja sendo ludibriado. Não dá mais. Agora ele está tentando ludibriar.
Num ponto, pelo menos, temos de concordar com ele, o preço (da Petrobrás), ajuda a mover o Brasil. Ele não disse em qual direção. Aí afirmamos: para baixo.
Os R$ 2 cobrados pela Petrobrás é calculado com base no chamado Preço de Paridade de Importação - PPI. O PPI é calculado considerando o preço internacional lá nos EUA, sobre o qual é somado o custo do frete até o Brasil, o custo de internação no nosso mercado, o custo de transporte até a refinaria e ainda é atribuído um lucro. Ou seja, é como se estivesse importando o combustível.
Tal política de preços (absurda) está bem descrita no site da própria Petrobrás e também no site da Agência Nacional de Petróleo – ANP. Por que o general não explicou isto? Esquecimento?
É preciso saber que o custo da Petrobrás para produzir um litro de gasolina não passa de R$1. Portanto, se cobrasse R$ 1,5 estaria sendo muito bem remunerada, muito acima do que ocorre com outros países produtores.
Adotando o Preço de Paridade de Importação, a Petrobrás beneficia os importadores (traders) e as refinarias no exterior, que entram no mercado ocupando o espaço da própria Petrobrás.
Esta política prejudica o consumidor brasileiro, que paga um preço mais alto do que deveria. Prejudica a Petrobras que perde mercado e fica com suas refinarias na ociosidade e prejudica a economia brasileira que fica menos competitiva. Ou seja, move o Brasil para baixo.
O preço nas refinarias é a base de tudo. Quem aumenta e diminui preços é a Petrobrás e não os Estados.
Concordamos que a carga tributária sobre os combustíveis no Brasil é excessiva e tem de ser revista. Mas propor eliminar os impostos federais, que representam menos de 2% da receita da União, e querer que em compensação os Estados eliminem o ICMS, que representa mais de 20% de suas receitas, é demagogia barata.
Teríamos muito mais a falar, mas vamos ficar por aqui. Só recomendamos ao general Silva e Luna que aprofunde seus conhecimentos sobre a empresa e evite se comportar como a porca que senta sobre o próprio toucinho e fica falando do toucinho das outras.
Comentários
Sao todos fantoches e seu objetivo para aceitar o cargo e uma combinaçao de vaidade com recompensa financeira.
Ainda ha mais de 6 mil nomeados pelo destemperado mor que ganham dois salarios.
A CPI ja desmascarou alguns coroneis envolvidos em picaretagem , nao caiam na esparrela que milico e sinonimo de idoinedade.
Só cuidado com os números para não cair em pegadinha. Esses R$ 2,00 referem-se a 0,73 Litro de Gasolina A. E tanto essa parte da composição da gasolina C quanto o álcool anidro poderiam ser comprados da Petrobras ou de importadores ou usineiros (somente o caso do álcool). A Petrobras chegou a fornecer através da PBIO os 0,27 Litro de álcool anidro para composição da Gasolina C para algumas distribuidoras (acredito que não mais, pois boa parte dos ativos já foram vendidos). Fica muito estranho falar que a Petrobras vende por R$ 2,00 o litro de gasolina na refinaria, que se transformam em R$ 6,50, por exemplo, pois ela não está informando o preço do litro que ela vende. Seria mais correto comparar o preço sem impostos e margens da cadeia de distribuição de 1 Litro de gasolina C, o que daria em torno de R$ 3,00 com o preço da bomba, já que o custo da Gasolina A e álcool anidro hoje são praticamente equivalentes (o álcool anidro é um pouco mais caro).
Por outro lado, custa a crer que a AEPET agasalhe este tipo de posicionamento que além de colidir diretamente com os interesses da PETROBRAS, investe de forma grosseira contra o Presidente da Petrobras no momento em que o mesmo inicia uma campanha de esclarecimento a respeito dos preços de combustível, demonstrando claramente que o caminho para sua redução passa pela alteração tributária, que responde por mais de 50% do custo final.