O general Silva e Luna, presidente da Petrobrás, brindou-nos ontem nas páginas do Estadão (*), com interessante artigo no qual pretende justificar os abusivos preços dos combustíveis no nosso país.
Explica-nos ele a extensa cadeia de eventos que permitem que os combustíveis cheguem aos consumidores, enaltecendo corretamente o papel da Petrobrás no processo.
Entretanto, ao justificar o preço dos combustíveis, o general alega que a Petrobrás recebe "apenas" R$ 2 dos R$ 6 que o consumidor paga por litro de gasolina, porque "como não participa da distribuição nem da revenda a empresa não tem poder de decisão sobre o preço final ao consumidor". Não comenta o general que a Petrobrás abriu mão de tal poder quando decidiu se desfazer da sua distribuidora e de metade das suas refinarias, passando a ser mera produtora de óleo bruto, de importância cadente, o que nos remeterá à situação em que nos encontrávamos quando a Petrobrás foi criada, nos anos 50 do século passado, a de absoluta dependência das multinacionais que controlam o mercado de petróleo no mundo.
O general culpa a estrutura tributária pela triplicação do preço pago pelos consumidores, convenientemente eximindo o governo federal de responsabilidade, pois os tributos federais estão zerados desde março último. Justifica a absurda decisão de praticar aqui preços praticados no mercado mundial, pois "a Petrobrás não tem o monopólio da comercialização dos combustíveis, nem condições de investir, sozinha, para atender à demanda", o que não é correto. General, a Petrobrás, desde que foi criada, quando não tínhamos petróleo, abasteceu o mercado brasileiro com eficiência, sem nunca ser objeto de crítica por parte da sociedade. O tal preço de paridade internacional, general, favorece unicamente as multinacionais do petróleo e as refinarias no exterior, deixa ociosas as refinarias da Petrobrás, que perde mercado para elas, e encarece os preços para o consumidor. É isso que tem de ser o quanto antes mudado, general. É preciso dar um basta ao desmonte da Petrobrás.
Pedro Celestino
Presidente do Clube de Engenharia.
*O artigo citado foi publicado no jornal O Estado de São Paulo pelo presidente da Petrobrás Joaquim Silva e Luna em 05/09/2021.
Comentários
-
Para finalizar, àqueles que vivem a declarar juras de amor ao capitalismo, advirto: tudo isso que relatei nos meus comentários se passa sob aquilo que vocês dizem ser o “velho e bom capitalismo”, “o velho e bom liberalismo”, sob aquela que vocês creem seja a cura para todos os males, a privatização.
-
Acordem, amantes do capitalismo, liberalismo, privatismo. Notadamente após o golpe de Estado de 2016, nosso Brasil está sendo pilhado, rapinado. O projeto imposto prevê o desmantelamento de todas as estruturas que trouxeram o país até aqui e que nos possibilitam morar num lugar ainda decente, mesmo com todas as mazelas de que padecemos.
-
Se a maioria do povo não se der conta, a tempo, do que está a realmente acontecer com nosso país, podemos ir nos acostumando a andar genuflexos, pois é nisso que nos tornaremos: meros escravos dos países ricos e de suas grandes corporações capitalistas.
-
Um mês antes, em novembro de 2017, Temer e o CN tungavam grande parte dos direitos da classe trabalhadora brasileira por meio da “reforma” Trabalhista.
-
É de lembrarmos ainda que, ao assumir o poder, o governo do “Brasil acima de tudo” passou a afirmar que era preciso poupar R$ 1 trilhão em dez anos e, por isso, teria que fazer a “reforma” da Previdência.
-
“Reforma” que, como a Trabalhista, foi imposta para tungar os parcos direitos dos trabalhadores e do povo brasileiro em geral a uma vida digna na velhice, para bem dos grandes bancos que querem abocanhar todo o nicho da previdência.
-
Assim, amigo, além de levarem trilhões em subsídios, às custas da pobreza, miséria e desespero de camadas cada vez maiores da população brasileira, as grandes corporações capitalistas do petróleo estão se empanturrando de lucros ao imporem a essa mesma população preços de combustíveis abusivos ao extremo.
-
Continua
-
Pois, um ano depois, em dezembro de 2017, o mesmo desgoverno corrupto e golpista, junto com a mesma maioria no Congresso Nacional, aprovava outra ignomínia, a MP do Trilhão. Por essa MP, os entreguistas concederam isenção de impostos a - pasmem - petroleiras estrangeiras até 2040.
-
Ficou claro, então, que, ambos, desgoverno Temer e sua maioria no CN, tiraram do bem-estar e da qualidade de vida do povo brasileiro, via PEC 241, para dar, via MP do Trilhão, gordos regalos para um pequeno punhado de grandes corporações estrangeiras.
-
Uma média de quase R$ 50 bilhões anuais que estão deixando de entrar nos cofres públicos para engordar os lucros dos acionistas dessas empresas. É de lembrarmos aqui que, o governo cujo lema é “Brasil acima de tudo” não esboçou a menor intenção, não deu um balbucio sequer, no sentido de acabar com essa farra inominável.
-
Continua
-
A sucessão de absurdos que vêm acontecendo no nosso país a partir do golpe de Estado de 2016 é tal que, às vezes, a até quem procura ficar atento um ou outro acaba escapando. Eu ia mês esquecendo de citar a tal MP do Trilhão, que quase ninguém critica.
-
Em dezembro de 2019, o desgoverno do golpista e corrupto MiShell Temer, em conluio com sua maioria do mesmo naipe no Congresso Nacional, aprovou a inominável PEC 241. Assim o investimento em saúde, educação, saneamento, moradia, em políticas públicas em geral, feito em prol da melhora da qualidade de vida do povo brasileiro, deveria ficar congelado por 20 anos.
-
Os entendidos na coisa, não privatistas/entreguistas, afirmam que este opróbrio nunca foi adotado por país algum pelo mundo afora.
-
Continua
-
Assim caros leitores, os convido outra vez. Vamos deixar de rodeios e dar às coisas os seus nomes verdadeiros. PPI é apenas o instrumento utilizado pelos entreguistas para engabelar o povo com sua política antinacional e antipovo.
-
Cotação do dólar e aumento do preço petróleo, do barril do Brent e o escambau, não passam de subterfúgios instrumentais utilizados para justificar a rapina e pilhagem de nossa imensa riqueza petrolífera.
-
O Pré-Sal está localizado em nosso território e, portanto, pertence ao povo brasileiro, deve ser explorado em benefício do mesmo e não tem, de modo algum, que ficar estritamente vinculado à cotação do dólar.
-
Isso só acontece porque privatistas e entreguistas, por meio de uma decisão política, decidiram privatizá-lo, em enorme prejuízo para a nação brasileira.
-
Simples assim. O resto é tergiversação, “conversa pra elefante baixar a tromba”, como dizia meu pai.
-
Ou seja, a renda gerada na exploração do petróleo não mais serviria para melhorar a vida de todo o povo brasileiro, legítimo dono dela, mas, para garantir gordos ganhos, fartos dividendos, a um punhado de acionistas, quase todos eles estrangeiros.
-
Resumindo, PRIVATIZAÇÃO.
-
É claro que, seguindo a tal linha privatista, entreguista e antinacional, a Petrobras, empresa surgida de uma épica luta do povo brasileiro para explorar o petróleo em benefício desse mesmo povo, já não teria mais serventia.
-
Então, todo o complexo industrial da maior empresa brasileira deveria ser desmontado e a seguir doado – este é o termo correto – a grandes corporações capitalistas ou até mesmo, absurdo ainda maior que a privatização pura e simples, a fundos de investimentos.
-
Continua
-
Escrevi tudo isso para convidar o leitor ao seguinte: vamos deixar de rodeios e definir a coisa tal como ela é. A razão dos aumentos constantes e abusivos dos combustíveis e do gás é a privatização.
-
Isto mesmo. Nos governos do PT, ainda que de forma um tanto tímida e não contundente como deveria ser, vigia a ideia de que as riquezas existentes no nosso país pertencem ao povo brasileiro. E, como tal, deveriam ter o destino que descrevi alguns parágrafos acima.
-
A partir do golpe de Estado de 2016 – sei que alguns ficam “buzina” ao ver isto, mas é a verdade do que aconteceu conosco -, por uma decisão política dos privatistas e entreguistas que tomaram o poder a imensa quantidade de petróleo que era do povo passou a ser privatizada, bem como outras riquezas.
-
Continua
-
Meu pai, que se foi aos 98 anos e que usufruiu de uns 2 ou 3 anos apenas da educação formal, mas que possuía um tino que o permitia ver muitas coisas muito além do comum. Ele, costumeiramente, nos alertava sobre a propaganda e dizia: “quando a coisa é muito oferecida, ou é podre ou é fedida”.
-
O genial Millôr Fernandes, uma das mais prolíficas cabeças geradas no nosso solo, em uma de suas incontáveis assertivas, dizia: “propaganda é o que você usa quando não pode enganar o outro pessoalmente”
-
Continua
-
Quando alguns, profundamente manietados pela espessa propaganda ideológica do sistema dominante, vêm com toda aquela a arenga contra a Venezuela bolivariana, faço a pergunta: a quem pertencem as monumentais riquezas que existem no território venezuelano?
-
A propaganda ideológica é tão espessa, tão repetida pela mídia hegemônica e outros instrumentos do aparato de divulgação do sistema dominante, que acaba por cegar milhões ou bilhões e os impede de verem a verdade, que, não raro, é tão óbvia.
-
“Como um cego fiquei tão ofuscado
Ante o brilho dos olhos que olhei “
-
Fazendo uma analogia com esse magnífico verso, da magnífica “Canção Agalopada” do grande Zé Ramalho, a propaganda do sistema é tão repetida (Goebbels) que chega a ofuscar as mentes das pessoas e a se tornar, para elas, o reflexo da mais pura verdade, ainda que o repetido exaustivamente não passe de um tremendo absurdo.
-
Continua
-
Esses países acreditam que a suas grandes corporações deve ser dado o direito irrestrito de entrarem em qualquer país e dali extraírem tudo o que puderem das riquezas existentes no território, em benefício de seus lucros, que devem ser sempre crescentes.
-
Se sobrar alguma coisa para o povo local, legítimo dono das riquezas, tudo bem, pensam os países capitalistas ricos. Se não sobrar, “sorry”, dirão eles.
-
O linguista e filósofo estadunidense, Noam Chomsky, nos conta que, os documentos internos do Sistema de Poder que domina os EUA se referem às riquezas que existem nos outros países como “as nossas [deles] riquezas”.
-
Continua
-
A quem pertencem as riquezas existentes no território de um determinado país?
-
Ora, essas riquezas pertencem ao povo que habita esse território, esse país. Então, é óbvio que a renda gerada pela exploração dessas riquezas deve reverter, o máximo possível, em melhoria das condições de vida desse povo, o legítimo proprietário delas.
-
Pois, foi com esta convicção que Hugo Chávez Frias se elegeu presidente em 1998 e passou a governar a Venezuela no ano seguinte. É claro que isto desgostou profundamente aos Estados Unidos e a países capitalistas da Europa Ocidental.
-
Continua
Em breve a gasolina chegara a 7 reais o litro e o botijao de gas a 120 reais penalizando gravemente os mais pobres.
Ainda ha tolos que insistem em usar os antolhos da cegueira e da submissao capitalista.
1. A política de paridade de importação sempre foi adotada, desde a criação da Petrobras.
2. Qualquer outra política de preços encerraria a participação do setor privado nas importações e deixaria a Petrobras com insuportável déficit, destruindo completamente sua capacidade de exploração do Pré-sal.
3. Não é verdade que a Petrobras abra mão de seu mercado para favorecer interesses de multinacionais. O PT talvez não o fizesse. Operar refinarias em capacidade máxima implica utilizar em maior escala as unidades de destilação direta, aumentando enormemente a produção de óleos industriais, que não tem mercado no Brasil e precisam ser escoados, via exportação, para que se possa manter a operação. A exportação e extremamente gravosa, sendo
mais vantajoso exportar o petróleo.