O vice-presidente da AEPET, Felipe Coutinho, participou de debate sobre geopolítica do petróleo no programa Revolushow, ao lado de Marianna Deus Deu (Brigadas Populares) e Caio Andrade (Unidade Classista). Coutinho criticou a exploração dos recursos naturais brasileiros para exportação por multinacionais, o que representa um novo ciclo colonial e beneficia, além das multinacionais, o capital financeiro internacional.
Para o vice-presidente da AEPET, a melhor opção seria resgatar a Petrobrás para sua missão histórica, que é garantir o abastecimento do mercado interno aos menores preços possíveis e impulsionar o desenvolvimento valorizando o conteúdo local, ou seja, retendo a renda do petróleo no país. Coutinho ponderou que, entre as 25 maiores companhias de petróleo, 19 são estatais. Além disso, entre as cinco maiores petroleiras do mundo, quatro são estatais.
"Os antigos feitores e senhores de engenho são hoje os executivos de multinacionais que bucam parasitar nossos recursos para exportar da forma mais barata possível para os centros do capitalismo mundial".
Petróleo não vai perder valor
O vice-presidente da AEPET mostrou que existe relação entre desenvolvimento, qualidade de vida e consumo de energia. Nos EUA e na Noruega, por exemplo, esse consumo é aproximadamente seis vezes maior que no Brasil, o que revela a importância do pré-sal e da Petrobrás para a superação do subdesenvolvimento. No entanto, a empresa tem tomado o caminho inverso, pois apesar de praticar preços internacionais, vem perdendo mercado e investindo menos, com menor geração de caixa.
"Entre 2009 e 2014, a Petrobrás investiu US$ 300 bilhões, uma média de US$ 50 bilhões anuais. Historicamente, esta média é de US$ 20 bilhões por ano. Hoje está em US$ 11 bilhões", comparou, frisando que no Brasil não existe monopólio de refino nem do mercado de combustíveis.
Segundo Coutinho, foi um erro a opção da Petrobrás por se retirar do segmento do mercado de energias potencialmente renováveis, mas lembrou que elas estão muito longe de substituir o petróleo, pois, são de baixa qualidade, representam ínfima parcela da matriz energética e custam mais caro, além de dependerem de complementação pelo carvão, gás e petróleo. "Não são confiáveis (dependem das condições da natureza, como chuva e sol) e não se pode suprir o mercado de energia primária por fontes não confiáveis", resumiu, acrescentando que os combustíveis fósseis ainda respondem por mais de 80% da matriz mundial.
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