Em sua participação no programa Duplo Expresso desta quinta-feira (23), o presidente da AEPET, Felipe Coutinho, classificou como "uma gota d'água em um oceano de necessidades" o plano "Pró-Brasil", anunciado pelo governo, que prevê investimentos da ordem de R$ 30 bilhões, até 2022, em obras públicas visando à retomada da atividade econômica.
"Para países com pequena participação do Estado na economia não adianta nem dobrar ou triplicar os investimentos", disse Coutinho, ponderando que mesmo o sucesso das medidas keynesianas adotadas após a depressão de 1929 foi fortemente influenciado pela economia de guerra, algo difícil hoje em dia, devido ao risco nuclear em um eventual conflito mundial.
Sobre a acentuada queda nos preços do petróleo, o presidente da AEPET apontou aspectos conjunturais e estruturais. "OPEP e Rússia não chegaram a um acordo para reduzir a produção em virtude da pandemia e redução da demanda. Nesses momentos há sempre uma disputa entre os produtores, pois somente os mais eficientes sobrevivem", disse, apontando também como fator conjuntural o limite da capacidade de estocagem do petróleo, que levou muitos compradores a "se livrarem dos contratos", devido à obrigação de retirar, no futuro, o petróleo comprado hoje.
Quanto aos aspectos estruturais, Coutinho observa que as crises cíclicas do capitalismo passam necessariamente pela destruição de capital e falência das empresas menos competitivas. "No ciclo seguinte, as mais eficientes tendem a aumentar sua lucratividade". Devido à baixa qualidade de seus reservatórios, que demandam investimentos altos e permanentes, a indústria petrolífera do folhelho (shale) está entre as mais ineficientes, segundo Coutinho.
"Impulsionada artificialmente pelo baixo custo do dinheiro, essa indústria sempre teve geração de caixa líquida negativa, mesmo com o preço do petróleo mais alto. Até aqui, ganharam os bancos e fornecedores, mas a própria indústria nunca foi capaz de remunerar acionistas a partir da sua atividade produtiva. Se não vier socorro do Estado haverá uma onda de falências", advertiu.
Clique abaixo para ler os artigos do presidente da AEPET sobre os preços do petróleo
- O preço do petróleo e o sinal dos tempos
- O fim do petróleo barato (de se produzir) e do mundo que conhecemos
Petrobrás integrada
Nesse contexto, uma Petrobrás vertical e nacionalmente integrada traz grande vantagem relativa para a economia brasileira, devido ao potencial de abastecimento aos menores custos possíveis e maior estabilidade dos preços.
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Comentários
Quando se dizia que não seria um bom negócio a parceria da EMBRAER com a BOEING, o governo teimou e fez.
Agora com o negócio desfeito, será o que vão dizer com este prejuízo milionário, será que vai acontecer igual a Petrobras que fez acordo por conta da “pressão” isso é o que dá acreditar num parceiro ganancioso e blindado.
Será que se pode falar em ética de alguém que pirateia carga de respiradores rumo ao Brasil?
E aí quem vai pagar essa conta já que entrar na justiça provavelmente não vai dar em nada.